segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sonho Pequeno Burguês

 




  “Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.

   O que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.”

  (Fernando Pessoa)




  Por um breve período estive em contato mais próximo com pessoas do teatro.
  Participei de um curso no Teatro Castro Mendes.
  Percebi que Teatro é uma atividade de alto risco, ninguém sabe o que dará certo, não há uma formula mágica para atrair público e ter lucro.
  Há peças excelentes, sucesso de crítica que não rendem boa bilheteria, mal se pagam.
  Outras um tanto despretensiosas alcançam o sucesso.
  Isso acontece no mundo todo inclusive com séries televisivas.

  Lembrei de Friends, ouvia comentários, li a sinopse, não me animava em ver.
  Era uma coisa tão distante da minha realidade, jovens americanos que a princípio não tinham absolutamente nada com meu histórico de vida.
  Assisti um episódio meio que por acidente.
  Zapeando pelos canais ri com uma piada, me encantei com a série.
  Não tinha um fundo "claramente" filosófico, não era de aventura, uma grande exceção a regra do tipo de filme que gosto.
  Era uma grande comédia romântica, eu não gosto de comédia romântica.

  Mas os roteiristas eram muito bons.
  De algo despretensioso surgiam grandes provocações.
  Assisti muitos episódios (acho que todos).
  Exemplo.
  Ri muito no episódio que o Joe chega aos 30 anos.
  Ri enquanto durou o episódio, depois fiquei introspectivo.


  Fazer 30 anos é triste, como a alternativa é morrer seguimos adiante.

  Com 30 anos a pele começa a perder o viço.
  As articulações não estão mais tão elásticas é tarde demais para muitas atividades profissionais que dependam da nossa capacidade física.

  Para homens que tem propensão genética é quando os cabelos caem aos montes.
  A visão deixa a desejar necessitando de lentes ou óculos.

  Acredito que as mulheres são ainda mais sensíveis a essa passagem dos 30.
  Manter aparência “sedutora” começa exigir grandes sacrifícios.
  A pele delicada das mulheres fica mais suscetível a “pés de galinha”, o pescoço começa a enrugar, na região que vai dos ombros ao início dos seios, aparecem manchas, o frescor da juventude vai se perdendo.
  Hoje em dia temos ótimos cremes, mas até os 30 nem precisava usar e agora ...não dá para ficar sem eles.


  Li um depoimento da “Rachel” (Jennifer Aniston) que quando a convidam para fazer o papel de mãe de algum adolescente ela ainda custa a acreditar, até pouco tempo atrás ela era a adolescente.

  Quando Joe chegou aos 30 anos nos falou da sua “tragédia”, rimos, não nos sentimos tão sós na nossa própria tragédia.

 YouTube

  Claro que fazer 30 anos não é o fim do mundo, mas é uma etapa da vida que chega ao fim, a etapa de plena reposição das células, entendemos que nada será como antes.


  “Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final... o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.”


  Mais eficiente do que perceber o fim de uma etapa é entender que ela vai acontecer e se preparar pra ela.
  Vejo muitas “ideias românticas” atrapalhando essa preparação.

  Tipo: “Velhice é um estado mental”.

  Nos dá a ilusão que com os pensamentos “certos” podemos nos manter sempre jovens.
  Sei lá, envelhecer é ganhar experiência, passamos a conhecer muitas coisas e depois de um tempo enjoamos de outras tantas.
  Com 20 anos ir a balada é um tipo de emoção.
  Depois de 10 anos fazendo isso ...a maioria de nós enjoa, é inevitável.
  Como definimos que ir a balada é coisa de jovem e ficar em casa é coisa de velho... na ilusão de se manter jovem, muitos continuam ir a baladas mesmo quando aquele ambiente não os atrai mais em nada.
  Poderia estar tranquilo e satisfeito no conforto do lar, mas esta na "zoeira" em "desconforto mental".

  (Por favor, há gosto para tudo, se você apesar do passar dos anos gosta de um baile funk, não há nada de errado nisso, continue "descendo até o chão" 😏 é um ótimo exercício ...se conseguir levantar depois...)

  
  Para encerrar, uma última provocação.

  A expressão saiu de moda (pelo menos eu não leio ou ouço frequentemente), mas marcou muito minha geração, era comum naqueles filmes e novelas “papo cabeça”.

                                                     

Sonho pequeno burguês.

 

   Uma crítica de pensadores marxistas do desejo “conservador” de querer casar, ter casa (propriedade), carro, telefone, eletro domésticos, filhos...


  Bom é o sexo livre, não se prender em um lugar, viver intensamente, dizer não ao consumismo... isso encanta adolescentes.

  Sei que o movimento hippie fez muito sucesso na década de 1960/70.
  De lá pra cá surgiram tantos bens e serviços que ficou difícil para o jovem praticar o “não consumismo”.
  A garota pode até criticar nas redes sociais, mas gosta de estar com sua roupa da moda, não abre mão de eletrodomésticos e eletrônicos.

   Sexo livre.
  (Na juventude tem o instinto forte de procriação)

  Não se importar com propriedade.
  (Usa o carro e a casa dos pais)

  Não se prender a um lugar.
  (Enjoou do emprego sai, pai e mãe bancam.)

  O tempo passa rápido, os 30 chegam.
  Seus pais não vivem para sempre, por vezes ficam debilitados e agora é você que tem que cuidar deles.
  Se não se cuidar bem, seu corpo perde as belas formas, atrair mulheres só com sua presença vai ficando difícil.
  Se não criou raízes em uma profissão ou empresa, ganhar uma grana razoável fica complicado.

  Chego à conclusão que o “sonho pequeno burguês” de construir alguma estabilidade para fase adulta e velhice ... FAZ TODO SENTIDO.
  Não sei porque era tão criticado!
  Ainda bem que não abandonei o meu.

  Meus pais morreram, meus irmãos cada qual seguiu o seu caminho.
  Tenho minha propriedade, bons eletrodomésticos, carro na garagem, minha esposa grande companheira.
  Tenho minhas filhas que espero que aproveitem a juventude sem perder o “sonho pequeno burguês”.



  Mas se você acredita que os 30 nunca vão chegar pra você e se chegar tudo depende só da sua “atitude mental” ... boa sorte!

  A vida é uma grande peça de teatro, nunca sabemos o que vai ser sucesso de público e crítica ou um retumbante fracasso.
  Entre esses extremos há infinitas possibilidades.

  Que cada um faça suas apostas.

  Se ainda não fez 30, olhe com mais atenção para o “sonho pequeno burguês” ele tem que ser construído antes dessa idade.
  Quem não se prepara pra nada, o pós 30 pode virar "pesadelo grande comunista".
                                                                   






  Hoje em dia é difícil encontrar alguém que defende o fim da propriedade privada, considero uma evolução.
  Tem muitos discursos “românticos”, mas na prática todos querem um imóvel próprio, um lugar para chamar de seu.
Link


 





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5 comentários:

William Robson disse...

NOTICIA:

“Ele pediu a atriz R$ 10 mil para não divulgar as imagens, mais de 35 fotos que a mostram nua e em poses íntimas, mas Carolina se negou a pagar.” [Correio do Estado]
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Não iria comentar esta noticia, mas ela tem muito a ver com o texto de hoje.
Quando eu dava aulas de Modelo e Manequim era comum algumas garotas se oferecerem para pousarem nuas para conseguir algum dinheiro.
Na cabeça delas as revistas estavam desesperadas atrás de mulheres dispostas a pousarem nuas.
Eu tinha que explicar que isto só dava dinheiro para celebridades, tem até garotas que pagam para sair nua nas revistas em troca de publicidade.
Esta fase de desfiles foi interessante por me mostrar coisas que eu nem imaginava sobre as mulheres.
Até ali eu tinha os homens como predadores atrás do corpo das mulheres, mas descobri que o corpo é usado pelas mulheres como uma teia para prender os homens, a mulher é mais caçadora do que caça.
Não esta convencido?
Você pensa que é só a Carolina?
O que as mulheres gostam de se fotografar peladas é inimaginável, elas apostam tanto em seu poder de sedução que não é de se estranhar que com o passar dos anos, diminuindo este poder, entrem em depressão...

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/carolina-dieckmann-foi-chantageada-e-nao-cedeu-diz-advogado_148519/

turbilhão 937,de bom dia! disse...

Aos trinta,eu parecia uma menina.
Todavia,comecei a engordar- e meu humor natural, caiu bastante.
Não demorou muito,precisei tratar a compulsão alimentar.
Tenho vergonha de lembrar dessa fase.

Superados esse e outros problemas,não pude mais me desfazer das vitaminas,para ter desempenho.
A partir dessa idade,temos gastrite,ou temos outros entraves,que atrapalham a absorção das vitaminas- e eu notei as consequências disso.
Já sofria de Tdah,mas de um jeito ou de outro,contornava a situação.
Após os trinta e cinco,porém, a vida saiu do meu controle.
Uma médica que eu consultei,disse que eu andava enfraquecida,e anêmica.
E me receitou alguns complexos vitamínicos.

Desde então,passei a tomá-los com regularidade.
Eu não me conformo em precisar tomar ao menos umas três cápsulas dessas por semana,mas tenho que aceitar as injunções da natureza.

Quando,para poder dormir melhor,recentemente, fiquei um mês sem tomar qualquer fitoterápico, não dormi tão melhor assim,e comecei a ter algumas dificuldades.
No metrô,de uma forma automática e irrefletida,sempre me dirigia para o trem errado,e só ia perceber isso,quando estava na plataforma.

Vejo o "quociente de inteligência" de outras pessoas cair,a partir dessa idade,pelo mesmo motivo.
Má absorção dos alimentos.
Todavia,elas não fazem nada,porque já tinham um "quociente" maior antes,que as habilita a "irem levando" a rotina,com elegância.
Se esquecem chaves e celulares na casa dos outros,só voltarem lá para buscar.
Aproveitam para resolver outros problemas no caminho.
Etc.

Eu não pude me dar ao luxo de "não fazer nada" porque trabalhei numa corretora de seguros,e cometi um erro tão feioso,que quase custou minhas economias.
A partir de então,fui fiel à rotina dos remédios.
E voltei a "dominar" o serviço.
Vários anos depois,ainda comecei a tratar o Tdah propriamente dito,- a partir de setembro último.

Esses que se acomodam,apesar das consequências da idade,mais dia menos dia,serão enganados por algum médico,que os induzirá a tomar antidepressivos- para a melhoria do desempenho.
Enquanto isso, o "envelhecimento orgânico" continuará em sua progressão lenta e incisiva,em seus organismos- e até a dieta será mudada,só a partir dos quarenta e cinco anos de idade.

Os quarenta anos também não "me pegaram" na melhor das fases(fiz um tratamento dentário com consequências sérias),mas foi quando encontrei vcs todos,amigos da web.
Meus cinquenta anos,contudo,talvez merecerão alguma festa.
Continuo com jeito e voz de garota.
Mas,estou melhor do que estive em 1.995-e em 2.004.

Fazer idade,nos confere alguma sabedoria,para lidar com as dificuldades,todavia,demorei a me beneficiar disso.

turbilhão 938, roupas de lantejoula disse...

Talvez,a intensificação dos entraves vividos desde a infância,foi decisiva para eu começar a controlá-los.
Sem exagero,estou tão bem,quanto estava aos vinte anos,e nem dores no corpo,eu sinto.
Só ando com um probleminha na articulação de um dos joelhos,e para isso, encomendei um "supercreme" que irá me livrar por uns anos,da fisioterapia.
Joelhos doloridos,são comuns na meia idade.

Fico pensando em quanto tempo perdi no passado,e que se houvesse começado a me cuidar mais cedo,teria conseguido fazer faculdade.
Tive medo de começar uma,na época "certa" e de não conseguir concluir.

Vou comentar um pouco sobre "voyeurismo",porque foi seu segundo tema.
Essa é uma inclinação tipicamente feminina.

Eu sempre sonhei em desfilar numa festa carnavalesca.
Com uma indumentária pesada,ou sem a mesma,tanto faz.
Dos dois jeitos,eu ia gostar de aparecer em público,o tanto que minha timidez doentia permitiria,que seria uma vez na vida.
E faria um "book" fotográfico caprichado,para deixar de herança às minhas sobrinhas.
Figuraria como um exemplo de força impositiva de personalidade de alguém.
Ao mesmo tempo,a obra ajudaria a preservar a memória festiva do brasileiro.

Vão dizer que muitas jamais sonharam com nada disso.
Então,eu fui mesmo a jovem de Metilene,e ainda tenho um sonho "dela" que não foi realizado.(hehehe!)
Pois,não gosto de dançar,nem de me expor.
Todavia, sei que curtiria desfilar,em destaque, nalguma festa apocastática.

Atualmente,eu nem brincaria em tentar por isso em prática.
Ficaria "salgado" para o meu bolso,e além do mais, talvez eu não chegasse viva ao fim da folia.
'credito que morreria de infarto,me agarrando ao carro alegórico.
Seriam três dias em pé,e três noites sem dormir.

Essa fantasia,- sem trocadilho,ficará para a próxima encarnação.

William Robson disse...

“Fazer idade, nos confere alguma sabedoria, para lidar com as dificuldades, todavia, demorei a me beneficiar disso.”
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Ótimo depoimento, muito ilustrativo!
Tenho certeza que será muito útil a todos nosso amigos e “passeadores”.

Um forte abraço!
Bom senso e boa sorte para todos nós!

[com a volta ao trabalho não tenho mais muito tempo para passear, sinto muito.]

prelúdio disse...

Um abração também, sr.Vizinho.

Vamos ter um dia conforme o sol nos promete.
Um dia lindo-
priorizando a realização dos nossos melhores desejos.


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