quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Jogar Conversa Fora





  “A discussão, da forma como habitualmente é gerida, é o pior desporto da conversa, tal como nos livros é geralmente o pior tipo de leitura.”

   (Jonathan Swift)



  Tem coisas que faço por prazer, outras por necessidade e outras porque apresentam bons resultados.


  No passado ia a casa da minha mãe, lá encontrava alguém da família e nos estendíamos em longos debates.
  Com colegas de escola, trabalho ou igreja era a mesma coisa, a filosofia entrava na conversa e o tempo ficava curto.

  Gostava de debater/dialogar, até o dia que comecei a perceber que o resultado era nenhum.
  Depois de minutos ou horas de conversa nada ficava na mente das pessoas.
  Na hora seguinte à conversação ou no máximo no dia seguinte, mesmo a pessoa aceitando o que eu havia dito não mudava uma virgula dos seus procedimentos, suas ações.

   Em geral o individuo mantinha a mesma opinião sem se importar com os argumentos apresentados.

  Necessidade de passar a tarde conversando eu não tenho, nem sou uma pessoa que gosta de falar muito, prefiro o silêncio.
  Sem resultado nenhum ... não tenho prazer em debater.
  Entre ficar 3 horas jogando conversa fora e dormir, ler ou assistir um filme, prefiro as outras opções.

  Muitos colegas e membros da família querem minha presença física, querem expor suas ideias “olhando olhos nos olhos”, acham que eu fujo desse tipo de enfrentamento.

  Já ouvi várias vezes que “me escondo atrás do avatar Spock.”
  Há quem duvide que seja eu que escreva os textos.

  As pessoas vem presencialmente falar de política, religião, comportamento, noticias ... não dou atenção além do que manda a boa educação.
  
   Em verdade voz digo que sou bom no debate presencial, quem já debateu comigo presencialmente sabe disso.
 (Demoro uns 10 minutos para esquentar, tempo médio para traçar um perfil da outra pessoa.)
  O que me desanima é a falta de resultado.


  No Blog posso me comunicar ao mesmo tempo com muitas pessoas, fica mais eficiente.   
  Falando com muito mais pessoas sempre há a possibilidade que alguém absorva alguma coisa.

  Qual resultado eu tenho?
  (Alguém deve estar perguntando)

  Ficam os textos.
  O que saberíamos de grandes personagens do passado se não fossem os textos?
  Sócrates e Jesus por exemplo nunca escreveram nada.
  Se outros não escrevessem sobre eles nem conheceríamos suas passagens por esse planeta.
  (Evidente que não estou me comparando, apenas são ótimos exemplos)

  
 As palavras ditas o tempo leva, as palavras escritas ficam registradas.
 (William Robson)


  Quantas vezes em uma conversa você ouve o indivíduo falar alguma coisa, mas depois ele nega que disse?
  Fica aquela dúvida.
  O indivíduo está deliberadamente mentindo, foi um ato falho, nós não ouvimos direito ou entendemos errado...
  Já o que está escrito ... está escrito.
  Podemos voltar, analisar, “copiar e colar” no caso da Internet.


  Enfim.

  Senhoras e senhores, não fujo do debate presencial, eu fujo da falta de resultados, prefiro o debate escrito ou é melhor ir dormir.

  Já pensaram se eu tivesse que ter essa conversa com as inúmeras pessoas que já passaram pela minha vida?

  Se a tecnologia me permite o grande conforto do e-mail, do blog e me oferece a possibilidade de melhores resultados, qual lógica haveria em continuar meus procedimentos do passado!?

  Eu ficaria como as outras pessoas que sentem prazer em jogar conversa fora.
  Nada contra, só que esse é um prazer delas não meu.

Tenho a necessidade de algum resultado.

  A Filosofia para mim só faz sentido se puder acrescentar algum conhecimento, permitir uma troca de experiências, trazer algo que torne minha vida mais eficiente, que torne a vida do outro mais eficiente.

  A mudança não tem “obrigação” de acontecer, mas ela tem que ao menos ser “possível”.

  Se o indivíduo não está tem nem aí para argumentos, quer só expor (ou impor) sua opinião ... alguma coisa sempre se aproveita, mas em geral é tão pouco que “para mim” não vale o tempo perdido.







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