domingo, 8 de julho de 2012

Maioridade Penal

 

 "A impunidade não salva da pena e castigo merecido; retarda-o para o fazer mais grave pela reincidência e agravação das culpas e crimes subsequentes.”
  (Marquês de Maricá)

  A advogada Renata Fabiana de Campos Moraes, 38 anos, deu carona a prima, ao parar o carro foi abordada pelo ladrão, assustada fez algum movimento brusco, o marginal atirou.
  A advogada está morta.

  “Um dos adolescentes, de 17 anos, foi detido pela polícia do 95º Distrito Policial (DP de Heliópolis) hoje pela manhã, e confessou ter participado do crime, mas negou ter atirado na vítima.
  Em depoimento, ele contou que foi convidado por um amigo - o outro adolescente que está foragido - para dar um "rolê" de carro (que havia sido roubado) com outras duas pessoas, mas que não sabia que o grupo iria participar de um assalto - ele não tem antecedentes criminais.”

  Só mais um caso que quando esse texto for publicado estará esquecido.
  Minhas filhas naturalmente idolatram a mãe a amam perdidamente.
  Eu tremo só de imaginar que aquela mulher, uma desconhecida para mim, poderia muito bem ser minha esposa.
  Sim minha esposa dirige, sim dá carona a parentes e amigos, sim em Campinas há assaltos.
  Você que leu essa notícia deve ter esquecido em meio tantas outras, mas a família ficou marcada para sempre, uma criança perdeu a mãe.

  Uma mãe e sua criança é algo tão comum que custo a acreditar que o restante da sociedade não consiga se colocar no lugar de quem sofreu essa terrível violência.
  Se fosse eu a sofrer a violência, poucas pessoas saberiam que eu morri, se muito seria uma nota no jornal, mas de certo a dor provocada em meus familiares seria terrível.

  Todos sabemos que vamos morrer um dia, mas ter a vida interrompida tão selvagemente é difícil aceitar.

  Minha esposa é cheia de vida, cheia de luz, uma pessoa muito querida por inúmeras pessoas a dor seria inimaginável.
  Estou insistindo em falar da minha família, no entanto quero que você pense profundamente na SUA família, imagine que aquela advogada que levou um tiro fosse alguém muito querido em sua vida, porque de certo a advogada era querida de muitos.

 Por motivos óbvios uma notícia como esta não é só mais uma notícia para mim, não é uma notícia que será facilmente esquecida.
 Até hoje lembro com tristeza o caso “João Hélio” ...é eu sei poucos se lembram.

 O que me provocou a escrever esse texto foi assistir no YouTube um vídeo (não está mais disponível) onde a prima que recebeu a carona se “sentiu aliviada” ao confrontar o bandido e lhe dizer umas “verdades”.

  Tanta ingenuidade me irrita, me deixa mais triste.
  O marginal é menor, não ficará mais que 3 anos detido.

  A moça realmente acredita que depois do seu sermão o “menino” se arrependeu!?
   O indivíduo ficará com remorso para o resto da vida e nunca mais praticará um crime?
  Depois do crime cometido o “pobre garoto” até precisará de ajuda psiquiátrica para não tentar suicídio, precisará de muito amor e carinho para seguir com sua vida?

  Com crenças como dessa moça e da maioria de nossa sociedade é só questão de tempo para outra mãe ser morta, pode estar acontecendo neste momento, mas como não foi filmado nem aparecerá nos jornais o menor bandido não “encenará” o bendito arrependimento.
 O arrependimento só acontece em frente às câmeras de TV, onde eles se comportam como anjinhos.

  As pessoas dizem que sou frio, frio eu queria ser.
  Ver o assassinato de uma mãe e agir como se fosse apenas mais um caso como a maioria faz.
  Teria que aceitar que este garotinho de 17 anos é uma vítima da sociedade opressora burguesa, alguém que não tem sua personalidade bem formada.
  Teria que aceitar os dogmas “Freudianos”.

  Nessas situações gosto de ser diferente.
  Lamento que a Sociedade em que vivo não seja capaz de sentir a mesma dor que dói em meu peito, ter a mesma inconformidade com assassinatos ... até que o latrocínio ocorra em sua família.

  A prima se sentiu aliviada com o desabafo, falou umas verdades para o menor infrator.
  Difícil é a situação do outro menor, o filho da advogada Renata, nunca mais ouvirá uma única palavra da sua mãe... quem o conforta?
  A justiça?
  NÃO!

                                                     

    “A impunidade tolerada pressupõe cumplicidade."

  



  A maioridade penal deveria acontecer já aos 14 anos, raramente graves delitos são praticados antes dessa idade.

  Se o menor for devidamente encarcerado por roubo nessa idade com penas mais longas “talvez” perceba que o crime não compensa e não cometa delitos maiores.

  O anjinho começa a furtar com 12 anos, não dá nada, com 16, 17 mata e também não dá nada, depois de 6 anos na vida do crime sem grandes consequências isso virá “profissão”.

  A grande maioria dos assaltos não são solucionados, muitas vítimas nem dão queixa porque dependendo do valor do roubo a perda de tempo na delegacia não compensa.
  Assim, em geral, o roubo traz muito mais alegria ao menor que tristeza.
  Pense bem, em uma “noite de trabalho” o menor consegue 500 reais.
  (Noite é modo de dizer, as ações duram pouco minutos e acontecem a qualquer hora do dia ou da noite.)
  Coisa que nunca conseguiria em um trabalho formal, caso fosse permitido trabalhar com “carteira assinada” aos 14 anos.

  Percebam que ao sermos tão brandos, compreensivos com delitos praticados por menores estamos reforçando grandemente seu comportamento negativo.

  Não gostaria de ter que publicar esse texto triste, mas é a matemática das coisas, “sinta” a Matemática.
  Quando ocorre um assalto onde não acontece morte as pessoas dizem “foi só dinheiro”.

  Caraca!
  Dinheiro não é só um pedaço de papel, são horas que você passa trabalhando.

  Se você ganha R$1500,00 por mês dividindo por 30 dias dá 50 reais por dia.
 (Você só tem direito ao descanso remunerado se não faltar sem atestado)
  Se o marginal te rouba 100 reais são 2 dias de trabalho, 2 dias de VIDA.

  Se roubar seu celular, bicicleta, moto, carro...
  Um celular razoável custa em média 500 reais, são 10 dias de vida que o marginal leva.

  Precisamos de mais presídios, prendamos mais marginais para que tenhamos mais VIDA.

   Entendam que para cada menor (ou maior) assassino que vocês protegem, um menor ou vários menores de bem ficam desprotegidos, sem o pai, sem a mãe.

  Termino essa meditação com um pedido desesperado:

       PROTEJAM OS MENORES CERTOS!

  

   Vida Longa e Próspera para nossas “BOAS” crianças e adolescentes, a grande maioria que não será afetada negativamente pela redução da maioridade penal porque NÃO COMETEM CRIMES.




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4 comentários:

  1. turbilhão 1.016,de bom dia,8 de julho de 2012 às 09:43

    Não esqueci o caso do menino João Hélio.
    Trabalhei num departamento de sinistros,muitos anos atrás,e nunca vi nos processos analisados,a ocorrência de uma morte.
    O bandido interessado no carro,não prejudicava a vítima.
    O máximo que ocorria,era o meliante andar alguns quilômetros com o dono(ou a dona) do veículo,e deixá-lo(a) numa estrada abandonada.
    Então,aquela notícia me surpreendeu.
    (lembra do quanto falamos nisso,no gd do Terra?)

    Inteiramente empática aos que perdem os parentes,concordo em parte,com a redução da maioridade penal,mas desejando que o infrator fique primeiro na Febem,e que vá para a cadeia aos vinte e um anos.
    Estou tendo outra "idéia diferente".
    Criminosos mirins poderiam ficar presos até os vinte e seis anos,pois é nessa idade que a adultez começa.(fato comprovável em exames neurológicos)

    Aos vinte e seis anos,não se fazem mais as tranqueiras que são feitas aos dezesseis.
    Adolescentes que aprenderam a ser bandidos, mas que ainda poderiam perder o interesse nessa "atividade",mesmo assim,por compulsão,continuarão a ser bandidos,enquanto forem adolescentes.
    Na fase adulta, terão mais poder sobre si mesmos,e tal deveria ser considerado,se a Sociedade continuar achando que os infratores juvenis "merecem uma segunda chance de vida normal".

    Se bem que...
    a punição "para o resto da vida" também estaria de acordo com o "pacto social",que exige das pessoas,o respeito às leis-,e serviria de exemplo aos outros menores criminosos.

    O sr.disse uma frase comovedora no final.
    Ih,nem adianta querer isso.
    O "Estado" e a "Sociedade" apenas fingem se responsabilizar pela criança.

    Ninguém tem interesse no bem estar dos "nossos filhos",que precisam de uma vida restrita,para a própria proteção,enquanto os bandidos podem circular por aí.
    Os governos liberais daqui,não cumprem o que prometem.
    Nem garantem uma educação formal que funcione para o que precisa.
    Em muitos estados da federação, as pessoas passam fome- as crianças crescem mal por causa disso,e os políticos locais se mostram insensíveis.
    Alguns desses cidadãos vêm para a região Sudeste,e acabam "enviando sem querer" seus filhos,para o banditismo.

    Não vejo muito futuro para nós,embora vez por outra,eu tente ecoar boas esperanças,achando que ainda teremos tempo de "aumentar o nosso Q.I".
    Não sei se teremos gerações futuras,com a cidadania brasileira.

    Sinceramente,quando vejo as notícias no jornais ou na televisão,tenho vergonha de me olhar no espelho...

    Mas,espelhos são os instrumentos mais úteis que existem,a partir dos quais a vergonha pode assumir um potencial assertivo.

    Todavia,desejo um domingo "sem grilos" a todos.
    Vamos reservar nossas forças,para usá-las melhor,nos dias úteis.
    Aliás,amanhã é feriado...
    muitos devem estar passeando,apesar do tempo feioso.

    Até breve ao sr.,e aos demais.

    °°°°°°°°°°°°

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  2. Sobre isto, eu entendo que é importante trazer a realidade da morte para nossas vidas nas atividades que faremos durante o dia. Se pensar sobre a morte nos ajuda a sermos mais assertivos e astutos nas ações corriqueiras.

    É um acalento pensar que eu ou voce pode não estar vivo amanha.

    Eu compreendo o seu medo por sair de casa. Mas não é cercando os muros que estaremos livres de sermos atacados, como poderia pensar um senhor em sua nova casa.
    A inteligência deste deve fazê-lo admirar com certa frieza o terror que o espreita. Isto o fará viver mais anos.

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  3. “Eu compreendo o seu medo por sair de casa. Mas não é cercando os muros que estaremos livres de sermos atacados,” [Daniel]
    -~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~~-~~----
    Hummm... embora a violência seja algo desagradável não é algo que me intimide de sair de casa, afinal nunca fui assaltado ou cheguei a ser agredido na fase adulta.
    Minha dificuldade é encontrar tanta falta de lógica, tantas ações sem sentido.
    Aqui dentro da minha casa não é o “muro” que mantém as coisas em uma harmonia aceitável é o meu poder sobre as circunstancias, lá fora eu não tenho poder sobre as circunstancias tenho que me contentar com o autocontrole.
    Um exemplo simples , mas didático.
    Aqui em casa se minhas filhas jogam papel no chão ou deixam algo fora do lugar eu posso ser enérgico com elas e mandar catar, lá fora isto não é possível.
    Para amarrar no texto de hoje, eu vejo minha filha de 12 anos como responsável por seus atos se ela roubar alguma coisa no supermercado não culparei a TV, a educação que eu dei, a sociedade opressora, seus amigos... enfim, minha filha sabe que não devemos roubar se ela optou por roubar deve arcar com as conseqüências, será castigada impedida de sair um bom tempo de casa, lá fora não, eu tenho que aceitar que um menor infrator não é responsável por seus atos e que qualquer crime que ele cometa é desculpável por conta da idade.

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  4. boa madrugada a vcs9 de julho de 2012 às 03:29

    Depois de uns anos sem sair de casa à noite(na última vez,um passante me empurrou na frente de uma igreja católica),um pouco relutante,fui numa festa,anteontem,sábado.
    Dessa fez,tudo ocorreu bem.

    Eu não preciso ingerir álcool,para ficar um pouco "histérica" à medida que as horas passam.
    No final,eu estava dando risada,e até dançando.

    Mas ficou o cansaço.
    Ontem,tentei estar aqui de dia,mas foi sentar aqui,dormi- por uma hora.
    Precisei voltar ao serviço.

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