“Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem
limites, não podemos crescer emocionalmente.
Enquanto não atravessarmos a dor de nossa
própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades."
Para
viver a dois, antes, é necessário ser um.”
[Fernando Pessoa]
“Não consigo viver sem você.”
Quando não é só força de expressão essa é uma
das frases mais tristes que alguém pode dizer.
Todo desejo em excesso (vicio) deve ser evitado,
inclusive o desejo da presença de outra pessoa.
Qualquer vicio nos leva ao descontrole, você perde o poder sobre si mesmo.
Os crimes passionais em sua maioria acontecem
devido essa dependência por outra pessoa.
Nesse momento, você leitor, está muito dependente
emocionalmente de uma pessoa?
Quer estar perto dela o tempo todo?
Nos contos, filmes, novelas, no “senso comum”
... isso é lindo, maravilhoso ... É O AMOR.
Na vida real tem dois efeitos colaterais mais
comuns.
1) A pessoa amada tem
enorme poder sobre você.
Os desejos dela passam a ser ordens.
Seu senso crítico, sua racionalidade ficam
muito abalados, isso no geral nunca é bom.
As consequências podem ir de um detalhe sem
muita importância ou terrível catástrofe.
Obviamente vai depender de como a pessoa
amada vai exercer o poder dela sobre você e de quanto seu amor é correspondido.
2) Desejo exagerado
vem quase sempre com ciúmes exagerado.
Nessa condição é você que quer ter total
poder sobre a amada.
Sufoca, vira um fardo.
Pimenta Neves mata Sandra Gomide
Se você está na faixa até uns 13 anos e o vício
são seus país, é aceitável.
Se seu vício são seus filhos até próximo dessa
idade também é aceitável.
Passada a fase de criação dos filhos devemos
buscar a diminuição da dependência, não é fácil, mas é preciso, vai além do
gosto, é uma necessidade.
Claro que você vai continuar gostando da
presença de seus pais, mas deve buscar não precisar, não depender dela, como?
Observando o óbvio, provavelmente seus pais
morrerão antes de você e a sua vida terá que continuar quando isso acontecer,
tenha um bom relacionamento com eles enquanto é possível, busque a
independência, esteja preparado para o óbvio, o ciclo natural da vida.
Do lado dos pais é entender que seus filhos
irão se apaixonar, terão fortes desejos sexuais, a necessidade de buscar uma
profissão, conseguir o auto sustento.
O “quarto das crianças” vai continuar lá, mas
as crianças não.
Todos nós nascemos sozinhos, mesmo no caso de
gêmeos cada um tem seu cordão umbilical, cada um tem seu momento de sair do
ventre da mãe.
Quando morremos, morremos sozinhos.
(Enquanto indivíduos)
Em acidente de avião (só um exemplo) cada um
tem seu instante de morte, cada um tem suas lembranças finais ou de surpresa
nem tem tempo de tê-las.
O vazio existencial que carregamos nunca
deixa que estejamos plenos.
Nunca chegamos chegamos a ser um, entretanto
temos que buscar nos aproximar dessa condição o máximo possível.
Nos acomodarmos em ser a metade força a buscar
alguém que nos complete.
Percebe como paradoxalmente tentar ser a
metade dobra a complexidade da vida?
Não deve ser impossível encontrar sua cara
metade, o companheiro Platão acreditava nisso.
De repente, em algum lugar do mundo, há alguém
que te complete, seu “verdadeiro amor”.
Fala sério,
atualmente somos mais de 7 bilhões.
Com tanta gente é bem possível que em algum
lugar do planeta exista uma mulher que por suas características de
personalidade seja mais compatível comigo do que a minha esposa.
De certo com tantos homens no mundo, algum
deles iria satisfazer muito melhor minha esposa que eu.
Só que entre ser possível e ser fácil acontecer
tem distância quilométrica.
Se você jogar na loteria é possível ganhar
sozinho um grande prêmio?
Possível é ...
O bom senso nos manda fazer nossa fezinha na
loteria, mas priorizar algum emprego concreto que nos garanta alguma renda no final
do mês.
No mesmo plano de pensamento:
Busque ser um.
Ter “amor
próprio”, “autoestima” ... qualquer dessas coisas que possa por um limite na
sua dependência emocional de outra pessoa.
Ficar rico (caso tenha nascido pobre) é difícil,
mas com um pouco de planejamento dá para ter renda satisfatória, não ficar
dependente financeiramente de alguém.
Quer um incentivo?
O companheiro Platão nunca encontrou sua cara
metade (nem sei se buscou), passou o tempo todo “vivendo” amores platônicos.
Platão entendia o óbvio, no mundo real não
tem perfeição.
Você pode imaginar a companheira perfeita ...
a distância.
Ao traze-la para perto evidenciam as “imperfeições”.
O amor platônico é entendido como um amor à distância, que não se
aproxima, não toca, não envolve, é feito de fantasias e de idealização, onde o
objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem
defeitos.
Vou encerrar a meditação saindo do mundo das
ideias trazendo a realidade pra perto.
Eu e minha esposa temos contas bancarias
separadas, ela faz o dinheiro dela eu faço o meu.
Chegamos a um acordo no pagamento das contas.
O que sobra do salário dela faz o que bem
entender.
Não dependo financeiramente da minha esposa
nem ela de mim.
Não temos exatamente os mesmo gostos.
Evidente que há uma flexibilidade, mas no
geral ela não precisa fazer nada só para me agradar.
Se quer assistir Silvio Santos e eu Dr House,
temos duas tvs, não precisamos ficar grudados o tempo todo.
Solteira, minha esposa, tinha muitos
pretendentes.
Eu solteiro pude escolher entre várias
mulheres.
Estamos juntos porque nos amamos, não por
falta de “coisa melhor”.
Enfim.
Eu sou um homem livre, independente, me sustento.
Minha esposa é mulher livre, independente, se
sustenta.
Nós “dois” cuidamos de nossas filhas.
Espero que não fiquem buscando alguém que as
complete, não quero que elas se limitem a ser a metade de ninguém.
Essa lógica entra em sua
mente?