domingo, 6 de maio de 2012

Não Querer é Poder

  “A renúncia é a libertação.
   Não querer é poder.”
  [Fernando Pessoa]

  Quando alguém possui algo que desejamos ou precisamos, tem poder sobre nós.

  Não confundam precisar com desejar, nem sempre o que desejamos precisamos.

  Sugiro separar tanto quanto possível necessidade de gosto, perceber quando começa um e termina o outro, nem sempre é fácil.




  Vamos ver algumas situações:

Você gosta de sorvete, não precisa disso para viver.
  Comer você precisa, depois de horas sem alimento, escolher entre um “prato feito” e “picolé” é simples.
  Prioriza a alimentação que lhe dá a necessária energia e se for possível se delicia com a sobremesa.
  Se depende de alguém para se alimentar evidente que essa pessoa tem poder sobre ti.

Você gosta de alguém, uma amiga, não precisa dela para viver.
  Fica apaixonado ... tecnicamente continua não precisando dela para viver, mas ... surge dependência emocional.
  Quanto mais gosta de uma pessoa, mais ela tem poder sobre você.

Seu chefe tem poder sobre você porque pode te manter em algo que você precisa, o emprego.
  A maioria de nós é civilizada, respeita a relação de hierarquia, mas a grosso modo o poder que a Empresa tem sobre a gente se refere a nossa necessidade de trabalhar para levar algum dinheiro para casa.
  Quem nunca sonhou em ganhar na loteria e dizer adeus ao emprego?
  Acredito que a maioria depois de ficar rico (passado algum tempo) procuraria uma ocupação, não para ser empregado, mas trabalhar em algo que goste, ser empregador.
  Trabalhar sem que alguém tenha poder sobre você.
                                                      
 
  Quando fui chefe e algum funcionário ficava problemático minha primeira ação era sondar se ele ainda tinha interesse em manter o emprego.
  Caso sim, significava que eu dispunha de algum poder.
  Quando o funcionário não se interessa mais pelo emprego, quer ser demitido, o poder de chefe vai por água a baixo, tudo começa a depender do grau de civilidade do funcionário.
  Já passei por inúmeros tipos de situações, talvez por gostar muito de filosofia e por conta disso ter muito conhecimento sobre a natureza humana, me saía muito bem ... modéstia à parte 😊.
  No entanto vi chefes se darem muito mal nesse processo por acreditarem ter um poder que já não tinham.
  Vi o inverso também, chefes que não se davam conta do poder que tinham, o funcionário estava super interessado em manter o emprego, estava solicitando algo até razoável, mas o chefe na sua inflexibilidade acabava por perder um excelente funcionário prejudicando a empresa.
  Quando não o demitia o deixava profundamente desmotivado.


  É importante olhar para dentro de si mesmo tentando perceber o que é essencial em sua vida.
 (Ou pelo menos na fase que está vivendo)

  Isso ajuda a identificar quem e quanto poder tem sobre você.
  Perder uma mulher que você já não está muito a fim é uma coisa.
  Perder aquela à qual não consegue nem imaginar sua vida sem ela ... é problema dos grandes.




 Para diminuir o poder de uma pessoa sobre você é preciso descobrir o que pode ou está disposto a RENUNCIAR.

  Porque você iria querer diminuir o poder de alguém sobre você?

  Acredite, esse conhecimento é extremamente útil, quanto menos poder as pessoas tem sobre você mais poder tem sobre si mesmo.
  Isso se traduz em maior liberdade para decidir o que pretende fazer de acordo com o que espera da vida.

  Vou dar outro exemplo “amarrando” nos textos anteriores.

  Você acredita que já nasce culpado.
  Tem uma dívida impagável com algum ser.
  Dominado por esse sentimento se coloca sob o poder de uma doutrina ou líder religioso.

  NÃO!
  Não, estou te induzindo a sair da sua religião, conheça a si mesmo, não deixe que um texto bem escrito tenha poder sobre você.
  Como no caso do amor, talvez você goste tanto do ambiente religioso que precise dele de uma forma que outras pessoas não conseguem entender.

  Se renunciarmos a tudo, ninguém tem poder sobre nós, mas a vida fica tão sem graça e vazia que nem sei se ainda podemos chamar de vida...

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Verti minha vida
Nos cantos, na pia
Na casa dos homens
De vida vadía
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa
Pulsa, pulsa mais
Mais, quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
Que os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe
Longe, leva mais
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz

Compositores: Alvaro Batista / Adalberto Silva / Luiz Martins




  Um forte abraço a todos que fizeram e fazem parte da minha vida.
  No meu “ultimo dia” espero que ao olhar para trás possa dizer satisfeito.
  VALEU!
 

  “Onde está, ó morte, a tua vitória?”
  (Nem o medo da morte tem mais poder sobre nós.)





    “Mas eis a hora de partir, eu para morte, vós para a vida.   
     Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses.”
       [Sócrates]
  

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