quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Tamar


  Muitos admiram eu ter lido toda Bíblia, outros duvidam.
  Pra mim foi gostoso, é uma coletânea de histórias.

  As construções das frases e tempos verbais são bem diferentes do que estamos acostumados atualmente, porém no meu caso, li muitos livros antigos, me acostumei com esse tipo de "gramática".

   No entanto prefiro ler e escrever da maneira mais simplificada possível, praticamente do jeito que falamos no dia a dia.
  É o que faço nos Blogs.

  Vejam essa história de Onã (ou mais propriamente Tamar) como é interessante se simplificarmos a gramática.


Gênesis 38

7- Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.

  O filho mais velho de Judá chamava Er, Deus de Abraão o achava mau por isso o matou.

8- Então disse Judá a Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita descendência a teu irmão.

  O outro filho de Judá chamava Onã, o filho do meio, tinha ainda outro filho bem criança.

  Era costume daquele povo que quando o esposo morresse, o irmão do falecido ficasse responsável pela viúva, inclusive no relacionamento sexual.
  Judá manda que o Onã providencie logo o filho na cunhada Tamar.

9- Onã, porém, sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência a seu irmão.

  Tem essa parte surreal para nós, mas entendam que é uma história muito antiga, não tinham nenhum conhecimento de genética ou DNA.
  Para eles o filho gerado na cunhada oficialmente seria filho de ER, com todos os direitos sobre a herança.
   Notem que o conhecimento era pouco, mas já sabiam que se a ejaculação ocorresse fora da mulher a gravidez não aconteceria.
  Inclusive essa pratica tem um nome em “homenagem” a Onã. 

ONANISMO:
 1. Coito interrompido antes da ejaculação.
2. Masturbação masculina.
    [Dicionário Priberam]


10- E o que ele fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.

  Deus de Abraão não gostou do Onã "gozar fora" e o matou também.


  
  Essa história fica ainda mais "interessante".



  Tamar queria ficar prenha a todo custo, gerar um filho herdeiro.
  Daí ela bolou um tremendo esquema.
  Sabia que o sogro Judá usava os serviços de prostitutas.
  Em uma festividade (muito estranha da época), conseguiu transar com Judá e ter seu tão desejado herdeiro.


  Antes de concluir esse texto, leia essa matéria onde há uma defesa acalorada de Tamar.
  Nessas histórias antigas tome cuidado com o “excesso de detalhes”.
  Muita coisa é especulação.
  Há casos de inventarem coisas para justificar o injustificável, mas como provar que foi invenção?
  Alguém coloca/cria um detalhe, aquilo vai sendo repetido e para muitos vira “verdade verdadeira”.

Tamar: uma mulher que não abriu mão de seus direitos.

  Interessante notar que, logo no primeiro versículo, lemos que Judá se separou de sua família.
   Pelo momento que a história é contada – logo após terem vendido seu irmão – podemos supor que ele tenha preferido se afastar para não ter que conviver com o sofrimento de seu pai e sobretudo por causa da mentira que ocultava.

  Naquela época, uma viúva sem filhos teria sérios problemas na vida.
  Ela estaria condenada à mendicância após a morte de seus pais, pois o marido era responsável pelo sustento e o filho, pela garantia da herança.
  Após a morte de seu esposo, Tamar lutou pelo seu “direito de ter um filho” e sobretudo garantir os direitos de Er, seu esposo, em ter o seu nome preservado através de um descendente.
  Em tais situações, era dever do cunhado perpetuar a linhagem de seu irmão falecido (lei do levirato) e a também prover o sustento e as necessidades da viúva.

  Cumprindo-se a lei do levirato, Judá entrega Tamar a Onã, seu filho do meio.
  Por essa lei, o cunhado só poderia ter relações para gerar um herdeiro para o irmão falecido, sendo que após a concepção, ela seria novamente viúva e não poderia mais ter relações.
  Onã porém agiu com mesquinhez, primeiro porque não queria ter que dividir sua herança com o filho que nasceria da cunhada (e a herança do primogênito, ou seja, do filho mais velho que faleceu, era dobrada).
  Segundo, porque queria continuar mantendo relações.
  Então ele usou-se de um artifício para não engravidar a cunhada – derramava o sêmen na terra.
  Tal atitude custou-lhe a vida.



 

  Vejam que nessa história o personagem principal é ignorado na análise ... o Deus de Abraão.
  Vamos analisar sua participação.

  O Deus Bíblico tem toda paciência do mundo com alguns indivíduos, lhes dá inúmeras oportunidades, com outros é extremamente rigoroso.
  A grande maioria é meio que deixada à própria sorte.

  Judá, é um daqueles irmãos que vendeu José como escravo e iniciou a história tão conhecida do Egito que termina com Moisés abrindo o Mar.
  Vejam que Deus teve toda a paciência do mundo com ele.

  Er e Onã agiram mal?
  Mas a ponto de serem sumariamente exterminados!?

  Tamar, claramente foi deixada a própria sorte, teve que se virar como pode.
  Para não abrir mão de seus direitos, escancarou a periquita 😏.
  Tudo acabou dando certo para ela, mas não notamos nenhuma intervenção de Deus “para o bem dela”.

  Uma intervenção simples podia mudar toda história.

  Bastaria Deus ter deixado Er engravidar Tamar antes de mata-lo.

  Essa lógica entra em sua mente?

  O companheiro Sócrates dizia:
 
  “Não posso ensinar nada a ninguém, só posso fazê-lo pensar.”



  Não precisa gostar do que escrevo, nem do jeito que escrevo, me basta que PENSE.






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