sábado, 24 de junho de 2017

Watchman

“Deuses” existirem não é impossível, impossível é a “ideia” que temos deles.
  [William Robson]



    Esse filme foi para tela em 2009, só assisti em 2016.
  Não sabia da existência dele, de certo ficou em cartaz no cinema, mas não foi um grande sucesso.

  Na minha caça a filmes na TV a cabo devo ter lido a sinopse e não me interessei.
  Tinha a palavra “super heróis” pensei logo naquele tipo de filme “infantilóide” com personagens da Marvel.

  Outro dia zapeando no controle remoto tropecei no filme.
  Ouvi um diálogo intrigante, tão com a cara da Filosofia Matemática que me interessei pelo filme.

  Daria para escrever uns 10 textos, as provocações são muitas.
  O coloco no mesmo nível de Jornada nas Estrelas, Star Wars, Exterminador, Matrix.

  A principal provocação é:

  Como seria o surgimento de um Deus?

  Eu teorizo que a matéria sempre existiu.

  Em algum momento, com as trilhões de interações nesse Universo infinito, a vida surgiu.

  Substitua “argila” por matéria inorgânica, e “homem” por matéria orgânica e ficamos com uma equação interessante.

  “O homem foi feito da argila.”

  "A matéria orgânica foi feita da matéria inorgânica."

  As possibilidades são infinitas.
  Aqui na Terra temos as mais variadas espécies com vidas baseadas em carbono e DNA.
  Essa base produziu seres inteligentes, nós humanos com QI médio de 10 nos achamos o ápice da evolução.

  E se surgissem humanos ou outra espécie com QI 300?

  No filme vemos o surgimento de uma inteligência muito superior, porém é um acidente único.
  O cientista fica preso em um experimento, recebe alta dose de radiação.
  A base de seu corpo muda e sua inteligência aumenta exponencialmente.
  Surge o Doutor Manhattan.



  Manhattan era muito poderoso podia inclusive ver o futuro com uma considerável precisão, vamos seguir por esse caminho...

 

  Todos nós somos capazes de prever alguma coisa, antecipar mentalmente um resultado, uma consequência.



  É o que eu chamo de “sequência de eventos”.

  Você coloca uma panela com água no fogão, liga o fogo.
  Sabemos o que irá acontecer.
  A água vai esquentar, depois ferver, evaporar, a panela vai derreter e se tiver algo próximo ao fogão que propague fogo um incêndio pode acontecer.

  Observe que até o derretimento da panela “o futuro” é bem previsível depois disso aparece o “se”.

  Prever o futuro está ligado ao conhecimento e informações que você tem.
  A nossa meteorologia prevê o clima assim.
  Conhecemos as consequências de cada variável e super computadores nos fornecem o máximo de variáveis (informações) possíveis.

  Manhattan conseguia ser “onipresente” desdobrar sua consciência em vários corpos e se desdobrar em vários corpos.
  Em uma cena ele está transando com a mocinha no quarto ao mesmo tempo que está aperfeiçoando um equipamento em seu laboratório.

  Como uma super mente entende tudo de sexo e demais funções biológicas, ele estava proporcionando grande prazer a moça.
  Acontece que ela descobriu que ele estava em dois lugares ao mesmo tempo e não gostou nada daquilo.
  Quis discutir a relação.

  Com quem ela estava transando de fato, com o original ou cópia?

  Como Manhattan poderia explicar que não havia cópia, tudo era ele…
  Eu William, tenho um comportamento no trabalho, sou bem mais formal.
  Em casa sou mais descontraído.
  Se eu me desdobrasse em dois corpos no trabalho eu continuaria formal em casa continuaria descontraído … qual seria a cópia?
  Qual dos dois “willians” não seria eu!?

  Para nós que não conseguimos desdobrar nossa consciência em corpos é algo difícil até de imaginar, mas porque seria impossível?

  O fato é que Manhattan tinha essa habilidade e isso lhe proporcionava conhecimento e processamento de milhões de variáveis possibilitando que ele antecipasse boa parte do futuro.

  Notaram o surgimento de um “deus”?

  Temos um Manhattan onipresente, onisciente, mas ele não é perfeito nem onipotente.
  Sua onipresença e onisciência não é ilimitada, tanto que ele é manipulado no filme.

  E aqui surge outra grande provocação desse ótimo filme.

 

  Não sei porque alimentamos a certeza que alguém muito inteligente se transforma em um ser hiper racional.


 

  Para sermos 100% racionais temos que ser 0% emocionais.
  Será que isso é possível?
  Para Manhattan não era.
  Ele amava sua primeira companheira, mas começou a se interessar por outra.



    Ele chegou à conclusão que as duas mulheres eram maravilhosas, mas a segunda era mais nova, estava no ápice da beleza.
  Manhattan era muito atraído pela beleza.

  Em uma cena muito impactante a mulher que ele estava deixando gritou com ele.

  “Você está me deixando porque estou ficando velha é isso?”

  Ele não disse nada, sabia das consequências, mas no filme podemos ouvir seu pensamento.

   Sim, é isso.

   Ele não envelhecia.
   Imagine se sua esposa não envelhecesse, ficasse para sempre com o frescor dos 20 anos.
   Por quanto tempo ela suportaria vê-lo envelhecer?
   Envelhecer juntos é uma coisa, só um envelhecer é outra muito diferente, um outro mundo...

  Como alguém pode ser perfeito se tem sentimentos?
 
  Não dá.
  Você sempre acaba se apegando a alguma coisa ignorando a razão.

  A racionalidade plena é a perfeição?
  Não.
  Em muitos filmes vemos que androides muito sofisticados acabam desenvolvendo sentimentos.
  Calma, não estou me baseando em filmes como “prova” de nada, apenas acompanho uma dedução lógica.
  Sigam-me os bons 😊

  Um Androide consciente inevitavelmente vai querer se manter vivo/funcionando e isso já é um sentimento.
  Que outros sentimentos virão depois?
  Ficar mais forte, poderoso, indestrutível.

  É evidente que se androides não tem canais lacrimais nem água em seu interior não irão chorar.
  Se não tem motores e fios para provocar alguma expressão facial não vamos ver alguma emoção ao olharmos para eles.
  Mas ...

 

  Uma vez com consciências independentes, terão vontades independentes.


 


    Fica claro que um ser consciente para se manter vivo tem que ter uma razão para viver, um objetivo, esse objetivo quem confere são os sentimentos/emoções.

  Razão a 100% nos conduziria a aniquilação porque não existe nada mais racional que a morte, a não existência. 
  Pense bem, se você não tem sentimento não tem prazer, tudo é tanto fez e tanto faz.

 

    Se nada lhe interessa, nada lhe importa, para que existir!?


 


  



  Vou tentar outra ilustração.

  Eu sei que preciso de 2 mil calorias para me manter vivo, fazendo coisa básicas.
  Eu cientificamente desenvolvo um suco ou pílulas com todos os nutrientes que preciso e consumo 1 litro diário de água.
  Se eu não tenho sentimento, não tenho nenhum prazer em nada, faço apenas o que é preciso fazer.
  Eu durmo, acordo, tomo minha pílulas, bebo a água, faço meus deveres sociais, durmo, tomo minhas pílulas, faço meus deveres sociais, durmo…
  Não tenho um objetivo, não tenho uma vontade, não tenho um plano.
  E fácil concluir que deixar de existir é o mais lógico a fazer.
  Viver pra quê!?

  Manhattan passou a admirar a beleza das coisas.
  Embora a espécie humana seja fascinante nossa limitação lógica passou a entedia-lo, decidiu se afastar do convívio humano e explorar o Universo.

  Manhattan optou por nos acompanhar de longe, só intervindo em questões muito complicadas.
  Deixando (quem sabe) que nós atinjamos por nós mesmos uma grande evolução.
  Essa evolução mental cultural tem que vir por nós mesmos, por nossa vontade.
  Cada um de nós tem que ver a beleza da paz, harmonia da evolução tecnológica.

  Muitos perguntam:

 

   Se deuses/espíritos existem porque não se apresentam em rede nacional, exibem seus poderes?


 

  Qual conhecimento você tem dessas outras formas de vida?
  Qual a base para acreditar que os padrões da “nossa dimensão” se aplicam em outra?

   Vamos a uma ilustração.

  Porque o professor não dá a prova já com os resultados para os alunos?
  Pelo motivo óbvio do “aprendizado” não ocorrer.

  Porque o professor simplesmente não estala os dedos e os alunos passam a ter todo nosso conhecimento acumulado?
  Porque o professor NÃO tem esse poder.


  “Deuses” existirem não é impossível, impossível é a ideia que temos deles.

  Qual a ideia que temos deles, ou "dele" no caso de religiões monoteístas?

   Que sempre existiram, criaram toda matéria, toda vida, são perfeitos, onipresentes, oniscientes, onipotentes ... ufa!

  Precisamos ser menos infantis e evoluir.

   "Talvez" estejamos nessa dimensão aprendendo a sermos entidades espirituais.

  Nenhum deus tem poder para introduzir uma grande evolução mental com um estalar de dedos.

  Você terá que fazer sua parte, buscar a beleza.

  Fique com Deus!


  


 

  Alcançar a “Iluminação” é entender que todos somos espíritos com potencial para sermos muito evoluídos (deuses).
  O caminho é longo, sem fim.
  Felicidade não existe, só o caminho.
 Trilha-lo com eficiência/sabedoria ... que BONITO!
 
  Na eterna busca pela “verdade” somos premiados com a BELEZA.



 


 

   Um colega certa vez disse que mosquitos não deveriam existir.
  Perguntei: porque humanos deveriam existir?
  Ele disse que humanos constroem coisas, casas, estradas.
  E mosquitos precisam disso pra que?
  Os mosquitos podem muito bem olhar para nós e dizer que humanos não deveriam existir.
  Formas de vida por mais complexas que sejam são insignificantes no Universo.
  Não há formas de vida em Marte e o planeta está lá da mesma forma.
  Qual é a espécie mais evoluída do nosso planeta?
  Nós humanos!?
  Mas se a Terra for destruída nosso destino será melhor que o dos mosquitos!?
  A espécie que for capaz de sobreviver mesmo quando esse planeta não mais existir ... será a mais evoluída.
   Concordo que nós humanos estamos “mais próximos” disso (se ignorarmos certos seres microscópicos).
   Mas esse “próximo” ainda está bem distante.
   Pense em um avião caindo.
   Os da classe executiva podem se achar superiores, mais evoluídos que os da classe econômica.
  Mas lá embaixo, em meio aos destroços sem sobreviventes, a “evolução” era só ilusão.
  Teoria da Mutação



 



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Um comentário:

NIHIL METILENE disse...

Que lindo, Sr.William!❤