sexta-feira, 23 de março de 2012

Crença X Medo da Morte



                                                     


 “Sapiens não inventaram a existência de espíritos.
  Provavelmente, foram os primeiros inteligentes o bastante para os perceberem.”


(William Robson)


   Lendo a revista Veja, encontrei esse comentário de um filosofo inglês.
   
  
  “Se um milagre nos desse a vida eterna a civilização tal qual a conhecemos estaria irremediavelmente destruída.
   Grande parte do que fazemos é com base na esperança de vencer a morte.
   O que faríamos se não fosse mais preciso rezar, criar arte nem fazer pesquisas cientificas?”
   (Sthepen Cave)


  Caraca!
  Se fossemos eternos nossa civilização seria diferente?
  Se o cara não fala ... 😏
  Mas vamos aceitar essa provocação mental.

  Porque deixaríamos de criar arte ou fazer pesquisas cientificas!?
  Com o fim da morte não iríamos mais apreciar uma bela pintura ou não desenvolveríamos maquinas para tornar a vida mais fácil!?

   Vamos fazer o caminho inverso do pensamento proposto.

   Se você tivesse nesse momento absoluta certeza que a morte é o fim, somos  apenas organismos biológicos.
   O que mudaria em sua vida?

   (Pense um pouco sobre isso antes de prosseguir o texto.)

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

  Se você hoje se tornasse completamente ateu.

  Seu medo da morte deixaria de existir?
  Aposto que não, como qualquer outro animal queremos nos manter vivos.

  Você desejaria morrer?
  A depressão em muitos humanos não deixaria de ocorrer, mas no geral, gozando de boa saúde, não faz sentido se desesperar e reduzir ainda mais seu tempo de vida.
  Nosso instinto de sobrevivência continuaria imperativo.

  Deixaria de gostar dos colegas?
  Não vejo nenhum motivo para isso.

  Sairia por aí matando e roubando?
  Se você não tem a índole de fazer mal as pessoas acredito que iria respeitar a vida e trabalhar como faz hoje.

  Enfim, se eu tivesse absoluta certeza que sou apenas um organismo biológico minha vida NÃO MUDARIA grande coisa.
 
  E os humanos religiosos?
  Com a certeza que estamos completamente sós, ir a igreja não faria mais sentido.
  Entretanto, a não ser que o individuo seja algum líder religioso, o crente já passa pouco tempo na igreja.
  É um ou dois cultos por semana.
  O tempo gasto na igreja seria usado para outras coisas que já fazem parte da vida, ouvir musica, assistir TV, arrumar a casa, conversar...

  Percebam que não seria o fim do mundo.
  A falta de religiosidade não seria o fim da vida em sociedade porque inúmeros mamíferos vivem deste jeito, organizados em grupos, com o homem não seria diferente, já vivíamos em grupo antes de sermos religiosos.

    Inúmeros pensadores defendem que criamos deuses/espíritos em nossa mente devido ao medo da morte.

  Penso diferente.

  Defendo que nossa crença em espíritos vem de observarmos a subversão da lógica, parece haver  interferências alterando uma sequência natural de eventos.

  Não consta que nenhum outro animal na Terra além do homem seja religioso e no entanto todos eles seguem suas vidas até morrer.

  Convivo e convivi com inúmeras pessoas que não frequentam igrejas, até falam que acreditam em Deus, mas raramente fazem uma oração, são boas pessoas, cumpridoras das suas funções, são tão decentes quanto qualquer "crente igrejeiro".

  Tive contato com ateus, não tenho como dizer que são pessoas desprezíveis, são até bastante agradáveis porque não são tão moralistas, não tem assunto proibido.

  Logo, essa história que criamos a crença em espíritos por medo da morte não é observável, não se sustenta.

  Sapiens não inventaram a existência de espíritos, foram os primeiros inteligentes o bastante para os perceberem.

  A humanidade não tem e não tinha necessidade de se pendurar em um apoio mental chamado religião, mas se o apoio apareceu tiramos proveito.

  No contato com "espíritos" obtivemos alguns resultados como proteção e instrução.
  Uma mentira, uma ilusão, não alcançaria a tantos por tanto tempo,  é improvável.
  Eu acreditar que posso voar não me fará voar, se eu pular pela janela irei me esborrachar no chão.
  Eu acreditar que um espirito me protege não me fará ser protegido caso espíritos não existam.

  Mais uma vez ficamos diante daquela situação que comento tanto.
  Os teístas (espiritualistas) deveriam ser muito inferiores aos ateus (materialistas).
  Se a proteção que religiosos pensam que tem é só ilusão isso os tornaria menos adaptados e não melhor adaptados.

  Imagine dois exércitos, um tem a ilusão que esta com colete a prova de balas e se arrisca muito mais.
  O outro exército sabe que não tem proteção nenhuma então corre menos riscos.
  A ousadia pode fazer o imprudente exército religioso ganhar uma ou outra batalha, mas o exército ateu muito mais prudente, muito mais ciente de suas limitações ganharia a maioria das batalhas, venceria facilmente a guerra ideológica.




  Veja um fato histórico:

  A URSS desde 1922 tornou-se um Estado ateísta.
  Em 1934, 28% das igrejas ortodoxas cristãs, 42% das mesquitas muçulmanas e 52% das sinagogas judaicas foram fechadas na URSS.
  O ateísmo na URSS era baseado na ideologia marxista-leninista.
  Tal como o fundador do Estado soviético, Lenin falou o seguinte sobre a URSS e as religiões:


  “A religião é o ópio do povo.
    Este ditado de Marx é a pedra angular de toda a ideologia do marxismo sobre religião.
   Todas as modernas religiões e igrejas, todos (…) os tipos de organizações religiosas são sempre considerados pelo marxismo como órgãos de reação burguesa, usados para a proteção da exploração e o assombro da classe trabalhadora."


   O Marxismo-leninismo tem defendido firmemente o controle, repressão, e, em última análise, a eliminação das crenças religiosas.
   Dentro de cerca de um ano da revolução o estado expropriou todos os bens da Igreja, incluindo as próprias igrejas, e no período de 1922 a 1926, 28 bispos Ortodoxos Russos e mais de 1.200 sacerdotes foram mortos (um número muito maior foi objeto de perseguição).
  Wikipédia

  Na história da humanidade, antes do Sapiens passamos a maior parte de nossa existência sem reconhecer a existência de espíritos e mesmo a percepção de espíritos pelos Sapiens é algo “aparentemente” recente e coincidiu com uma grande explosão tecnológica.
  Na história moderna as nações que pretendiam o ateísmo deveriam ser hoje o ápice da evolução mental e tecnológica humana, mais uma vez isso não ocorreu.

  Para mim fica bem claro que nossa crença em espíritos não é fruto de ilusão, mas de percepção.









✧✧✧