domingo, 19 de fevereiro de 2012

Dieta da Religião




  

     “Percebi que quando trocamos de religião acontece temporariamente a piora da nossa qualidade de vida.”

     (Orquídea)  



  Então quem se mantem na mesma religião a tendência é sempre prosperar?

  Pelo menos na minha vida não percebi isso.
  Nasci em família católica, a infância e adolescência foram osso.
  Não credito as dificuldades a opção religiosa dos meus pais e sim ao comportamento deles.

  Me mantive católico até os 17 anos (mais ou menos).
  Achava os protestantes muito estranhos, andando de terno no calor do verão, quase sempre com a Bíblia debaixo do braço.

  Meu colega Valmir me convidou para um retiro espiritual da Igreja Presbiteriana, fui conhecer, mudei de religião.
  Quem sabe minha vida melhorava.
  Nunca fui capaz de andar de terno, sinto muito calor, ainda bem que na Presbiteriana isso não era exigência, mas a Bíblia me acompanhava por toda parte.

  Fiquei cerca de 3 anos na Presbiteriana, minha vida não melhorou absolutamente nada.
  O fato relevante é que passei a conhecer muito melhor a Bíblia do que quando era católico.

  Se minha vida estivesse boa como católico minha aposta é que não teria mudado de religião.
  Poderia ir ao retiro por curiosidade (talvez nem isso), mas seguiria católico.

  Lembro que o fator decisivo para eu ir ao tal retiro foi minha demissão da metalúrgica.
  Com “Fé em Deus” e seguindo a orientação do sindicato não assinei o papel para mudança de horário.
  Minha situação que era ruim empregado só tendia a piorar como desempregado.
  Vi como “sinal” que deveria tentar uma outra religião, buscar mais “proteção espiritual”.

  Se a Orquídea saiu de uma religião porque as coisas não estavam bem, não via bons RESULTADOS, como pode culpar a mudança de religião por problemas que já existiam?

  Minha vida como católico era insatisfatória, quando protestante ... piorou.

  Naquele momento evidente que não pensava assim.
  Frequentava os cultos com muita fé, muita motivação, dando glória a Deus por tudo.

  Depois do serviço militar, quando comecei a me afastar da igreja é que fiz as comparações.

  Quando “crente evangélico” minha vida piorou por motivos prosaicos.
  Na católica eu ia a missa uma vez por semana.
  Na Presbiteriana eram 3 vezes.
  Me tomava muito mais tempo, exigia muito mais minha participação, logo, o desgaste era maior não por questões espirituais, mas por motivos práticos.
  Até a distância contava.
  A Igreja Católica Bom Pastor fica no Bairro São Bernardo onde eu morava, algumas quadras.
  Tinha também a Imaculada Conceição não muito longe.
  A Presbiteriana “que eu me enturmei” fica no Jardim Nova Europa, uma longa caminhada.
  Nunca fui de ônibus, não tinha dinheiro pra isso.

  A proximidade do alistamento militar me impedia de arranjar emprego “registrado”.
  Um dos meus maiores pedidos a Deus era justamente ser dispensado do serviço militar e conseguir um emprego “normal”.
  Não fui atendido.
  Quando não havia mais esperança, a convocação estava confirmada, lembro de passar um momento dificílimo no ônibus Jardim Chapadão.
  Me deu uma crise de choro incontrolável, foi difícil disfarçar, coloquei a mão no rosto, fingi que estava dormindo.
  Tanta oração, tanta fé ...
  Mas Deus estava no comando, tudo iria dar certo ... pensava isso, mas o sentimento de enorme tristeza não diminuía.

  Enfim.
  A Presbiteriana me tomava muito tempo e como o resultado “nessa vida” era nenhum fui desanimando de ir.
  Mesmo quando parei de ir, me considerava evangélico, em casa lia a Bíblia, orava muito.

  A fase militar passou, depois de alguns meses consegui trabalho em uma fábrica de óculos.
  Fiz um curso de Modelo e Manequim pelo SENAC e vivi por um tempo nesse universo.
  Fábrica de dia, aulas a noite (cheguei a dar aulas de manequim) e preparação para desfiles com os alunos.

  Minha mãe queria ir a um Centro Espirita na Vila Nova, pediu para eu acompanha-la, fui mais para fazer companhia, sempre tive um certo receio com a Umbanda.
  Porem era um Centro “Kardecista”, eu só conhecia de nome.
  Fui convidado a fazer um tratamento espiritual de 8 sessões.
  Pensei.
  Minha mãe vai fazer, vou ter que acompanha-la essas 8 vezes.
  Minha vida continua essa de muita luta, muito sacrifício, mas nenhum resultado pra comemorar.
  Vou fazer essas 8 sessões, vamos ver o que acontece.

  Não lembro muito bem, isso foi em Junho de algum ano.
  O tratamento foi até Agosto.

  Antes do ano acabar coisas interessantes aconteceram.

  A academia que eu dava aulas e desfilava fechou, a princípio parecia ruim, mas desfilar era mais divertido que rendia alguma coisa, muito trabalho, muita correria e pouco retorno financeiro.
  Nesse mundo de desfiles quando você passa dos 23 anos sem nenhum grande resultado, já é fim de carreira, tipo jogador de futebol.

  Recebi uma promoção para chefia na fábrica de óculos, era uma promessa do meu patrão de longa data, que nunca se cumpria.
  Meu salário dobrou, aí sim minha vida começou a melhorar um pouco.

  Sem a academia de manequim para dividir meu tempo comecei a me preparar para fazer faculdade, a vida seguiu com muita luta, porem mais "próspera".

  Sou pragmático.

  Se você frequenta uma religião, está se sentindo bem, está observando resultados, continue nela.
 (Não confundir com imaginar bons resultados.)

 Parei de frequentar o Kardecismo porque os resultados bons deixaram de acontecer.
 (Participei por cerca de 10 anos.)

 O que mais uma vez coloca em xeque a teoria da Orquídea.
 Depois de anos na mesma religião, participando direitinho, não havia razão para a proteção desaparecer.

  A Orquídea tem as experiências dela, eu tenho as minhas, você leitor tem as suas.

  A vida não é exata, utilize sua mente para analisar a situação.

  Orar assim ou assado para as coisas darem certo?
  Ficar nessa ou naquela religião?
  Virar ateu?
 
  Fique atento aos RESULTADOS.
  Se sentir que está só perdendo tempo mude de dieta, mude de situação, mude de religião, fique sem religião...

  Não tenho como te dizer exatamente o que fazer, você terá que conhecer a si mesmo, diferenciar realidade de ilusão.

  Depois do Kardecismo e algumas rápidas tentativas desesperadas, desde 2007 não sigo nenhuma religião.

  Me declaro Livre Pensador, é o que vem dando certo.
  
  O retorno continua pouco, mas o investimento é baixo, basicamente é ficar meditando e escrevendo. 😏







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