terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Lei de Talião






    “O desejo é a causa de todos os males.”

      (Epicuro)




  Percebi que os pensadores em geral tem uma “base filosófica”.
  Aquele eixo central de onde ele parte para as mais diversas divagações.

  Exemplos:

 A base do pensamento de Edir Macedo é a Bíblia, esqueça que você não concorda com as opiniões dele.

 A base de Paulo Coelho é o pensamento positivo, um Universo conspirando a seu favor.

  A base de Sócrates é a busca incessante de conhecimento e autoconhecimento, uma quase idolatria à dúvida.

  A base de Waldo Emerson é a teoria da compensação.

  A de Epicuro é evitar o mal evitando o desejo.

  A minha base é a lógica e o prazer.

  Shakespeare disse que não escolhemos o que sentir, portanto a lógica parte do que a pessoa “deveria" sentir e não do que está sentindo.

  Vamos para um caso extremo, um cidadão gosta de matar.
 
  Não adianta eu dizer para ele que não é lógico matar por conta de algum desentendimento.
  Claro que ele entenderá a lógica, acontece que o prazer de matar rompe as barreiras do que o próprio cidadão acha certo ou errado.
  Para dissuadir uma pessoa do assassinato (já que a lógica não basta) é preciso induzir outro sentimento que seja mais forte que o prazer de matar.
  Em geral o que funciona é o MEDO.

  Daí surgiu a lei do olho por olho, dente por dente.
  O medo de morrer é comum a maioria das pessoas.
  Se você sente vontade de matar um indivíduo, mas sabe que se fizer isso será morto também ... o medo de morrer “pode” superar o prazer de matar.

  Então porque a pena de morte não acaba com os assassinatos?

 O assassinato é crime, em geral há um planejamento para esconder o mal que foi feito.
 Se a pessoa “sente” que vai se safar, ficar impune, não há o que temer.

  Se a lógica não é páreo para o prazer, caso eu tenha que confrontar com uma mente eu vou com o raciocínio lógico até onde for possível, mas sei que só o sentimento é páreo para o sentimento.

                                                 

O oposto do prazer não é a dor, é o medo.

 

  Para o indivíduo que tem prazer em matar eu tenho que combatê-lo explorando o medo de ser punido; dele perder a liberdade ou até ser morto também.


  Percebam que a lógica é bem simples e “deveria” alcançar a todos.
  Eu não quero morrer, então não devo matar ninguém.
  E se alguém vem para me matar?
  Já que eu não quero morrer, caso não consiga imobilizar o agressor é “justo” que eu mate primeiro.

  Vamos para outra situação trágica para avançarmos no conceito de justiça.

  O cidadão estuprou sua filha.
  É justo matá-lo?
  Humm ... ele não cometeu assassinato.
  Sim, você vai querer matá-lo, a vingança é um tipo de prazer, mas a lógica nos diz que se ele não matou não deve ser morto.
  E estupra-lo?
  É, ele sentiria na pele, toda dor que provocou.

  Voltamos a lei de Talião?

                                         


  A lei de talião, também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação.

  A perspectiva da lei de talião é a de que uma pessoa que feriu outra pessoa deve ser penalizada em grau semelhante, e a pessoa que infligir tal punição deve ser a parte lesada.

  (Wikipédia)


 


  Embora estuprar um estuprador seja lógico, “sentimos” que não é civilizado fazer.
  Então optamos pelo encarceramento.

  A Lei de Talião passou por suavizações e radicalizações.
  Tem lugares que quando a pessoa rouba lhe é cortada a mão!!
  Creditam a lei de Talião.
  Caraca, a única coisa que justificaria ter sua mão “legalmente” decepada seria ter arrancado a mão de alguém.
  Se você roubou algum bem ... não tem nada a ver com amputação de membros.
  Suponhamos que eu roubei 100 reais de você.
  Pela lei de talião eu teria que restituir o valor em dobro.
  Devolver os 100 que eram seus e tirar mais 100 do meu próprio bolso.
  Caso isso não seja possível é “justo” alguma punição.
  A maioria dos povos mais civilizados optaram pelo encarceramento, manter o indivíduo isolado da sociedade por algum tempo de acordo com a gravidade do delito.


Para onde você esta indo cara!?



  Hum…
  Essa meditação era para falar sobre a necessidade de termos desejos, contrariando a base de Epicuro, mas visivelmente perdi o controle 😏.
   (Tive até que mudar o título.)

  Sinto que devo deixar assim, não é lógico desperdiçar o texto, desejo publicar assim mesmo.

  Tem uma meditação complementar que “talvez” torne esse texto mais “inteligível”:





✧✧✧


.