terça-feira, 6 de março de 2012

Contato verdadeiro com Deus

  "A lógica é o princípio da sabedoria, não o seu fim."
[Spock]


  Minha infância foi bem pobre, adolescência pobre, início da fase adulta pobre.
 
  Continuo pobre, mas é aquela pobreza light.
  Tenho casa própria, moro em bairro com boa infraestrutura, pago aquelas contas básicas de manutenção da casa e supermercado sem grande dificuldade.

  Minha vida financeira melhorou quando recebi promoção na fábrica de óculos.
  Digamos que eu ganhava 1 salário e meio, passei a ganhar 2 e meio.
  O dinheiro a mais colocava na poupança.
  As coisa que precisava pagava a vista ou em parcelas sem juros como faço até hoje.
  Para me permitir algum “luxo” o dinheiro já tinha que estar disponível.

  Com muita disciplina financeira, mesmo ganhando pouco, meu dinheiro rende.
  Estou escrevendo tudo isso para o leitor visualizar a realidade da situação.

  Alguns começaram a me achar rico porque comprei uma moto bem usada e depois um Fiat 147.
😆
  Não os dois juntos, tive que vender a moto para comprar o carro.


  Nessa fase eu estava Kardecista, minha família evangélica não aprovava essa situação.
  Principalmente minhas irmãs diziam que eu não tinha um contato verdadeiro com Deus.
 (Sem contar que o espiritismo é coisa do demônio)

  Conseguiria esse contato maravilhoso se eu desapegasse da matéria, perdesse meus bens.
 (Minha família dizia que me tornei muito materialista, só pensava em dinheiro, consumismo.)

  Caraca, tanta luta pra conseguir alguma coisinha e isso era minha perdição!?
  E todos meus anos de miséria?
  Porque não aconteceu esse contato verdadeiro com Deus!?

  Eu orava bastante, ia nas reuniões do Centro toda semana, fazia muita caridade, por vezes mais de dez por cento do meu rendimento.
 (Alguma campanha de arrecadação para cestas básicas.)
  No meu entendimento eu tinha um contato verdadeiro.

  Para minha família não, se eu algum dia tivesse tido um contado verdadeiro com Deus não deixaria de ser evangélico.

  Minha impressão é que muitos desejavam que eu passasse grandes dificuldades só para voltar a ser evangélico.


  De uma certa forma o desejo das pessoas foi satisfeito, a “praga pegou”.  

  Em 2005 minha vida econômica desandou, fiquei desempregado.
  Depois de muito prejuízo em um negócio que abri, minha reserva financeira foi a zero, foram 2 anos de choro e ranger de dentes.

  Me desfiz do pequeno comércio, para ter alguma renda aceitei serviços que pagavam bem pouco.   
  Pegava o que aparecia, voltei ao salário mínimo do começo da minha vida profissional
  Foi um terrível choque.

  A situação só não ficou mais crítica porque minha esposa estava razoavelmente bem empregada.
  Eu colocava o básico em casa.
  Algum complemento ou “luxo” ficava por conta dela.

   As dificuldades me fizeram voltar a ser evangélico, como queriam meus familiares?

   Confesso que quando vi todas minhas economias de anos perdidas, até meus títulos de capitalização foram resgatados e gastos ... bateu um desespero terrível.

  Uma tristeza tão profunda.
  Não queria que tanta amargura chegasse até minha esposa e filhas, mas era difícil.

  Perambulei por algumas igrejas conhecidas.
  Ouvia a pregação dos pastores, mas sentia que aquilo não tinha mais nada a ver comigo.
  A única boa lembrança foi uma ida a Universal, culto muito emocionante.
 (Mas depois foi uma pedição de dinheiro sem fim 😩)

  Além do mais eu não precisava de palavras de incentivo precisava me sentir protegido.

  Tantas dificuldades me levaram a ter um “contato verdadeiro com Deus”?

  Se a verdade for o evangelismo ... não.
  Nunca estive tão longe.

  Mas me levaram para uma condição fascinante.

Contato profundo com a lógica.



  Essa é minha atual situação, sou minha própria proteção.



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