sábado, 21 de janeiro de 2012

Patricia





   CARTA ENDEREÇADA AOS JOVENS DO BRASIL
   Publicado em 4/18/2003

    Patrícia

  Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro- me no momento quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dani, minha amiga, para escrever esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde demais.
  Eu era uma jovem "sarada", criada em uma excelente família de classe média alta de Florianópolis.
  Meu pai é Engenheiro Eletrônico de uma grande estatal, e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar.
  Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa.
  Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo.
  Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava a atenção por onde passava.
  Estudava no melhor colégio de "Floripa", Coração de Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana frequentava shopping, praias, cinemas, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer a pessoas saradas, física e mentalmente.
  Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994.
  Fui com uma turma de amigos para a OCTOBERFEST em Blumenau.
  Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego.
  Em "Blu", achei tudo legal, fizemos um esquenta no "Bude,"famoso barzinho da Rua XV.À noite fomos à "PROEB" e no "Pavilhão Galegão" tinha um "schow maneiro" da Banda Cavalinho Branco. Aquela movimentação de gente era "trimaneira".
  Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da mamãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada.
  Na quinta feira, primeiro dia de OCTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP, que sensação legal, curti a noite inteira "doidona", beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os "meganha", porque menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os "Otário" não percebiam.
  Lá pelas 4 h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar.
  Quando fui ao apartamento quase "vomitei as tripas", mas o meu grito de liberdade estava dado. No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar daqueles com tensão "pregmestru".
   No sábado conhecemos uma galera de S. Paulo, que alugaram "apê" no mesmo prédio.

  Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
  Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5.30hs da manhã fomos ao "apê" dos garotos para curtir o restante da noite.
  Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado "Cigarro de Maconha", que me ofereceram.
  No começo resisti, mas chamaram a gente de "Catarina careta", mexeram com nossos brios e acabamos experimentando.
  Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente
  O garoto mais velho da turma o "Marcos", fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína.
  Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia.
  Retornamos à "Floripa" mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências não demorou muito para eu novamente deparar- me com meu assassino "DRUES". Aos poucos meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada, e sem perceber eu já era uma dependente química; a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano.
  Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria.
  Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue ela ficava mais forte o efeito, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim o sangue que cada um cedia para diluir o pó.
  No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível.
  Comecei a comprar a "branca" a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 15, 00, a boa que eu precisava no mínimo 5 doses diárias. Saía na sexta- feira e retornava aos domingos com meus "novos amigos".
  Às vezes a gente conseguia o "extasy", dançávamos nos "Points" a noite inteira e depois farra.
  O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida.
  Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas.
  Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir ir grana fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro.
  Aos poucos toda a minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clinicas de Recuperação.
  Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar reverter o quadro.
  Quando eu saía da Clínica aguentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente, abandonei tudo: escola, bons amigos e família.
  Em dezembro de 1997 a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha.
  Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha.
  Aos poucos os meus valores que só agora reconheço foram acabando, família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo.
  Papai e mamãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de ama-los.
  Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu o joguei pelo ralo.
  Estou internada, com 24kg, horrível, não quero receber visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas no fundo do coração peço aos jovens não entrem nessa viagem maluca...
  Você com certeza vai se arrepender assim como eu, mas percebo que para mim é tarde demais.

Obs. "Patrícia encontrava- se internada no Hospital Universitário de Florianópolis e descreve a enfermeira Danelise, que Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde, de parada cardíaca respiratória em consequência da AIDS. "



  Meu colega Valdemir imprimiu esse e-mail "corrente" e me entregou pedindo comovido que eu comentasse no Blog, então vamos lá!
  O texto é muito vago me parece mais uma daquelas lendas da Internet, ela descobriu que tinha AIDS em 1997.
  (Em outras mensagens aparecem outras datas, mais um sinal que é lenda).

  Nesta data já tínhamos ótimos remédios para combater os sintomas da AIDS.

  Se ela estivesse com 17 anos em 1997 e vivesse por mais alguns anos seria mais plausível.
  No entanto ela diz que morreu com 17 anos, logo, adquiriu a doença bem antes e só descobriu quando estava em estado terminal, vindo a morrer no mesmo ano da descoberta.


  Comentar uma lenda não me provoca muito, mas vamos tornar isso interessante, suponhamos que seja tudo verdade, vem comigo!

  É aquela historinha batida de jovem que se perde no mundo das drogas (ou do crime) e antes de morrer quer deixar um grande exemplo para a humanidade.

  "Não façam o que eu fiz!"

  Se procurarmos nos jornais encontraremos vários casos tristes de alguém que se arrepende ... depois que se deu mal.
  Enquanto o ladrão não é pego, nem cogita parar com os assaltos, depois que vai preso fica “arrependido”.

  O gandanheiro enquanto está transando com todas fica todo prosa, depois que pega uma AIDS ... se arrepende de não ter sido mais seletivo.

  Fazendo as contas, no texto a Patrícia em 1994 tinha 14 anos e em um passeio na Oktoberfest começou a consumir bebidas e drogas.

  Ela meio que culpa os pais por lhe darem muita liberdade, como se álcool e drogas só existissem na Oktoberfest.

  Outros culpados são os amigos, as companhias, como se ela fosse obrigada a andar com aquelas pessoas sem nenhuma possibilidade de escolha.

  Com certeza a Patrícia (assim como eu e você) teve acesso a inúmeros depoimentos sobre todo mal que a droga pode provocar.
   Produzidas de maneira clandestina, sem nenhuma fiscalização sanitária, não dá nem para saber ao certo o que se está consumindo.

  Se a Patrícia não deu atenção a tantas advertências como pode esperar que a história dela vá surtir algum efeito em pessoas "do tipo dela"!?

  Sim, porque pessoas do "meu tipo" (a maioria nesse caso) não precisam da carta de um usuário arrependido para se manter longe das drogas.

  A Patrícia fala no texto sobre o anúncio de seu assassino e diz que foram as Drogas!!!
  Gente, a droga é um produto inanimado, vai atrás quem quer.
  Não existe uma “Dona Cocaína” se oferecendo por aí.
   



  Uma característica interessante dos viciados é que depois que se ferram querem ser tratados como doentes, vítimas da “entidade” Droga e a maior parte da sociedade compartilha dessa “opinião”.

  Se a Patrícia não tivesse morrido possivelmente iria continuar se drogando, vivendo a vida como ela acha que deve ser vivida e chamando pessoas como eu de “careta”.

  Quem usa maconha (por exemplo) se acha o máximo, o “descolado”.
  Há uma inversão de valores.

  “Quem não usa maconha, bom sujeito não é.”

  Estou exagerando um pouco, mas a maioria sabe que na adolescência é bem assim.
  Cigarro, bebida, sexo, droga ... quem faz/usa essas coisas está se rebelando contra a sociedade opressora.
  Se nossos pais não querem é porque é bom fazer.
  O carinha de 16 anos sabe tudo que é melhor para vida dele.
  E melhor é ser “descolado”.
 
  Depois quando estão no fundo do poço vem com jeitinho de cachorro sem dono abanando o rabinho querendo se passar por uma pessoa maravilhosa incompreendida pela sociedade...

  Lamento muito por todos os pais cujo filho tem problemas com drogas, é muito difícil cuidar de uma criança com todo amor e vê-la OPTAR por caminhos tão destrutivos.

  Lamento ainda mais pelos filhos que tem problemas com pais drogados.
  Aquela pessoa que deveria ser sua referência, um porto seguro, é só mais um problemão, sempre bêbado ou alucinado.

  
  Sinto pelos que convivem com os viciados e sofrem todas as consequências, porem as historinhas dos viciados em si ...NÃO me causam comoção.


  Sou até a favor da regulamentação do comércio e produção de drogas para essas pessoas que só conseguem suportar a vida com o uso da química.

  Acredito que eles mereçam um produto de alta qualidade, isso inclusive lhes daria mais tempo e manteria seus cérebros em melhores condições para buscar uma saída.
  Se não acabar com o vício pelo menos mantê-lo "realmente" sob controle, algo que fosse usado mais como lazer e não complicasse tanto suas vidas e de todos a sua volta.

  O dinheiro dos impostos poderiam manter boas clinicas para ajuda-los a carregar esse fardo.

  Não escolhemos o que sentir.
  Se não escolhemos o que sentir não escolhemos o que nos dá prazer.
  O máximo que podemos fazer é manter esse prazer sob controle.

  Vejam o meu caso, poderia passar o dia todo escrevendo, mas mantenho este prazer sob controle.
  Não sei porque gosto tanto de escrever, não sei de ninguém de minha família que tenha essa
“compulsão”.

  No entanto; trabalho, cuido da minha família, não sou um peso para a sociedade.

  Se por um motivo eu fosse proibido de escrever acredito que a loucura me alcançaria, escrever torna a vida suportável, dá até para ser alegre, "curtir a vida."

  Você vai dizer que muitos escritores enlouqueceram e eu te digo que isto só reforça o meu pensamento, É IMPOSSÍVEL SALVAR A TODOS!

  Sempre vai ter os que cometem excessos.

  Apesar de toda nossa boa vontade ao lidar com as mentes que utilizam drogas ou se perdem em outro vicio qualquer, muitos indivíduos se destruirão no vicio.
  Nossa tecnologia/conhecimento atual não nos deixa muitas escolhas, temos que conviver com isso.

  O importante neste momento é entendermos que a maior responsável pela vida da Patrícia foi ela mesma.


 
O e-mail corrente termina com a seguinte frase:

 "Se esta carta chegou em suas mãos não foi por acaso!      
  Significa que você foi escolhido para ajudar alguém!"

  Se esse “ajudar” for tratar viciados como vítimas ou doentes, essa carta por acaso chegou em mãos erradas 😏








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