terça-feira, 27 de março de 2012

Individuo Estranho



                                                     

  

 “A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras.

  Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar.”

  (Einstein)


  

  Quando crianças e adolescentes, conhecemos tão pouco da vida que é natural não questionarmos muito o que nossos pais dizem ou o que lemos nos livros disponíveis.

  Se você entra no carro e não sabe dirigir é melhor confiar no motorista, não pedir muitas explicações as quais não tem base para entender.
  É preciso observar bastante, adquirir conhecimento, até para fazer as perguntas certas, que realmente importam.

   Nos meu debates é comum me mandarem "estudar", ler algum livro.
   (Assistir um vídeo, ir à igreja que frequentam...)

  Quando usam um bom argumento e sugerem a leitura como complemento ... tudo bem.
  Mas quando simplesmente pedem para eu buscar resposta na fonte que elas indicam para depois debater com elas ... nem perco meu tempo.

  Deduzo que o indivíduo leu algo que gostou, mas não pensou.
  Não consegue nem apresentar um bom argumento baseado no que leu!?

   É evidente que ao ler um conto, romance, ficção; ser transportado para o mundo que o autor está propondo é indispensável para nos DISTRAIRMOS, sentirmos a história.

  Em se tratando de livros que pretendem passar uma mensagem, discutir um assunto, analisar situações é preciso DISTANCIAMENTO CRÍTICO.

  O autor é uma pessoa, não um “deus sabedor de tudo”.
  Ele está te passando um conhecimento, uma ideia/opinião.
  É preciso verificar em outras fontes se o conhecimento procede.
  É preciso meditar sobre as propostas dele e verificar diante de tudo que conhecemos e “vivemos” até que ponto concordamos ou discordamos.

  Senão saímos por aí repetindo feito papagaios algo que achamos bonito (mas que não funciona na pratica) ou que chegou até nós por tradição.

  Exemplo prático:

  Estava em um grupo de pessoas esperando por um treinamento prestes a começar.
  Um colega citando o livro de autoajuda disse:

  “Só valorizamos uma coisa quando lutamos para obtê-la.”

  Eu estava quieto no meu canto, mas como ele sabia que gosto de Filosofia resolveu me cutucar:

Colega: “Não é verdade William?”

   Sei Lá!
  Eu gosto e valorizo as coisas fáceis.
  Quem não valoriza o fácil deve se perguntar porque!?

  Você precisa de um carro, ganha em sorteio, vai ficar triste com isso?
  Não irá valorizar?
  Se financiar o veículo em 36 meses, pagar juros altos, trabalhar bastante para quitar o carnê ... o carro tem valor, se ganhar do pai ou em sorteio não!?

  Um carro no valor de 30 mil, é um carro no valor de 30 mil.
  Se eu paguei do meu bolso ou ganhei não muda o valor do carro.

  Pessoas que valorizam o difícil, sentem um certo prazer no sofrimento, são masoquistas.
  Ou repetem (por tradição ou sem pensar) algo que em uma atitude “lógica” não deveria ser assim.

 Colega: “Ah, mas eu vejo que o que as pessoas ganham fácil não cuidam com o mesmo zelo.”

   Como sugeri, o problema está na atitude da pessoa, não no valor das coisas.
   Imagine que você ache 100 reais ali no corredor.
   Deixa de ser 100 reais porque veio fácil?
   Se você vai gastar com besteira é por sua conta, a nota de 100 reais não tem nada a ver com isso 😏.

  O treinamento começou e nosso papo foi interrompido.


  Para concluir essa meditação...

  Não vou ficar aqui determinando o que é mais certo ou menos certo, mais errado ou menos errado, vou falar do que acho ESTRANHO.

  Se eu me caso é desejável que consiga uma casa.
  Ela pode ser adquirida com financiamento bem longo, muito trabalho, nessa situação claro que vou valorizar minha casa, meu lar “conquistado” com tanto esforço.

  Suponhamos que o pai de minha noiva é um homem de posses, resolve nos dar uma casa de presente, de qualquer forma estarei em meu lar, porque não devo valoriza-lo?
  Acho estranho não valorizar meu lar porque  veio fácil, sem luta.
  Foi um presente do amor de um pai para sua filha que espera que eu a faça feliz, resolveu até nos dar uma forcinha.
  Não sei como alguém pode ver algum problema nisso!
  Se eu não valorizar um gesto desse, o problema está em mim.

  Se eu analisar racionalmente, entender que meu sogro tem alguma intenção “negativa” de intervir no relacionamento mais do que seria aceitável e o presente é um “Cavalo de Tróia” é outra situação.
  Aqui estamos falando do que “vem fácil”, um presente, uma sorte.

  Me veio à mente mais um complemento.

  Moramos em um país com abundância de água.   
  Muitas pessoas a desperdiçam, por ser “fácil” não “valorizam”.
  Para alguém com boa evolução mental, CIVILIZADO, a água tem um valor em si, é o liquido mais precioso do planeta para nossa forma de vida.
  Pessoas riem ou me acham maluco quando me pedem para falar sobre algo lindo e eu digo:

   “Abrir a torneira e ver água potável sair.”

  É uma tecnologia humana magnifica, um liquido de valor incalculável.
  Ouro, diamante, prata ... não me causam o mesmo encantamento.

  Não desperdiço água.
  Embora tenha acesso fácil a ela, não tem liquido que eu valorize mais.

  O indivíduo que não valoriza o fácil e abundante só porque é fácil e abundante ... é ESTRANHO pra mim!




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