sexta-feira, 23 de maio de 2014

Velório das Revistas Impressas

  “A cultura está acima da diferença de condição social.”
[Confúcio]

  Quando falo de “cultura ineficiente” muitos associam a pessoas de baixa renda ou pouca escolaridade, no entanto quando a cultura é ineficiente ela alcança todos os extratos da sociedade. ​​

  Observe um caso:

  Faz tempo que assino Veja e Superinteressante, revistas da editora Abril, até uns 5 anos atrás o relacionamento era tranquilo, boas revistas.
  Perto do final da vigência da assinatura eu recebia a proposta de renovação por mais 1 ano com algum desconto, não precisava fazer nada, só entraria em contato se desejasse o cancelamento.

  Desconfio ter chegado ao poder algum “gênio” que de certo deve ter bom nível de estudo, ser da “classe alta”.

  Ele decidiu e a diretoria consentiu que a renovação fosse automática por 2 anos, a empresa quer fazer antecipação de caixa as minhas custas!

  Tudo bem me enviar a oferta, mas deveria ser uma opção a qual eu deveria entrar em contato caso me interessasse.
  Liguei reclamando, mandei e-mail e nada aconteceu.
  Esperava que entendendo minha desaprovação pela ação eles não me mandassem mais tal proposta no automático.

  Em 2012 houve mais uma greve dos correios aconteceu aquele atraso com as correspondências e me esqueci do vencimento da assinatura das revistas, só fui perceber quando vi a parcela de desconto no meu cartão referente a assinatura por 2 anos.
  Pensei em ligar, mas como sempre gosto de ter alguma revista comigo, acabei deixando para lá.
  Sei, sei você deve estar pensando como eu sou chato...nunca disse que não era.
  Eu queria continuar com a revista, mas a forma como começou a ser feita a renovação acho sacanagem...

  Vamos ao motivo desse texto.

  Recebi o tal comunicado de renovação automática e pasmem agora é por 3 anos!!
  Entrei no SAC da Abril, procurei a renovação apenas por um ano e pasmem não achei!
  Mandei um e-mail e fui informado que essa opção só está disponível por telefone para “minha segurança”.
  Caraca, porque renovar minha assinatura automaticamente por 3 anos é mais seguro que renovar por 1 ano!?

  

  “Recebemos sua solicitação e informamos que, por questões de segurança, esse serviço está disponível exclusivamente por telefone.
  Temos uma equipe dedicada a esse atendimento de segunda à sexta-feira, das 8h às 22h.” 
[E-mail SAC Abril]

  Liguei no tal atendimento, não cronometrei o tempo, mas deveria ter feito, não esperava que fosse tão demorado.
  Fiquei ouvindo frases repetidas e musiquinha por uns 5 minutos.
  A atendente foi muito educada e prestativa, mesmo assim foram mais uns 15 minutos.
  Assinar essas revistas virou um pouco TRADIÇÃO para mim.
  No nosso cotidiano constantemente temos que ficar em filas ou salas de espera, sempre levo uma revista para me fazer companhia.
  Assinei por mais um ano, mas esse imbróglio todo me fez questionar essa tradição.
  Esse tipo de coisa já ocorreu no passado com outras empresas.

   Não entendo porque o Empresário Brasileiro se esforça tanto para conseguir novos clientes e não vê a importância em mantê-los... que CULTURA INEFICIENTE!

  Esse caso da revista é emblemático...explico:



  Minha geração se acostumou com o papel, gostamos de folear livros e revistas, a geração das minhas filhas tem uma tendência natural a gostar mais de telas.
  A lógica diz que é muito mais fácil a revista impressa manter assinantes da minha geração que conquistar assinantes da geração da minha filha.
  Isso não tem volta a não ser que aconteça uma tempestade magnética que acabe com toda nossa tecnologia.

  O disco de vinil (por exemplo) pode ter um pequeno nicho de mercado, mas o MP3 é muito mais eficiente para ouvirmos música, a “massa” não irá voltar a consumir vinil.

  A revista impressa é um meio de comunicação interessante que pode ter seu nicho por vários anos.
  Não depende de energia elétrica nem conexões wi-fi.
  Não é atrativa para ladrões nem sujeita a pirataria.

  Ao risco de assaltos todos estamos expostos a todo tempo em um país com tanta impunidade onde os ladrões se sentem à vontade, no entanto não lembro de alguém ter tido sua revista roubada na rua.
  Folear uma revista não chama atenção de marginais, manusear um tablet dependendo do local é pedir para ser roubado.
  Faz algum tempo invadiram meu apartamento, o Ipad foi levado as revistas ficaram intactas.

  Um hacker pode quebrar a segurança da revista eletrônica e baixa-la gratuitamente, fazem isso até com empresas tecnológicas de ponta.
  Se a Abril descobriu um sistema indevassável...deveria apostar nesse novo ramo de mercado.

  Quanto a pirataria, quem vai comprar caras impressoras para reproduzir uma revista?
[O investimento não compensa o roubo/falsificação.]

  No entanto nossos empresários tupiniquins devem pensar diferente...não me peçam para explicar não consigo entender.
  Minha mente Capitalista não vê eficiência em reduzir a vida útil de um negócio provocando insatisfação nos clientes “fiéis”.

  Comecei a olhar para outras publicações, a revista Época me parece muito boa.

  Percebam que um relacionamento que poderia durar tranquilo por muitos anos foi tornado insatisfatório justamente por quem deveria zelar por mantê-lo.

  Atualmente com tantas fontes de informações e entretenimento a Abril precisa muito mais de mim que eu dela.
  Ela me conquistou e agora entende que pode me fazer de gato e sapato que aceitarei tudo!
  Isso não dá certo nem em relacionamentos amorosos... a não ser que o indivíduo seja masoquista.

  Você faz de tudo para conquistar uma moça, depois que ela aceita sair com você começa a esnoba-la!
  Caraca, foi você que correu atrás da moça, ela vivia bem sem você e vai continuar vivendo, ela tem mais que lhe dar um chute no traseiro...a fila anda.

  Empresas brasileiras pisam na bola de todas as maneiras, depois quando você liga para cancelar o serviço prometem mundos e fundos, te irritam ainda mais não aceitando o “fim da relação”.

  Nunca fui masoquista em relacionamentos de amizades, amorosos e muito menos comerciais.
  Gosto de quem me trata bem ou pelo menos com respeito senão...a fila anda, não sou propriedade de ninguém.

   Estou pesquisando sobre algum Tablet que atenda minhas necessidades, que me faça companhia como as revistas fazem.
  Esse provavelmente é o último ano que mantenho a tradição de assinar revistas impressas.
  Inclusive com o Tablet posso continuar com meus debates filosóficos na Internet mesmo longe de casa.
  Posso produzir textos em qualquer lugar sem o incomodo de ter que transcrever quando chego em casa.

  Se a editora Abril está com tanta pressa de matar as edições impressas não sou eu que irei atrasar o enterro.




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