“A Matemática apresenta
invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os curiosos como,
também para auxiliar as artes e poupar trabalho aos homens.”
[Descartes]
Um debatedor ficou horrorizado por eu usar o
termo Filosofia Matemática.
Disse que tudo
que escrevo é lixo por eu tentar “orientar as pessoas” com algum conceito matemático.
Vejam seu principal
argumento:
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👨 “A matemática é a Lei que rege as
"coisas" e a Lei Moral é a lei que rege "pessoas".
Ambas
as leis são exatas e não são intercambiáveis, de modo que não aplicamos uma
moral para coisas e nem aplicamos a matemática a pessoas.
O que
isso significa é que quando se trata do direito dos homens, é absolutamente
proibido a menor interferência da matemática.”
[Comentarista no Face]
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Moral é a “lei
que rege as pessoas”!?
Qual o conceito
mais aceito de moral?
“MORAL é o conjunto de regras
adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que
orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade.
O termo tem origem no Latim “morales” cujo
significado é “relativo aos costumes”.
[Significados.com.br]
Vamos filosofar
um pouco mais sobre conceitos.
Para você que
gosta do Livre Pensamento tome cuidado com armadilhas/manipulações em debates.
O que define os
conceitos são as CONVENÇÕES e/ou PROVAS EMPIRICAS.
“CONVENÇÃO, acordo sobre determinada
atividade, assunto etc., que obedece a entendimentos prévios e normas baseadas
na experiência recíproca.
[Dicionario Google]
Muitos pensadores
ignoram as convenções (acordos sociais) só para fazer valer suas argumentações.
É algo como mudar
arbitrariamente as regras do jogo durante o jogo.
No mundo dos pensamentos podemos criar qualquer coisa,
mas transforma-las em realidade palpável no nosso mundo tridimensional nem
sempre é fácil, por vezes é impossível.
Exemplo:
Você quer anular
a força da gravidade para sair flutuando...é um belo pensamento.
Mas se você
anular a força da gravidade se desprenderá da Terra e escapará para o espaço,
morrerá por falta de oxigênio ou por congelamento em pouco tempo.
Deduzimos que seu
pensamento está incompleto, mal estruturado, se você fizesse esse pedido a um
ser magico e ele lhe concedesse seria o seu fim.
Se seu pensamento
se transformasse em realidade seria seu fim.
O pedido/desejo
certo seria controlar a força da gravidade e não simplesmente anula-la.
Como não temos
seres mágicos o caminho é nos dedicarmos a pesquisas cientificas, desenvolver
alguma tecnologia que nos permita controlar a força da gravidade.
Perceba que ter o
pensamento de flutuar é fácil transformá-lo em realidade no mundo
tridimensional não é?
Vamos voltar para
as convenções.
Se cada um faz o
que quer de acordo com o próprio pensamento/vontade fica mais fácil caminharmos
para o caos e destruição que para qualquer outra coisa.
Precisamos sintonizar/harmonizar nossas
ações e pensamentos.
Por isso adotamos convenções e elas devem ser
respeitadas.
O que é 1 metro?
É uma convenção
de medida aceita pela maior parte da humanidade.
Há lugares que
ainda usam polegadas, a comunicação fica mais difícil porque precisamos de uma
tabela de conversão.
Olhe para esse
símbolo: “2”
Começamos a
chama-lo de “dois”, ele representa um par de qualquer coisa.
Mas esse símbolo
é uma abstração de alguém que outras pessoas decidiram aceitar para facilitar a
comunicação.
Em algarismos
romanos o par de coisas é representado pelo símbolo “II”, no entanto os símbolos arábicos foram se mostrando mais
eficientes.
No idioma inglês falamos
“two”.
O interessante é
que se a grafia e o som do 2 muda de acordo com o povo, sua aplicação matemática
é estável.
Na Itália, Brasil
ou Inglaterra 2 se mantem representando um par de qualquer coisa.
O símbolo 2
como representação de um par virou uma convenção humana mundial.
Apesar do “2” ser
uma convenção, ele é um conceito muito bem “materializado” em nosso mundo uma
vez que todos aceitamos seu valor e sua posição matemática.
Eu digo que 2 + 2
é igual a 4, e um pensador arbitrariamente decide não aceitar essa convenção!
Que não vai se
submeter ao sistema!
Convencionamos
que Moral é o conjunto de bons costumes aceitos por uma sociedade.
Daí um pensador
vem e arbitrariamente decide que Moral é uma lei!
Imagine que você
vai prestar o vestibular e a banca arbitrariamente muda os valores dos símbolos
...4 agora é 3 e 3 agora é 5.
Ficará difícil
você conseguir um bom resultado nessa avaliação.
Em debates
filosóficos é a mesma coisa, se não respeitamos as convenções o debate fica
árido ligando nada a lugar nenhum, um grande tédio para o Livre Pensador
👨
“O que isso
significa é que quando se trata do direito dos homens, é absolutamente proibido
a menor interferência da matemática.”
Caraca, eu paguei
2 reais por um quilo de arroz, mas pesei o pacote e tinha apenas 900 gramas.
Devo ignorar a
matemática, ela não serve como prova de dolo!?
O que são as
multas e penas prisionais senão cálculos matemáticos?
👨
“Moral é a
lei que rege as pessoas.”
Nossas leis podem
ser baseadas em costumes, mas não necessariamente.
Acredito que
todos concordamos que o adultério em nossa sociedade é algo imoral, se você
assumiu compromisso de fidelidade com uma pessoa deve respeitá-lo.
No entanto não é
ilegal.
A moça não será
presa por trair o companheiro.
Em algumas
culturas ela ser apedrejada pela traição é perfeitamente legal e defende a moral.
Aqui no Brasil
nada justifica uma mulher ser apedrejada é imoral e ilegal.
Deduzimos que
moral NÃO é uma “lei que rege as pessoas”.
Moral são
costumes considerados “bons” estabelecidos em uma sociedade.
Tudo que fere
esse “bom costume” é imoral.
Nesse debate no
Face o comentarista se mostrou simpatizante do Kardecismo, para ele a Moral é a
que foi psicografada no Evangelho Segundo o Espiritismo, por isso ele a
considera uma lei deixada por “espíritos superiores”.
Quando a Doutrina
Espirita for nossa Constituição pode até ser, mas espero que isso nunca
aconteça... gosto do Estado Laico.
“Um Estado secular ou Estado Laico é um conceito do secularismo onde o
Estado é oficialmente neutro em relação às questões religiosas, não apoiando
nem se opondo a nenhuma religião.”
Necessariamente
“colhemos o que plantamos” ... será mesmo?