domingo, 22 de dezembro de 2013

Sobre Inocência

   “Nunca abandone suas três grandes e inabaláveis amigas:
   Intuição, Inocência e Fé.
  [Autor desconhecido]



 
Superestimar Atribuir a algo ou alguém qualidades ou características acima das reais.

  Já escrevi bastante sobre superestimar a Fé.

 “Com Fé pode-se, tudo até mover montanhas”. 
 
  É comum ler postagens onde se você tiver Fé pode andar sobre as águas.
  O autor da postagem nunca conseguiu fazer isso, nunca presenciou alguém fazer isso, mas você só não faz se não quiser, se não tiver Fé o bastante.
  Basta ter a Fé mágica que o autor do post não tem...simples, simples.

  Superestimam a Intuição, Einstein foi mais provocativo.

  “Albert Einstein uma vez disse que “a intuição nada mais é que o resultado da experiência intelectual anterior”.

  Mas esse texto é sobre a “idolatria a inocência”.
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  Quem nunca viu aqueles posts onde criança é tudo de bom, verdadeiros anjos da sabedoria na Terra?

  Um internauta disse que todos os adultos deveriam voltar a ser crianças, o mundo ficaria bem melhor assim.

  Ele não estava sozinho nessa opinião, dezenas de pessoas positivaram seu post dizendo que deveríamos voltar a inocência da infância e a vida na Terra seria um paraíso.
  Caraca!
  Não sei onde estão essas crianças tão sabias e maravilhosas.
  Crianças querem sempre ser o centro das atenções e acabam sendo quando bebês porque realmente precisam de muita atenção e são cativantes.
  A medida que vão crescendo e tendo que assumir suas responsabilidades NÃO lidam muito bem com isso, gritam, esperneiam fazem birras.
  Não quero me estender sobre essa parte da análise, esse texto não é sobre crianças e sim sobre “inocência/ingenuidade”, PUREZA DE SENTIMENTOS.

  Quem acredita que crianças são anjos da sabedoria que prove sua tese as deixando comandar a casa.
  Da minha parte, quando vejo pais dominados por suas crianças é deprimente.

  

  Outros são tão hipócritas, defendem igualmente que crianças são anjos da sabedoria ao mesmo tempo que pregam na Internet a volta do espancamento infantil, vara de marmelo, cintadas, palmatória...dizem que a “tortura” fez com que fossem as pessoas “maravilhosas” que são hoje.
  Quem não é honesto e maravilhoso é porque não apanhou o bastante na infância!
  [Superestimam o passado, nele tudo era divino e maravilhoso, não havia criminosos, corruptos ou mau caráter de qualquer tipo...acredite quem quiser.]

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👨 “Havia mais inocência da minha geração, que não há na atual, pois esta geração dispõe de muito mais informações que a minha.”
 [Comentarista no G+]
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  Porque a “inocência” é algo tão desejável, sinônimo de uma vida melhor!?

  Acreditar que cegonha traz bebês é melhor que saber que eles acontecem a partir de uma relação sexual ou inseminação artificial?

 Tive uma infância muito pobre, pão com presunto era festa.
  Para minha filha pão com presunto...é pão com presunto, uma opção entre tantas outras.

    A inocência, a ingenuidade, tem seu charme, mas o conhecimento é mais eficiente mesmo que pareçamos mais “chatos”.
 [Isso para quem consegue medir a alegria das pessoas]


  Fiquei muito alegre quando ganhei minha primeira calculadora, minha filha ficou muito alegre quando ganhou seu primeiro celular que cá para nós é muito, mas muito melhor que minha calculadora, tem até uma calculadora incorporada.

  Como medir que minha alegria foi maior que a da minha filha?
  Como afirmar que minha infância foi melhor que da minha filha!?

  Se eu der uma calculadora para minha filha ela não vai achar nenhuma graça; por isso posso considerá-la chata?
  Ela CONHECE smartphones é natural que uma simples calculadora não lhe provoque grande alegria/emoção.
  Se alguém me desse hoje uma TV de tubo, sinceramente eu recusaria, só ocuparia espaço no apartamento.
  Não sou “inocente”, “ingênuo”, “SEI” que uma TV de LED é bem melhor.
 
  A primeira TV nova em casa foi eu que comprei.
  Durante o tempo que vivi com meu pai ele só comprou TVs bem usadas, quando houve a separação de minha mãe eu e ela só conseguimos comprar TVs bem usadas.
  As quebras eram constantes, os defeitos diversos.
  Tinha uma que o seletor de canais precisava ser escorado com um prendedor de varal para sintonizar o único canal disponível.
  Quando morei na Vila Boa Vista meu pai comprou uma TV tão antiga que dava até medo.
  Era de válvula, dá para acreditar?
  Demorava para ligar, fazia barulhos estranhos de uma bomba prestes a explodir e era feia, muito feia.
  Tinha uma caixa enorme para uma tela pequena, parecia um robô monstro de ficção cientifica.
  Não usamos muito, em pouco tempo ela quebrou várias vezes, meu pai não pagou e a TV voltou para loja de consertos.
  Saudades daquelas TVs antigas?
  Tudo que acontece em nossa infância e não nos faz “mal traumático” deixa alguma saudade.

  Defendo que não é saudade do objeto, da situação e sim da própria infância.




  A TV que marcou minha vida foi a primeira nova que comprei, a primeira a cores, com controle remoto.
  Era uma Mitsubishi, nunca deu defeito, depois de anos comprei uma de 29 polegadas, a Mitsubishi de 20 polegadas ficou obsoleta, mas ela continuou alguns anos comigo a coloquei no quarto.
  Certa vez uma funcionaria estava para casar meio às pressas, não tinha nada em “casa” [iria morar no fundo da casa da sogra].     
  Ela lamentou não ter nem uma TV, naquele momento percebi que minha querida Mitsubishi poderia fazer alguém muito alegre, lhe dei a TV, ela ficou radiante de alegria.

  O que já não é satisfatório para nós pode trazer muita satisfação aos outros, afinal o tempo passou e a TV era só um objeto, não algo a ser cultuado.

  Foi bom chegar com o objeto TV em casa, mas o memorável foi comprar algo tão desejado e bom, uma sensação maravilhosa, uma coisa tão simples que meus pais não conseguiram me dar estava eu ali realizando por conta própria.
  É evidente que as TVs que tenho em casa hoje são bem melhores, em termos de eficiência não dá para sentir saudades da Mitsubishi.

  É importante você perceber que certos saudosismos do passado se referem mais a saudade de nossa infância e juventude e nos iludimos “personificando” em um objeto.

  Rodar bambolê é uma coisa extremamente boba, mas ter 12 anos é inesquecível.

  Quando você tem 12 anos tudo é possível, tem uma vida para construir, tudo de bom pode acontecer.
  Se você é baixinho ainda pode crescer.
  Se você é bonito pode ficar grande e forte.
  Se sua aparência não é muito boa crescendo pode melhorar.
  A gostosa espera dos beijos, dos namoros, do sexo, de encontrar o amor da sua vida.
  Namorar, casar, ter filhos, ficar rico e famoso, ser um profissional de destaque... “tudo” é possível, nossa vida está em aberto.
    
  Vejo muitas postagens fazendo previsões sombrias para nossas crianças, uma delas dizia que nossas crianças munidas de tabletes e celulares não terão do que sentir saudade!!
  A infância e juventude sempre deixam saudades, até quando não são muito boas.
   Minha filha lembrará com saudades de seus DVDs e passeios, seu primeiro celular, seu primeiro tablete ... que são bem mais interessantes que rodar bambolê, soltar pipa com cerol ou prender pássaros em gaiolas.


“Na infância, nosso futuro é um sonho.
Na juventude, nosso futuro não tem futuro.
Quando adulto, nosso futuro é a realidade.
Na velhice, nosso futuro é uma tragédia.”
[Lapalce Rodrigues]


  Na infância, nosso futuro é um sonho – Tudo é possível.

  Na juventude, nosso futuro não tem futuro - Para o jovem a juventude é eterna, não tem as amarras do tempo.

  Quando adulto, nosso futuro é a realidade – Lá pelos 30 nos conformamos que muitos sonhos não serão realizados.

  Na velhice, nosso futuro é uma tragédia – Doenças que nos atingem, mortes de pessoas próximas.


Qual o sentido da vida?





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