“Não me lembro de
nenhuma necessidade da infância tão grande quanto a necessidade da proteção de
um PAI.”
[Sigmund Freud]
Não nasci em uma
família bem estruturada.
Meu pai e minha
mãe brigavam muito, com 10 anos meu pai não vivia mais conosco, com 11 anos eu
já era o “homem da casa”.
Portanto, não sei
muito bem o que é ter um pai ou esse tipo de proteção.
Também não posso
dizer que em algum momento senti falta disso.
Talvez eu seja um
caso muito particular, mas o fato é que meu pai provocava tanta desarmonia em
casa que me distanciar dele foi um grande alívio.
Dinheiro ele
nunca teve então apoio financeiro nenhum.
Mentalmente eu já
tinha começado a ler alucinadamente, na companhia de tantas mentes brilhantes
... não deu pra sentir falta de um pai.
Uma imagem de pai
na minha mente era o personagem Spock de Star Trek ... naquele sentido de se
espelhar em alguém.
O tipo de pessoa
que eu queria ser quando adulto.
Para meditarmos
sobre o pensamento de Freud será mais interessante analisar a situação das
minhas filhas que é mais comum a maioria das pessoas.
Minhas filhas
sabem que podem contar comigo e com minha esposa, somos uma grande proteção
para elas até que elas estejam preparadas para serem independentes.
Talvez elas nem
tenham consciência de quanto isso é bom.
Eu gostaria muito
de ter nascido em um ambiente protegido, ter alguém que eu realmente pudesse
contar.
Claro que minha
mãe me amava e “faria” tudo por mim, mas o que ela podia fazer era bem pouco,
não tinha dinheiro para comprar um tênis novo, por exemplo.
Com 11 anos eu trabalhava
na feira livre, evidente que minha mãe não queria essa situação, mas ela
precisava que eu trabalhasse.
Percebe?
Não basta vontade
de proteger é preciso proteger de fato.
A ideia de ter um
Papai do Céu carinhoso e poderoso nos protegendo de tudo bastando sermos
bonzinhos é muito, muito reconfortante.
Na última semana
do ano uma colega me falou da relutância de um de seus netos em aceitar que
Papai Noel não existe.
Eu lembrei a ela
nossa relutância em “fazer questionamentos” sobre Papai do Céu/Deus
Com meus textos
acontece muito isso, quando faço algum questionamento sobre a bondade do Deus [que está descrito
na Bíblia] muitos ficam horrorizados e se afastam como se tivessem
diante de um anticristo, um ser demoníaco.
Alguns até acham
legal, nunca tinham olhado pela perspectiva que lhes apresentei.
No entanto a
maioria sente um grande desconforto, me olham com uma indisfarçável raiva.
Dá para perceber
que tentam se agarrar com unhas e dentes a suas “tradições de crenças”.
São como aquelas
crianças com uns 7 anos que no fundo já percebem que Papai Noel é só um
personagem inventado, mas
é um sonho tão bom que não querem parar de sonha-lo.
Um bom velhinho
que vem na noite de Natal e dá aquele presente que ela desejou o ano inteiro.
Há uma revolta
compreensível dirigida a quem está revelando o que no fundo ela já sabia, mas
não queria aceitar.
Lembrei da minha
colega Silene de Taiobeiras, região de Montes Claros, Minas Gerais, ela me
contou uma passagem de sua infância.
O ano não tinha
sido bom para seu pai.
Ela e os muitos
irmãos pediram presentes caros para situação financeira que a família se encontrava.
O pai reuniu as
crianças e disse que todos receberiam presentes, mas não os que haviam pedido.
Ele quis evitar
decepções muito grande justo no dia de Natal.
Imagino que da
maneira mais sutil possível deixou claro que os presentes eram comprados por
ele e que Papai Noel não existia.
Os mais
grandinhos já desconfiavam e aceitaram bem, minha colega conta que foi um dia
muito triste, ela ficou muito decepcionada, mas nada comparado a reação de uma
de suas irmãs que literalmente surtou.
Teve um ataque de
choro e saiu em direção ao quarto gritando:
“Papai
Noel existe sim, existe sim, existe sim...”
Uma cena dura que
nem seu pai esperava, lhe encheu os olhos de lagrimas pela dor provocada na
filha.
Se coloquem na
situação daquela garotinha tendo seu sonho interrompido por alguém acima de
qualquer suspeita, seu papai da terra.
Depois de
crescidos riem do ocorrido naquelas reuniões familiares, mas o momento vivido
foi de muita dor.
Da mesma forma a
maioria das pessoas percebem que as coisas não caem do céu, tudo que elas
conquistam precisam correr atrás, precisam construir.
Se elas tem algo
sem muito esforço geralmente é graças ao seu papai e mamãe da Terra.
Esse “amigo
invisível” que faz as coisas por elas é um sonho bom e quando deparam com um
forte argumento mostrando isso...surtam.
Você é consolado
pela crença que se Papai
Noel não existe em
compensação tem o Papai
do Céu que sempre estará ao seu lado te protegendo de todo mal se você
for bonzinho, se comportar bem.
Daí vem o argumento:
Coisas ruins
acontecem sem que você tenha deixado de ser uma boa pessoa, mais ainda, pessoas
que fazem coisas recrimináveis muitas vezes ficam numa boa.
Se um ser puro,
bom, justo está no controle de tudo como explicar a chegada ao poder de pessoas
que deixam muito a desejar em termos de competência e/ou honestidade?
Porque tantos
assassinos não são rapidamente punidos por alguma justiça divina?
Essa crença na proteção de um ser invisível e
maravilhoso cai por terra.
“Papai do Céu existe sim, Papai do Céu existe sim...”
Você corre para o
“quarto” do ESCAPISMO:
👩 “As coisas ruins acontecem
para testar nossa Fé, nos tornar mais fortes.”
Mas essa fuga
não o livra de argumentos poderosos:
1 - Se
Deus faz testes não sabe tudo, se não sabe tudo não é onisciente.
2 - Deus
quer nos tornar mais fortes para que se no Céu será tudo mélzinho na chupeta!?
Me responda você, diante do
exposto, porque Deus coloca fardos para as pessoas carregarem?
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
Tirando
a fantasia não sobra nada, só a dura realidade que estamos sozinhos em nossas
formas biológicas?
Quem dera fosse
tão simples.
Papai Noel, Saci Pererê,
Loira do Banheiro, Fada Madrinha ... são histórias que nossa mente identifica
facilmente como “contos”.
O conto é uma obra de
ficção que cria um universo de seres, de fantasia ou acontecimentos.
Como todos os textos de ficção, o conto
apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
Boa parte da Bíblia
identificamos facilmente como contos.
Mas a questão
sobre a existência de outras formas de vidas que chamamos de espíritos fica em
aberto devido a certas observações.
Um exemplo?
Nunca consegui explicar a sorte como sendo apenas coincidência.
Usando a
dialética também questiono o “azar”.
Quem nunca esteve
naquela situação que tinha tudo para dar certo e em uma subversão da lógica as coisas dão errado ou muito distante do esperado,
do que seria natural acontecer?
Parece que há uma
grande “interferência” jogando algumas pessoas para cima e outras para baixo.
Esses “espíritos/entidades/seresquadridimensionais” que interferem em
nossas vidas não devem ser só bons, justos e perfeitos.
Porque se fosse
assim sempre que você fizesse o bem receberia o bem e sempre que fizesse o mal
seria punido de alguma maneira.
O que esperar dessas entidades que nos cercam?
Como ter sorte e
evitar o azar?
Tenha certeza que
se eu soubesse compartilharia com vocês.
Minha colega de
Minas Gerais e seus irmãos tiveram que se contentar com o que a vida poderia
lhes dar naquele Natal, claro que seus pais queriam lhes dar tudo do bom e do
melhor, mas tinham limitações.
As entidades que possivelmente
nos rodeiam devem ter suas limitações, tanto para nos ajudar quanto para nos
fazer mal.
O jeito é cada um
cuidar bem de si e da família.
Independente do
seu nível de sorte ou azar
Estude, trabalhe,
poupe, tenha juízo.
Aproveite tudo de
bom que conseguir conquistar.
Meu desejo, o que
eu pediria a um Papai do Céu?
Que nós pessoas de bem
fiquemos livres de demônios e cercados de anjos...
Boa Sorte!
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