terça-feira, 26 de agosto de 2014

Desperdício na Escola






  "Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso!"


  (Bertolt Brecht)





   


                                               


 “O gabinete do doutor Callegari, sob ordens de Haddad, descobriu que pobre faz mau uso das canetas, dos lápis e dos cadernos e decidiu cortá-los!

  É o socialismo do "homem novo".


 ➥Reinaldo Azevedo


 

  Concordo com Callegari sobre o desperdício de materiais.
  Reinaldo Azevedo transformou isso em uma discriminação contra pobres, enquanto eu vejo como uma luta contra o desperdício.
  Minhas filhas “ganham” essas coisas genéricas da Prefeitura e acabam não usando.
  Os cadernos são muito simples e padronizados, as meninas gostam de ter algo mais “particular.”
   O pior disso é que os pais acham que dar uniforme vagabundo e algum material escolar torna a escola boa!!!

   Mais uma vez eu digo que sou a favor da caridade... para quem "precisa".

  Levo minhas filhas na escola e vejo que uns 90% dos alunos não usam a mochila fornecida pela prefeitura.
  Usam a contra gosto um uniforme de qualidade ruim (é obrigatório).

  Quando eu estudava era um jaleco branco e o crachá da escola, dava para comprar mesmo eu sendo pobre, tinha uns bem baratinhos no centro da cidade.
  Quem não tinha condições poderia recorrer a assistência social.

   Hoje em dia todos recebem indiscriminadamente, o que tem de escândalos envolvendo a licitação desses materiais, é uma verdadeira máfia.

  Acho que o secretario do Prefeito Fernando Haddad vai se ferrar.

  Fazer a coisa mais lógica nesse país parece um atentado aos “maus costumes.”

  Porque defendemos tanto os maus costumes?
  Me diga você, eu não entendo... 





  Boa parte dos filhos acreditam que os pais são fontes inesgotáveis de dinheiro.

  Faz uns 2 anos minha filha me pediu um Iphone.
  Caraca!
  Porque uma garota de 12 anos precisa de um aparelho tão sofisticado!?
  Se minha filha fosse um pouco mais realista nem pediria uma coisa dessas.
  Mas crianças são assim, minha esposa que faz mais as vontades de minhas filhas comprou bons aparelhos celulares para elas, entretanto não esse top de linha.
  Porque estou escrevendo isso?

  Parte significativa de nosso povo (a maioria) age como crianças em relação ao Governo.

  Acreditam que o Governo tem dinheiro absolutamente para tudo e se não faz é por maldade, porque não quer ou ainda porque tudo é desviado e roubado.

  Para situação ficar mais caótica o próprio Governante acredita que tem que ser esse paizão, esse deus provedor de tudo.

  O cidadão se candidata acreditando que há dinheiro para tudo, só falta “vontade política”.
  Afinal ele ouviu isso desde criancinha... não, o político não veio de outro planeta, acredite ela faz parte do povo.
  Qualquer político que você elege tem 99,9% de chances de ter nascido e sido criado no Brasil.

   Evidente que não há dinheiro para tudo, com a imaturidade (irresponsabilidade) do eleitor e do eleito as dividas vão se acumulando.

  Se eu e minha esposa fizéssemos tudo para agradar nossas filhas teríamos em casa muitas coisas de utilidade questionável, como NÃO temos dinheiro para tudo acabaria faltando para coisas essenciais.

  Os pais acreditam que o Governo tem obrigação de dar materiais escolares para os filhos e o Governo tenta atender essa expectativa.

  A única maneira de atender a essa expectativa seria se cada criança e sua mãe fizessem uma lista com a especificação do material escolar e entregasse ao Governo.
  A escola teria que ter pessoas para atender esse serviço “personalizado”, claro que isso custaria bastante dinheiro dos impostos.
  Já que o Governo não consegue fazer esse atendimento personalizado ele faz uma lista genérica de materiais que “atenderão a todos” e abre licitações para adquiri-los.
  Quem realmente não tem condições de comprar nada aproveita, fica alegre com a ajuda do Governo.
  No entanto quem tem alguma posse acaba substituindo o material recebido.

  Aqui é interessante aplicarmos um pouco de Filosofia Matemática:

  Em uma cidade como Campinas quantas famílias não tem condições de comprar o material escolar de seus filhos?

  Vamos chutar alto, digamos que para 20% de famílias não sobra dinheiro para comprar um lápis e caneta.

  Saiba que os dados oficiais são os seguintes:

                                           


  “Em 2010, 6% da população do país, ou 11.425.644 pessoas, moravam nos chamados aglomerados subnormais, como favelas e ocupações, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

  O levantamento, parte dos dados do Censo Demográfico 2010.”


 


  É pouco provável que Campinas esteja tão acima da média nacional com relação aos indivíduos que “supostamente” são os mais pobres por morarem em favelas.
  Entenda também que morar em casa e bairros regularizados não torna ninguém rico.
  Eu nunca morei em favela, na maior parte de minha vida morei em casa de fundos, primeiro da minha avó paterna e depois da minha avó materna.
  Tenho certeza absoluta que muitos moradores de favela não passaram as dificuldades financeiras que minha família passou.
  Sim, comprar uma caixa de lápis de cor era muito difícil.
  Eu tinha pavor das aulas de educação artística, cartolina, tinta, cola...eram demais para minha mãe que vivia de faxinas.
  Quando comecei a trabalhar na feira livre fiquei satisfeito por não ter que pedir essas coisas a minha mãe.

  Por isso vamos manter a porcentagem de 20% de pessoas em grave situação financeira.
  Vou mostrar que mesmo assim essa coisa do Governo se obrigar a dar material escolar é algo medonho para um "capitalista".

  Se 20% dos pais não tem condições de comprar o material escolar a matemática nos diz que 80% tem.

  Isso quer dizer que 80% do material licitado está sendo subutilizado, DESPERDIÇADO!
  Esse dinheiro dos impostos poderia estar sendo utilizado em coisas mais importantes, de certo no setor da educação não faltam problemas.

  Esse é mais um texto onde questiono a Caridade Automática”.  

  Decidiu-se por decreto que 100% das famílias que tem filhos em escolas públicas de Campinas não tem condição de comprar material escolar, e decidimos pagar isso com o dinheiro dos impostos.

  “Afinal o Governo tem dinheiro absolutamente para tudo”, porque não dar os materiais escolares mesmo para quem não precisa...

  Lembrei da conversa que tive com um “socialista” a esse respeito.
  Sem poder contra argumentar os números ele apelou para o “psicologismo”.
  Ele disse que criaríamos um trauma nos 20% de alunos que recebessem materiais da Prefeitura.
  Eles se sentiriam inferiorizados em relação aos que podiam comprar.

  Não entendo bem porque alguém tem vergonha de ser pobre!

  Não é algo que você pediu para nascer...aconteceu, até onde sabemos, independentemente da nossa vontade.
  Acredito que 99,9% das pessoas se pudessem escolher gostariam de nascer com muita saúde, bonitas e ricas.



  Eu não posso trocar de carro todo ano, tenho vizinhos que podem, porque tenho que me envergonhar disso ou pior, desejar mal ao meu vizinho!? 

  Mas vamos buscar uma solução satisfatória para esse “trauma” das crianças.

  A vergonha de ser pobre existe e temos que lidar com ela.

  O Estado não compraria o material nem colocaria seu logo nele.
  Faríamos o que fazemos com o Bolsa Escola.
  A família carente COMPROVARIA sua dificuldade financeira em sigilo na diretoria da escola.
  A família receberia uma ajuda de custo suficiente para comprar o material pedido.
  NÃO, nada de mais cartões isso aumentaria o custo, mais dinheiro dos impostos.
  O Governo disponibilizaria um “Cartão Cidadão”
  Todo ano aconteceria a avaliação sobre a NECESSIDADE da continuidade do benefício.
  Mais uma coisa, o familiar responsável deve apresentar a nota fiscal do material comprado.
  Se ele recebeu mil reais para compra de material escolar é em material escolar que esse dinheiro deve ser gasto, nada de comprar cigarro, cerveja, roupa da moda...

  Minhas filhas estudam em escolas públicas, pela minha renda e da minha esposa elas NÃO receberiam esse material genérico, o que eu acho disso?
  JUSTO.

  Atualmente todos anos elas recebem materiais que tem a destinação bem próxima do que o secretario de Haddad descreveu.
  Eu uso os cadernos como rascunho para escrever meus textos, lista de compras e recados em geral.
  Os lápis de cor que não são da qualidade que minhas filhas gostam vão para brincadeiras, entregues a escolinhas evangélicas...coisas do tipo.
  Minhas filhas não gostam das mochilas genéricas entregues pelo Estado que são até boas, nos servem para guardar livros e cadernos antigos de outras séries.
  Minhas filhas gostam de cadernos com capas ao gosto delas e “Carlos Gomes” na capa...não é bem o que elas querem.

   

  A camiseta recebida nunca foi de qualidade, gostaria de comprar camisetas melhores para elas, mas sem o logo do Município não é permitido.

  Não vou mais alongar esse texto.

 



    


                                               


  “Sócrates dizia que se alguém está no escuro da caverna e pretende sair vai caminhando lentamente para luz, se acostumando com ela.
  Se você obrigar, arrastar alguém contra a vontade para fora da caverna, a luz a cegará e sua escuridão ficará ainda maior.”
 
  A "verdade" só liberta quando você e muitos a sua volta a buscam.
 
  ➥Repense


 





  


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