"A lógica é o princípio da sabedoria, não o seu fim."
(Spock)
(Spock)
Minha infância foi bem pobre, adolescência pobre, início da fase adulta pobre.
Continuo pobre, mas é aquela pobreza light.
Tenho casa própria, moro em bairro com boa
infraestrutura, pago aquelas contas básicas de manutenção da casa e supermercado
sem grande dificuldade.
Minha vida financeira melhorou quando recebi promoção
na fábrica de óculos.
Digamos que eu ganhava 1 salário e meio,
passei a ganhar 2 e meio.
O dinheiro a mais colocava na poupança.
As coisas que precisava pagava a vista ou em
parcelas sem juros como faço até hoje.
Para me permitir algum “luxo” o dinheiro já
tinha que estar disponível evitando pagar juros.
Com
muita disciplina financeira, mesmo ganhando pouco, meu dinheiro rende.
Estou escrevendo tudo isso para o leitor
visualizar a realidade da situação.
Alguns começaram a me achar rico porque
comprei uma moto bem usada e depois um Fiat 147😏.
Não os dois juntos, tive que vender a moto
para comprar o carro.
Nessa fase eu
estava Kardecista, minha família evangélica não aprovava essa situação.
Principalmente minhas irmãs diziam que eu não
tinha um contato
verdadeiro com Deus.
(Sem contar que o espiritismo seria coisa do demônio.)
Conseguiria esse contato maravilhoso, esse contato "verdadeiro com Deus", se eu
desapegasse da matéria, perdesse meus bens.
(Minha
família dizia que me tornei muito materialista, só pensava em dinheiro,
consumismo.)
Caraca, tanta luta pra conseguir alguma
coisinha e isso era minha perdição!?
E todos meus anos de miséria?
Porque não aconteceu esse contato verdadeiro
com Deus!?
Eu orava bastante, ia nas reuniões do Centro Kardecista toda semana, fazia muita caridade, por vezes mais de dez por cento do meu
rendimento.
(Alguma
campanha de arrecadação para cestas básicas.)
No meu entendimento eu tinha um contato
verdadeiro.
Para minha família não, se eu algum dia
tivesse tido um contado verdadeiro com Deus não deixaria de ser evangélico.
Minha impressão é que muitos desejavam que eu passasse grandes dificuldades só para voltar a ser evangélico.
De uma certa forma
o desejo de muitos foi atendido, a “praga pegou”.
"Deus" ouviu suas preces ....
Em 2005 minha vida
econômica desandou, fiquei desempregado.
Depois de muito prejuízo em um negócio que
abri, minha reserva financeira foi a zero, foram mais de 2 anos de choro e ranger de
dentes.
Me desfiz do pequeno comércio, para ter alguma
renda aceitei serviços que pagavam bem pouco.
Pegava o que aparecia, voltei ao salário mínimo
do começo da minha vida profissional
Foi um terrível choque.
A situação só não
ficou mais crítica porque minha esposa estava razoavelmente bem empregada.
Eu colocava o básico em casa.
Algum complemento ou “luxo” ficava por conta
dela.
As dificuldades me fizeram voltar a ser evangélico,
como queriam meus familiares?
Confesso que quando vi todas minhas economias
de anos perdidas, até meus títulos de capitalização foram resgatados e gastos
... bateu um desespero terrível.
Uma tristeza tão profunda.
Não queria que tanta amargura chegasse até
minha esposa e filhas, mas era difícil.
Perambulei por algumas igrejas conhecidas.
Ouvia a pregação dos pastores, mas sentia que
aquilo não tinha mais nada a ver comigo.
A única boa lembrança foi uma ida a Universal,
culto muito emocionante.
(Apesar de pedirem doações insistentemente em vários momentos.)
Além do mais eu não
precisava de palavras de incentivo precisava me sentir protegido.
Tantas dificuldades me levaram a ter um “contato
verdadeiro com Deus”?
Se a verdade for o evangelismo ... não.
Nunca estive tão longe.
Mas me levaram para uma condição fascinante.
Contato profundo com a lógica.
Me perguntaram como foi desistir de ter religião?
⇩⇩
✧✧✧
.