segunda-feira, 5 de março de 2012

Acontecimentos mantêm Crenças


😒“Metade dos britânicos já não tem religião.”
      (Blog Paulo Lopes)

  Faz anos que não frequento nenhuma religião.

  Faz mais tempo ainda que não tenho nenhum livro como sagrado.
  A Bíblia é o relato das ideias que os antigos tinham sobre Deus de acordo com o nível de conhecimento na época.

  Mesmo sem religião ou crença em algum livro sagrado estou longe de me declarar ateu.

  Para ser ateu eu teria que acreditar cegamente em coincidências e não consigo acreditar cegamente em nada.

  Vi acontecimentos na vida de outros muito instigantes.
  Eu próprio vivi situações no mínimo curiosas.

  Certa vez precisava muito mudar meu turno de trabalho para continuar a estudar, minha mãe fez uma “promessa” a Nossa Senhora de Aparecida e coincidentemente, por “acaso”, aconteceu.

  Outra vez estava desesperado a ponto de pôr fim a própria vida pela miséria extrema em minha casa, depois de uma oração tomando coragem para me jogar de baixo de um ônibus, “coincidentemente”, por acaso, encontrei algum dinheiro caído na calçada, aliviou a pressão daquele dia e ... bem ainda estou aqui.

   “Foram coincidências e pronto, não pense mais nisso.”
  (Dizem os ateus)

  E se não forem coincidências?
  Outras inteligências agirem nesse planeta.

   Lembrei de Blaise Pascal.

  "Pascal foi decisivamente marcado por um acontecimento, que determinou a mudança de sua trajetória espiritual: o milagre do Santo Espinho.
  O fato é narrado pela irmã de Pascal, Gilberte Périer:

  "Foi por esse tempo que aprouve a Deus curar minha filha de uma fístula lacrimal que a afligia havia três anos e meio.
  Essa fístula era maligna e os maiores cirurgiões de Paris consideravam incurável; e enfim Deus permitiu que ela se curasse tocando o Santo Espinho que existe em Port-Royal, esse milagre foi atestado por vários cirurgiões e médicos, e reconhecido pelo juízo solene da Igreja".




  A cura de sua sobrinha e afilhada repercutiu profundamente em Pascal:

  "... ele ficou emocionado com o milagre porque nele Deus era glorificado e porque ocorria num tempo em que a fé da maioria era medíocre.    
  A alegria que experimentou foi tão grande que se sentiu completamente penetrado por ela, e, como seu espírito ocupava-se de tudo com muita reflexão, esse milagre foi a ocasião para que nele se produzissem muitos pensamentos importantes sobre milagres em geral".

    As análises sobre o milagre são fundamentais no pensamento de Pascal, pois determinam o centro de todas as suas reflexões religiosas e filosóficas"



   Já escrevi vários textos provocados por meu amigo Blaise, grande pensador.
   Muitos estranham o fato desse grande matemático virar religioso fanático.

  Os religiosos defendem esse acontecimento como grande trunfo e os antirreligiosos sugerem que ele tenha passado por um período de insanidade. 

  A irmã do cara foi uma grande mentirosa?
  A sobrinha conseguia fingir a doença?
  Foi uma conspiração enorme entre médicos e igreja?
  A doença regrediu espontaneamente ao acaso?

  Sim podemos considerar todas essas hipóteses, mas porque eliminar a hipótese que algo de muito diferente aconteceu, um milagre?

  Blaise tinha um intelecto superior até o dia que passou a defender a espiritualidade, daí foi considerado insano doente?



  Ele viveu uma experiência que muitos vivem.
  Acredito que e esse tipo de experiência é que mantem a fé das pessoas ou pelo menos a especulação que há algo a mais.
   Mais que a pressão cultural de nascença ou medo da morte.

    A cura da sobrinha de Blaise foi algo excepcional para ele, abalou sua "descrença".

  Acontecimentos "improváveis" positivos abalam nossa descrença.
  Os negativos também...

  Puxei pela memória a primeira ocorrência paranormal que consegui me lembrar.
  É antiga, ainda morava no quintal da minha vó Timira.

  Meu tio Jorge tinha algum relacionamento com uma moça aparentemente normal, não lembro mais o nome dela.
  Certa vez, em uma tarde assustadora, alguma entidade começou a aparecer para ela.
  A moça ficava em transe falando coisas desconexas ou ameaçando pessoas que naquele momento estavam tentando afastar a entidade dela.
  Eu e meu primo Mauricio fomos retirados do local, ele era corajoso queria ficar, eu ...não precisou nem mandar 😏.
  (Só não sai correndo desde o início porque meu primo acreditava que eu era corajoso também, não quis decepcioná-lo, coisa de criança.)

  O importante é que você não quer usar calçado até que alguém próximo corta o pé ou você mesmo pisa em algum espinho.
  Até ali podemos dizer que minha religiosidade era fruto da tradição dos meus pais.
  Mas ao ver minha tia assombrada por entidades, comecei a orar mais para que o mesmo não acontecesse comigo ... vesti o calçado da religiosidade.

  Vindo para o presente...

     Nos sites ateus é dito que:
    “O Diabo não entra neles”.

  Isso é algo que observei.
  Das várias “possessões” que presenciei, a grande maioria dos indivíduos, de alguma forma, de livre espontânea vontade, participou de algum ritual.
  A família do meu pai frequentava bastante terreiros de Umbanda (na minha infância).

  Já conheci pessoas com (vamos dizer) “dons mediúnicos” que procuraram ajuda devido a manifestações desde a infância.
  No entanto uns 95% dos casos que vi, os indivíduos em algum momento “abriram seu corpo” para esse tipo de visita, e sabe como é, por vezes a visita não quer mais ir embora...

  Cheguei à conclusão que para não ter nenhum contato mais direto com entidades o melhor é não participar de nenhum tipo de ritual que as convide para uma visita 😏.
  Melhor até que depois de feito o convite se encher de orações para afasta-las.
  Ateus não abrem seus corpos para certas experiências então “O Diabo não entra neles”.

  Eu mantenho meu corpo fechado não participando de nenhum tipo de ritual.

  Esse texto está ficando longo, hora de forçar uma parada.

  A “religiosidade” se mantem por ocorrências instigantes.
  Que tipo de transe ocorre quando a pessoa abre o corpo?
  Uma pane cerebral ou alguma consciência “alienígena”?

  Tá, na TV ou em algum culto pode ser tudo encenação.
  Mas e quando acontece em casa com parentes próximos?
  Minha tia fez todo aquele teatro por horas!?

  E o lado positivo?
  Tantas pessoas vão a Aparecida (só um exemplo) agradecer por ocorrências aparentemente paranormais (milagres), tudo é fruto de alucinação coletiva!?

  Que Livre Pensador eu seria se tivesse fé cega nas coincidências?

  Conhecer a verdade é difícil, por isso a dúvida nos faz companhia, as incertezas nos aprisionam.



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