“O desejo é a causa de todos os males.”
(Epicuro)
Aquele eixo central de onde ele parte para as mais diversas divagações.
Exemplos:
A base do pensamento de Edir Macedo é a Bíblia, esqueça que você não concorda com as opiniões dele.
A base de Paulo Coelho é o pensamento positivo, um Universo conspirando a seu favor.
A base de Sócrates é a busca incessante de conhecimento e autoconhecimento, uma quase idolatria à dúvida.
A base de Waldo Emerson é a teoria da compensação.
A de Epicuro é evitar o mal evitando o desejo.
A minha base é a lógica e o prazer.
Shakespeare disse que não escolhemos o que sentir, portanto a lógica parte do que a pessoa “deveria" sentir e não do que está sentindo.
Vamos para um caso extremo, um cidadão gosta de matar.
Não adianta eu dizer para ele que não é lógico matar por conta de algum desentendimento.
Claro que ele entenderá a lógica, acontece que o prazer de matar rompe as barreiras do que o próprio cidadão acha certo ou errado.
Para dissuadir uma pessoa do assassinato (já que a lógica não basta) é preciso induzir outro sentimento que seja mais forte que o prazer de matar.
Em geral o que funciona é o MEDO.
Daí surgiu a lei do olho por olho, dente por dente.
O medo de morrer é comum a maioria das pessoas.
Se você sente vontade de matar um indivíduo, mas sabe que se fizer isso será morto também ... o medo de morrer “pode” superar o prazer de matar.
Então porque a pena de morte não acaba com os assassinatos?
O assassinato é crime, em geral há um planejamento para esconder o mal que foi feito.
Se a pessoa “sente” que vai se safar, ficar impune, não há o que temer.
Se a lógica não é páreo para o prazer, caso eu tenha que confrontar com uma mente eu vou com o raciocínio lógico até onde for possível, mas sei que só o sentimento é páreo para o sentimento.
O oposto do prazer não é a dor, é o medo.
Para o indivíduo que tem prazer em matar eu tenho que combatê-lo explorando o medo de ser punido; dele perder a liberdade ou até ser morto também.
Percebam que a lógica é bem simples e “deveria” alcançar a todos.
Eu não quero morrer, então não devo matar ninguém.
E se alguém vem para me matar?
Já que eu não quero morrer, caso não consiga imobilizar o agressor é “justo” que eu mate primeiro.
Vamos para outra situação trágica para avançarmos no conceito de justiça.
O cidadão estuprou sua filha.
É justo matá-lo?
Humm ... ele não cometeu assassinato.
Sim, você vai querer matá-lo, a vingança é um tipo de prazer, mas a lógica nos diz que se ele não matou não deve ser morto.
E estupra-lo?
É, ele sentiria na pele, toda dor que provocou.
Voltamos a lei de Talião?
A lei de talião, também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação.
A perspectiva da lei de talião é a de que uma pessoa que feriu outra pessoa deve ser penalizada em grau semelhante, e a pessoa que infligir tal punição deve ser a parte lesada.
Embora estuprar um estuprador seja lógico, “sentimos” que não é civilizado fazer.
Então optamos pelo encarceramento.
A Lei de Talião passou por suavizações e radicalizações.
Tem lugares que quando a pessoa rouba lhe é cortada a mão!!
Creditam a lei de Talião.
Caraca, a única coisa que justificaria ter sua mão “legalmente” decepada seria ter arrancado a mão de alguém.
Se você roubou algum bem ... não tem nada a ver com amputação de membros.
Suponhamos que eu roubei 100 reais de você.
Pela lei de talião eu teria que restituir o valor em dobro.
Devolver os 100 que eram seus e tirar mais 100 do meu próprio bolso.
Caso isso não seja possível é “justo” alguma punição.
A maioria dos povos mais civilizados optaram pelo encarceramento, manter o indivíduo isolado da sociedade por algum tempo de acordo com a gravidade do delito.
Hum…
Essa meditação era para falar sobre a necessidade de termos desejos, contrariando a base de Epicuro, mas visivelmente perdi o controle 😏.
(Tive até que mudar o título.)
Sinto que devo deixar assim, não é lógico desperdiçar o texto, desejo publicar assim mesmo.
Tem uma meditação complementar que “talvez” torne esse texto mais “inteligível”:
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