“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome.
Venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje.
Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
E não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”
(Jesus Cristo, Mateus, 6:9-13)
Na oração do Pai
Nosso, Jesus não nos sugere pedir muita coisa.
Simplesmente
recomenda aceitarmos a vontade de Deus e agradecermos pelo pão:
“Que seja feita sua vontade; nos
daí o pão de cada dia.”
Mas o pedido que
analisaremos nesse texto é esse:
“Não nos deixei cair
em tentação e livrai-nos do mal”.
Hoje sou um homem
sem Fé, mas não foi sempre assim, isso aconteceu lá por 2007.
Era muita oração
para pouco resultado.
Já contei como
foi o dia decisivo, vamos caminhar algumas
casas depois da virgula.
Como demônios podem agir tão efetivamente em
nossa vida?
Vou usar a
palavra “demônio” porque pela nossa cultura serei melhor entendido, mas é
evidente que não sei como definir essas coisas, só sei que até para
coincidências tem limites.
As coisas davam
errado mais que qualquer probabilidade matemática.
No entanto para
aproveitar esse texto:
1 - Não
pensem apenas em entidades influenciando nossas decisões; questionem as
decisões que tomamos por nossa própria conta e risco.
2 -
Questionem a qualidade de nossas escolhas diante dos FATOS.
Confesso que em
2007 não parti para um plano B, simplesmente desisti de lutar, não estava dando
nada certo mesmo, para que desperdiçar energia?
Eu lutava para
subir a “montanha” quando estava a ponto de conseguir algum resultado
satisfatório era jogado de volta a base.
Vejam o caso da Faculdade, no quarto ano
apareceu uma viajem imperdível para a Itália, era “pegar ou largar”, tinha tudo
para ser a grande oportunidade da minha vida.
Eu não tinha grana
para trancar a matricula na PUC, mas quando eu voltasse dinheiro não seria um
grande problema ... era o que eu acreditava.
A viagem e
estadia foram totalmente pagas pela empresa, uma fábrica de armações de óculos.
Tudo daria certo
porque a parceria com os Italianos aumentaria nossa tecnologia e vendas, claro
que eu conseguiria um bom aumento ... faltou combinar isso com a realidade.
Devido à grande
pirataria de óculos que ocorreu e ocorre no Brasil a parte das vendas deixou a
desejar, o aumento salarial não veio, mas trabalho como sempre não faltou.
Para implantar a
nova linha de produção e treinar o pessoal por vezes tive que trabalhar horas a
mais, nem pensem que ganhei horas extras, meu cargo era de “confiança” eu não
ganhava horas extras.
Minha dívida na
Faculdade estava impagável, e o tempo para estudar diminuiu bastante, daí eu
tomei a “melhor decisão na época”, não conclui a Faculdade:
"Meu presente e futuro profissional é
esta Empresa, com Fé em Deus tudo vai dar certo."
A empresa foi
vendida em 2004, disseram que foi uma fusão, de qualquer forma nada deu certo,
todo esforço foi em vão, lá estava eu na base da montanha.
A necessidade de
viajar para Itália não podia ter acontecido um ano depois quando eu já tivesse
concluído a Faculdade?
Isso era
impossível para “Deus”, o “Destino”, ou o “Acaso”?
Para subir alguns degraus era uma luta
terrível, para ser lançado no chão de volta era rapidinho, como se alguma força
me desse um peteleco.
Algum
acontecimento imponderável surgia e lá estava eu tendo que escalar a montanha
tudo novamente.
Abri um restaurante
e tudo que eu ganhava em uma semana ia para o ralo na semana seguinte por
fatores totalmente fora do meu controle.
Meu FGTS e
algumas economias foram jogadas no lixo.
Não tinha mais
planos, quem está no chão não pode ser derrubado, se era no chão que era para
eu ficar então no chão eu iria ficar.
Quando fechei o
restaurante que tinha me dado tantos problemas, entrei no primeiro emprego que
me apareceu, não corri atrás de nada grande, precisava ficar no chão.
Um serviço de segurança
na Rodoviária de Campinas, a princípio parecia tranquilo, ficar andando, dando
orientações, era tudo que eu queria, sem grandes responsabilidades, sem brechas
por onde demônios pudessem me atacar.
Mas nem assim os
demônios me deixaram em paz, eu atraio trabalho se viesse junto com dinheiro
não teria problema, mas só vem trabalho.
A Rodoviária era
um lugar problemático, perto de bocas de fumo e usuários de drogas, como eu era
o segurança mais forte e mais articulado todo problema eu era chamado... e como
havia problema, eu chegava em casa completamente exausto.
Desisti do
emprego quando depois de uma das discussões fiquei sabendo que dois homens
armados estavam querendo saber da minha rotina.
Os pedintes
usavam o dinheiro arrecadado para comprar drogas e uma das minhas funções era
impedir pedintes no local, como eu fazia muito bem o meu trabalho, eu ser
eliminado passou a ser uma necessidade.
Até deitado no
chão os “demônios” (Dificuldades imponderáveis) me alcançavam!
Eu já esperava
ser destruído, mas ser morto por um traficante, eu que nunca usei drogas...
não, isso não... decidi ser destruído em algum outro lugar.
Não vou escrever
sobre isso hoje, mas para maioria dos pedintes que eu olhava era como se visse
uma legião de demônios, espíritos/mentes em uma frequência assustadora.
Lembro de um ter
jogado uma caixa de doces no meu rosto e sentenciar:
“Você vai para o
Inferno.”
Diante daquele
olhar cheio de ódio eu abaixei cabeça e disse a ele:
“Eu já estou.”
Ele tentou me dar um golpe e eu o joguei há
uns 3 metros de distância...
O problema é que
nunca consigo desligar minha mente, só quando durmo, mas nem disso eu tenho
certeza.
No escuro do meu
quarto o enigma era:
Como
os demônios fazem para me atingir, deve ter um método, uma brecha?
Parecia aqueles
filmes de areia movediça, quanto mais eu me mexia mais afundava.
Precisava
trabalhar em algo, não poderia ficar em casa.
Seria a
destruição de meu casamento, um homem deprimido e desempregado, que mulher
suportaria isso?
Ao menos meu
casamento deveria ser poupado da destruição.
Consegui outro
emprego bem simples, repositor em um home center.
Claro que tive
algumas propostas, mas as identifiquei como “canto de sereia”, minha aposta é que eram as brechas por onde os
demônios agiam em minha vida.
Uma coisa que a
princípio parecia boa poderia virar um pesadelo por algum “azar”.
Eu tinha decidido
que deveria controlar todas as variáveis importantes, se uma variável
importante dependesse de sorte era melhor descartar a oferta.
Uma oferta que eu
posso contar:
Meu irmão queria
montar uma sociedade onde compraríamos vans para o transporte escolar, nesse
período eu ouvi relatos de pessoas que se deram muito bem nesse ramo, minha
esposa estava toda animada com o negócio, parecia um ótimo caminho a seguir...
mas tudo acontece sempre assim, isso é repetitivo na minha vida, me pareceu um
canto de sereia, tudo estava muito claro, muito fácil.
Transportar
crianças é uma tarefa de alta responsabilidade, os demônios podiam me atingir
por inúmeras brechas, acidente de trânsito, problema com alguma criança...
Além do mais meu
irmão é funcionário público, tem estabilidade no emprego, para ele seria apenas
um dinheiro a mais, se desse certo ótimo, se não desse certo paciência.
Claro que como
era eu que estava desempregado, eu teria que correr muito mais atrás do
negócio, percebem?
Muito, muito
trabalho e apenas uma “promessa” de dinheiro.
Eu já vivi essa
história várias vezes.
A mesma brecha
sendo aberta novamente.
As variáveis
principais dependiam de SORTE.
Competência não
seria suficiente, determinação não seria suficiente e orações...eu não orava
mais e nem pretendia voltar a orar.
Antes de 2007 eu
orava muito, sempre que aparecia uma oportunidade eu me atirava com toda Fé,
era uma porta que Deus ou os anjos estavam abrindo para mim.
Não posso dar
muitos exemplos porque pessoas se sentiriam ofendidas, sei que tentavam me
ajudar de boa vontade, o problema não estava e não está nelas está em alguma
dinâmica na minha vida.
A Fé me levava a
acreditar que “agora tudo vai dar certo”.
Era incrível como
uma coisa puxava a outra, tudo me levava a tomar uma decisão confiando em uma
auxilio divino e quanto tudo estava engatilhado o imponderável acontecia
ferrando tudo.
Hoje quando
recebo uma proposta qualquer eu ainda vejo todas as circunstancia se alterando
como por encanto, e tudo é muito urgente, “seu momento é agora, “é pegar ou
largar” ... eu largo, deixo tudo para um outro momento.
Cada pessoa tem
uma dinâmica de vida o que acontece comigo não serve para você, mas pode lhe
sugerir caminhos e possibilidades.
Cheguei à
conclusão que:
A principal porta de entrada
de demônios na minha vida era a Fé.
É paradoxal eu
sei.
Mas se eu não
tivesse tanta Fé em alguma ajuda divina, teria sido mais cauteloso com muitas
decisões.
Hoje eu
praticamente descarto toda grande variável que envolva sorte, é por ali que os
demônios irão me atacar e eu sou impotente para combatê-los...
Não cair em
tentação depende muito de nossa força de vontade, mas mesmo resistindo, isso
não é suficiente para nos livrarmos do mal, infelizmente.
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