Dissipando Dúvidas

   “É melhor correr o risco de salvar um homem culpado que condenar um inocente.”

 [Voltaire]

  Há grande sabedoria nessa frase de Voltaire, se fizesse parte de um “livro sagrado” seria bastante justificável.

  O que não seria justificável em um livro de “edificação da alma”?

  Lembrei desse debate:

 👩 “Querido, eu não tenho formação em Teologia, minha formação humana é em outra área do conhecimento e não tenho a pretensão de discutir teologicamente com ninguém.

  Acho que você tem muitos questionamentos e são legítimos, apenas não me considero apta a dissipar suas dúvidas.”

[Comentarista no Blog Sombra do Onipotente]

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   Adotei o método de Sócrates, filosofar propondo

questionamento as pessoas.

  Não é interessante que simplesmente obtenham a minha conclusão, é interessante que elas busquem suas próprias conclusões que podem ser iguais as minhas ou não.

  A grande diferença é entre PENSAR por conta própria ou repetir como papagaio algo que leu ou ouviu em algum lugar e achou “bonito”.

  Não se enganem, não tenho uma mente confusa e desorientada que não chega a conclusão nenhuma.

  Minhas perguntas em geral são para a pessoa buscar respostas internamente.

  Sócrates tinha suas conclusões sobre inúmeros temas o questionamento era para o indivíduo entender como ele chegou a elas.

  Vou exemplificar.

 A vida não é exata, sempre existe espaço para dúvida.

 A filosofia que "eu" gosto é a que chamo pragmática, caminha se apoiando naquela que for a resposta mais abrangente, mais SATISFATÓRIA.

  Qual a resposta mais satisfatória com relação a Bíblia?

  Minha conclusão é que ela não é 100% a palavra de Deus.

  Não estou atrás de “respostas” quanto a isso, estou simplesmente demonstrando os caminhos que segui para chegar a tal conclusão.

  Se Deus é um ser tão poderoso e abrangente, criador de muitas coisas, é evidente que a Bíblia está contida nele, mas ele não está contido na Bíblia.

(Quem tem boa noção de matemática sabe do que estou falando.)

  No Velho Testamento basicamente há histórias "fantasiosas" sobre o povo de Israel.

  Não é que eles fizeram de sacanagem, antigamente não tínhamos formas de registrar precisamente a história, não havia gravadores, filmadoras ou imprensa.

  Se hoje com todas essas tecnologias muitas histórias nos chegam distorcidas imaginem naqueles dias passando de boca em boca ou em escritos rudimentares.

  A Bíblia é um livro com histórias interessantes, dá para filosofar muito através dela porque captamos as impressões dos antigos a respeito da vida e das divindades, dos “mistérios” da natureza e do comportamento humano.

  Eu defendo que a Bíblia não é 100% a palavra de Deus, meus questionamentos não são para lhes mostrar minhas dúvidas, são para vocês observarem os caminhos filosóficos que segui até chegar a essa conclusão.

  Vamos tornar esse texto mais interessante, usemos a Dialética e suponhamos que eu esteja errado e a Bíblia tenha sido totalmente “soprada” pelo Espírito Santo de Deus.

Premissa: 

  Não há justiça em um inocente pagar pelo pecador.

 (Acredito que todos concordam com isso, quem não concordar diga porquê.)

  Fatos Bíblicos:

  Adão comeu o fruto, a punição veio para todos, até prova em contrário somos inocentes pagando por um casal de “pecadores”.

 

  Jesus é um inocente que morreu por todos os “pecadores”.

  Davi, Salomão e tantos outros “homens de Deus” cometeram erros e todo povo pagava.

  Davi certa vez fez um censo desautorizado por Deus e 70 mil israelenses (se não me falha a memória) foram mortos por conta disso.

  O inocente pagar pelo pecador é recorrente na Bíblia.

  Se a Bíblia prega injustiça ela não é justa e nem quem a soprou... lhe parece lógico?

  Se o Espírito Santo de Deus não promove a justiça não é digno de adoração.

  

  E o "amor de Deus"?

    Que pai amoroso deixaria seu bebê no quarto com uma serpente venenosa?

    Segundo a Bíblia foi o que Deus de Abraão fez ao deixar a Eva recém criada em contato com Lúcifer um ser muito antigo.

   É como deixar uma criança de 4 anos trancada num jardim com um pedófilo de 40 anos e culpar a criança por qualquer coisa de ruim que aconteça.

  Vejam outro caso, a ordem que Deus de Abraão deu a Saul:

  “Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.”

[1 Samuel 15:3-4]

    Essa ordem veio a reboque de um desentendimento ocorrido a mais de 400 anos entre os antepassados de Israel e os antepassados dos Amalequitas.

    Se eu fosse Saul não obedeceria uma ordem tão estapafúrdia de sair matando pessoas com um motivo tão injustificável, uma vingança que remonta séculos.

    Porem Saul matou "quase" todo mundo, não poupou mulheres ou crianças.

    Saul caiu em desgraça porque poupou um homem aterrorizado pelo medo da morte e poupou também algum rebanho.

    Repreendido por Samuel, Saul se arrependeu de não ter levado a carnificina até as últimas consequências como um Davi faria e fez várias vezes.

    Deus não aceitou o arrependimento de Saul, não o perdoou por ele não ter matado a tudo e a todos.

  Não sei quanto a vocês, mas prefiro duvidar que Deus seja assim.    

  Prefiro até que não exista um ser com tanto poder e tanto desprezo pela vida humana.

  Percebem que aceitar a Bíblia como 100% a palavra e vontade de um Deus nos leva a concluir que esse Deus não é um ser digno de ser amado ou adorado?

  Ou você defende a Bíblia ou defende que Deus tem uma inteligência superior justa e amorosa, as duas coisas NÃO dá.

  Deus de Abraão “segundo a Bíblia” é alguém para se ter medo, muito medo mesmo!

  

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