Muitos admiram eu ter lido toda Bíblia,
outros duvidam.
Pra mim
foi gostoso, é uma coletânea de histórias.
As construções das
frases e tempos verbais são bem diferentes do que estamos acostumados
atualmente, porém no meu caso, li muitos livros antigos, me acostumei com esse
tipo de "gramática".
No
entanto prefiro ler e escrever da maneira mais simplificada possível,
praticamente do jeito que falamos no dia a dia.
É o que faço nos Blogs.
Vejam essa história de Onã (ou mais
propriamente Tamar) como é interessante se simplificarmos a gramática.
Gênesis 38
7- Er, o
primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.
O filho mais velho de Judá chamava Er, Deus
de Abraão o achava mau por isso o matou.
8- Então disse Judá
a Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita
descendência a teu irmão.
O outro filho de Judá chamava Onã, o filho do
meio, tinha ainda outro filho bem criança.
Era costume daquele
povo que quando o esposo morresse, o irmão do falecido ficasse responsável pela
viúva, inclusive no relacionamento sexual.
Judá manda que o Onã providencie logo o filho
na cunhada Tamar.
9- Onã, porém,
sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que
se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar
descendência a seu irmão.
Tem essa parte surreal para nós, mas entendam
que é uma história muito antiga, não tinham nenhum conhecimento de genética ou
DNA.
Para eles o filho gerado na cunhada
oficialmente seria filho de ER, com todos os direitos sobre a herança.
Notem
que o conhecimento era pouco, mas já sabiam que se a ejaculação ocorresse fora
da mulher a gravidez não aconteceria.
Inclusive essa pratica tem um nome em “homenagem”
a Onã.
ONANISMO:
1. Coito interrompido antes da
ejaculação.
2. Masturbação masculina.
[Dicionário Priberam]
10- E o que ele fazia
era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.
Deus de Abraão não
gostou do Onã "gozar fora" e o matou também.
Essa história fica
ainda mais "interessante".
Tamar queria ficar prenha a todo custo, gerar
um filho herdeiro.
Daí ela bolou um tremendo esquema.
Sabia que o sogro Judá usava os serviços de
prostitutas.
Em uma festividade (muito estranha da época),
conseguiu transar com Judá e ter seu tão desejado herdeiro.
Antes de concluir esse texto, leia essa matéria
onde há uma defesa acalorada de Tamar.
Nessas histórias antigas tome cuidado com o “excesso
de detalhes”.
Muita coisa é especulação.
Há casos de inventarem coisas para justificar
o injustificável, mas como provar que foi invenção?
Alguém coloca/cria um detalhe, aquilo vai
sendo repetido e para muitos vira “verdade verdadeira”.
Tamar: uma mulher que não
abriu mão de seus direitos.
Interessante
notar que, logo no primeiro versículo, lemos que Judá se separou de sua
família.
Pelo momento que a história é contada – logo
após terem vendido seu irmão – podemos supor que ele tenha preferido se afastar
para não ter que conviver com o sofrimento de seu pai e sobretudo por causa da
mentira que ocultava.
Naquela
época, uma viúva sem filhos teria sérios problemas na vida.
Ela
estaria condenada à mendicância após a morte de seus pais, pois o marido era
responsável pelo sustento e o filho, pela garantia da herança.
Após
a morte de seu esposo, Tamar lutou pelo seu “direito de ter um filho” e
sobretudo garantir os direitos de Er, seu esposo, em ter o seu nome preservado
através de um descendente.
Em
tais situações, era dever do cunhado perpetuar a linhagem de seu irmão falecido
(lei do levirato) e a também prover o sustento e as necessidades da viúva.
Cumprindo-se
a lei do levirato, Judá entrega Tamar a Onã, seu filho do meio.
Por
essa lei, o cunhado só poderia ter relações para gerar um herdeiro para o irmão
falecido, sendo que após a concepção, ela seria novamente viúva e não poderia
mais ter relações.
Onã
porém agiu com mesquinhez, primeiro porque não queria ter que dividir sua
herança com o filho que nasceria da cunhada (e a herança do primogênito, ou
seja, do filho mais velho que faleceu, era dobrada).
Segundo,
porque queria continuar mantendo relações.
Então
ele usou-se de um artifício para não engravidar a cunhada – derramava o sêmen
na terra.
Tal atitude custou-lhe a vida.
Vejam que nessa história
o personagem principal é ignorado na análise ... o Deus de Abraão.
Vamos analisar sua participação.
O Deus Bíblico tem
toda paciência do mundo com alguns indivíduos, lhes dá inúmeras oportunidades,
com outros é extremamente rigoroso.
A grande maioria é meio que deixada à própria
sorte.
Judá, é um daqueles irmãos que vendeu José
como escravo e iniciou a história tão conhecida do Egito que termina com Moisés
abrindo o Mar.
Vejam que Deus teve toda a paciência do mundo
com ele.
Er e Onã agiram mal?
Mas a ponto de serem sumariamente
exterminados!?
Tamar, claramente foi deixada a própria sorte,
teve que se virar como pode.
Para não abrir mão de seus direitos, escancarou
a periquita 😏.
Tudo acabou dando certo para ela, mas não
notamos nenhuma intervenção de Deus “para o bem dela”.
Uma intervenção simples podia mudar toda história.
Bastaria Deus ter deixado Er engravidar Tamar
antes de mata-lo.
Essa lógica entra em sua mente?
O companheiro Sócrates dizia:
“Não posso ensinar nada a ninguém, só posso
fazê-lo pensar.”
Não precisa gostar do que escrevo, nem do
jeito que escrevo, me basta que PENSE.
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