Porque Deus!?
Uma delas foi a
novela Pecado Capital.
Não lembro da história
em detalhes, mas lembro exatamente o que me marcou.
Carlão era um
motorista de táxi, ocorre um assalto e na fuga o bandido usa seu táxi.
Carlão fica
evidentemente muito assustado, pode até morrer, mas o ladrão salta do táxi e
continua a fuga da polícia.
Nisso Carlão se
afasta rapidamente de toda aquela confusão aliviado por não ter levado um tiro.
Ao chegar na sua
casa percebe que o bandido na fuga deixou uma maleta no táxi.
Escondido no
quarto abre a maleta e está recheada de dinheiro, uma quantia fabulosa.
Fica naquele
dilema moral, devolver o dinheiro ou ficar com o dinheiro.
Ele olha os noticiários
e não vê seu táxi mencionado nenhuma vez, a polícia não faz a menor ideia de
onde está o dinheiro.
Caraca!
Carlão tinha
tantos sonhos, aquele dinheiro poderia realizar boa parte deles...
Para encurtar a história,
Carlão optou pelo “errado”, ficou com o dinheiro.
A trama é complexa, mas lá no final da história
Carlão tinha se transformado em um rico empresário dono de uma frota de táxis.
Coisa que
provavelmente nunca aconteceria sem aquele “desvio moral” de ficar com um dinheiro
que não era seu.
Com trabalho e
competência ele multiplicou várias vezes o dinheiro do assalto.
Carlão decidiu fazer o certo,
resolveu devolver o dinheiro.
O que aconteceu?
Carlão foi morto!
Quando vi Carlão
levando os tiros não queria acreditar, não era possível, devia ser um pesadelo,
mas na novela era a mais pura realidade.
Enquanto ele fez
o errado viveu bem, quando resolveu fazer o certo aconteceu o mal.
Eu era bem
criança e aquilo me deixou um tanto traumatizado, era como se tivesse morrido
alguém da família.
CARLÃO MORREU POR
FAZER O CERTO, POR TENTAR CORRIGIR SEU ERRO.
Isso é o que mais
me incomodava.
Eu cresci e percebi que se a
injustiça é uma exceção no mundo das novelas na vida real acontece muito. ☠
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“Se eu atirasse num homem e ele caísse no chão
e se arrastasse, mas não morresse ali, eu não podia registrar oficialmente esta
morte.
Mas eu sabia onde havia
acertado e sabia que ele iria morrer.
Por isso há diferença
entre os números do Pentágono (160) e os meus (255), extraoficiais.”
Vejam o caso
desse atirador, como deve ser matar 250 pessoas?
Tá certo ele
estava em guerra, mas são 250 pessoas.
O caso do Carlão
é semelhante, ele não praticou o assalto.
Para o Banco que
foi roubado a quantia não era tão significativa.
Senhoras e
senhores Chris Kyle voltou saudável da guerra e se aposentou do exército, bom
pai, bom marido, um ótimo cidadão que passou a se dedicar a dar assistência a
soldados com trauma de guerra.
Quando estava
praticando o bem foi morto por um desses ex soldados.
A arte imita a
vida ou é uma extensão dela?
UMA DAS GRANDES
MENTIRAS QUE CONTAM PARA NÓS É QUE ENQUANTO ESTIVERMOS FAZENDO O BEM TEMOS UMA
ESPÉCIE DE PROTEÇÃO NATURAL.
“A um homem bom não é
possível que ocorra nenhum mal, nem em vida nem em morte.”
Eu mesmo
acreditei nisso por muito tempo, apesar de ter sido alertado em Pecado Capital
que essa “proteção natural ou espiritual” do “homem bom” é uma REALIDADE
INVENTADA.
“Pessoas querem
que a vida seja de um jeito teórico e se a pratica não confirma a teoria tentam
apagar do conhecimento tudo que não dê sustentação a ideologia.”
Sei que pessoas
boas tem uma disposição natural em praticar o bem, fazer o que é certo.
Mas tome cuidado,
analise as consequências, não tenha a ILUSÃO que por praticar o bem estará
protegido.
Me ferrei muito
na vida acreditando nisso, confesso que a Fé em algum tipo de justiça divina me
fez passar por dificuldades que eu não precisava ter passado.
Sei que é duro
mudar nossa natureza e nem estou sugerindo que você faça isso com relação ao
seu nobre desejo de praticar o bem, apenas reflita melhor sobre as consequências.
Por esses dias eu
tive que ignorar um regulamento para ajudar uma mãe com uma criança doente, eu
sabia que tinha 90% de chance de me ferrar, mas não podia deixar de ajudar.
Minha dor na
consciência de não ajudar seria pior que a possível punição que eu iria sofrer.
Bem, a matemática
é implacável, eu ajudei e fui punido.
Se fosse antes eu
ficaria muito indignado, seria como o Carlão levando o tiro.
Mas hoje eu
simplesmente [mesmo praticando o bem] penso nas consequências e me
preparo para elas caso sejam “desagradáveis”.
Não tenho essa
ilusão da proteção natural ou espiritual.
Também não tenho a ilusão/crença que nós
humanos somos naturalmente maus.
Li o seguinte comentário
no Google+:
“O Homem não faz o certo devido a maldade em
seu coração.”
Lamento pelo
autor da frase que sugere só ter conhecido homens cheios de maldade no coração.
No meu coração
não tem tanta maldade e não sou exceção à regra.
A grande maioria
das pessoas que conheço são trabalhadoras, honestas gente de bom coração.
Quando ocorre uma
tragédia qualquer, sempre tem os oportunistas que não se importam com a dor
alheia, mas a grande maioria quer ajudar, ser útil, manda doações, é fácil
encontrar inúmeros heróis anônimos.
Esse texto é para você
pessoa de bom coração, meu querido “povo do bem.”
Mesmo ao fazer o
que acha certo, mesmo ao praticar o bem... não deixe de PENSAR, não deixe de
usar o bom senso, não deixe a INTELIGÊNCIA de lado.
A inteligência,
para nós criaturas, na maioria das vezes é a única proteção natural que
dispomos, ameniza consequências desagradáveis e nos imuniza contra DECEPÇÕES.
Quem pratica o bem e a caridade precisa estar
preparado para suportar a injustiça e ingratidão.
1 - A SOLIDARIEDADE ESTÁ POR TODA PARTE SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER:
Quando vejo comentários
generalizando que a humanidade é horrível sempre digo que não é o que observo a
minha volta.
No condomínio, no trabalho na rua a maioria
das pessoas que encontro são gente boa.
Perfeito ninguém é,
mas essa humanidade monstruosa que tanto falam é exceção e não regra.
Para cada ladrão
há centenas de trabalhadores.
Para cada criança
vivendo em condições precárias há centenas tendo uma vida digna.
Para cada nação
em guerra há dezenas em paz.