terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Celular na Cadeia

  

  Quem é punido com prisão fica afastado da sociedade.

  Quando o cidadão está próximo do fim da pena cabe o conceito de ressocialização.

  Digamos que ficou preso 10 anos.

  São 120 meses fora do convívio social “normal”.

  Se nós enquanto sociedade achamos essa pena justa para o delito cometido, depois de cumprida a pena devemos reintroduzir esse indivíduo em nosso convívio normal sem maiores cobranças ou preconceitos.

 

  No último ano de prisão, através de assistentes sociais podemos verificar se o preso terá um lar para voltar ou se teremos que providenciar vaga em albergue.

  Verificamos se ele terá facilidade para conseguir emprego ou se teremos que ajuda-lo em uma recolocação e garantir uma renda mínima até que isso aconteça.

 

  Punição ou Ressocialização

 

 

  
Nietzsche escreveu algo interessante:

  "Ao combater monstros cuidado para não cometer monstruosidades."

  O sujeito cometeu um crime, foi grave a ponto de o encarcerarmos.
  Como deve ser a prisão?
  Ter condições dignas ou sub-humanas?

  Pessoas dignas tem pensamentos e ações dignas.
  Monstros cometem monstruosidades.

  Roubar, assassinar, estuprar, sequestrar ... são monstruosidades contra um indivíduo.
  Para combater pessoas que cometem monstruosidades nossa única opção é sermos monstros também!?

  Considero justo prender “fisicamente” o indivíduo que cometeu um crime digno dessa punição.
  Prendê-lo em celas super lotadas ... não seria uma ação digna da minha parte.
  Negar-lhe água ou comida seria uma monstruosidade.
  Submete-lo a tortura ... eu estaria me tornando um monstro.

  Em casos mais graves sou a favor da pena de morte, da maneira mais rápida e indolor possível, uma morte “civilizada”.

  Nossa ação como pessoas "civilizadas" deve  primar pela lei, ordem, justiça.
  Punir com detenção alguém que praticou um crime é justo, mantê-lo em condições sub-humanas não.

  Se é vontade do preso trabalhar e podemos proporcionar isso é bom que façamos.
  Celas com espaço razoável, limpas e organizadas são coisas que estão ao nosso alcance.
  Se é da vontade do preso estudar é claro que na situação dele terá grandes limitações, mas veremos o que é possível fazer.

  Sair da cadeia para estudar nem pensar, regime fechado é regime fechado, mas um estudo a distância é possível.
  Para isso seria necessário o uso da Internet...

  Preso usar celular é proibido.
  Você concorda com essa proibição?


  Eu NÃO.

  Há uma ideia dominante que devemos proibir celulares nas cadeias.
  O argumento mais forte é que facilitaria comandar o crime das prisões.
  Mas antes dos celulares esse tipo de comando já acontecia.
  Como impedir que o preso fale alguma coisa a uma visita e ela transmita a outros?
  O advogado do preso pode se prestar a esse papel.

  Um agente penitenciário corrupto ou intimidado pode se prestar a esse papel.
  Um chefão do crime pede ao carcereiro para transmitir uma mensagem, entendam que em muitos casos é perigoso o agente dizer não.
  Como não temos a pena de morte um chefe do crime organizado que já está preso não tem mais nada a perder.
  Imagine eu sendo carcereiro, o bandido diz que se eu não lhe levar um celular seus comparsas lá fora podem fazer algum mal a minha família.

  Deduzimos que a comunicação de uma forma ou de outra irá ocorrer, isso não acontece só no Brasil.
  Sempre que não há pena de morte os líderes do crime organizado se “sentem livres” para praticar as maiores atrocidades.

  Mas vamos por enquanto esquecer os "profissionais" do crime.

  Digamos que um cidadão comum cometeu um crime.
  Vamos considerar algumas situações:

a) Dirigiu o carro embriagado, atropelou uma pessoa que veio a óbito.
Sua irresponsabilidade merece punição.
A pena é de 15 anos de reclusão.

b) Querendo uma grana “fácil” seu filho se presta ao papel de “mula” é preso com grande quantidade de drogas.
 Pena de 6 anos.

c) Uma esposa que nunca havia cometido nenhum crime, em um momento de raiva e ciúmes mata e esquarteja o marido.
  Sua pena é de 19 anos.

d) Algum funcionário público ou político usou o cargo para ganhar dinheiro ilícito.
  Sua pena é 11 anos.

e) O indivíduo desde a adolescência gostou de andar em “más” companhias, participou de um arrastão e foi preso por pequeno furto, mas provocou ferimento grave na vitima.
  Sua pena 2 anos.


  Preste atenção na pergunta.

  Você se satisfaz com a RECLUSÃO FÍSICA do indivíduo ou exige também sua RECLUSÃO MENTAL?

  Eu me satisfaço com a reclusão física.
  O corpo do indivíduo vai ficar em um presídio durante o tempo da pena.
  Eu não estenderia essa punição em retirar sua liberdade de expressão, o contato de sua mente com outras mentes; não o baniria mentalmente da sociedade.

  Antigamente quando prendíamos o corpo inevitavelmente a mente ficava presa também restrita a aquele mundo fechado do presídio.
  Em muitas cadeias é permitido ler livros … é um jeito do detento embora preso fisicamente experimentar alguma liberdade mental, visitar o mundo do autor do livro.
  Nas cadeias é possível escrever cartas, outra maneira de libertar um pouco a mente.

  Hoje em dia temos tecnologia para encarcerar fisicamente o indivíduo ao mesmo tempo que permitimos uma grande liberdade mental então pergunto mais uma vez.

  A punição de encarcerar um corpo te satisfaz ou você exige que a mente também seja encarcerada?
 (Essa é uma opinião muito pessoal, não tem a resposta certa ou errada.)

  A prisão do corpo me satisfaz então se o preso tem um celular e mantém contato com a esposa e filhos por mim tudo bem.
 Se tem perfil em uma rede social por mim tudo bem.
 Se o preso quer manter um blog, tudo bem.
  
  Não vamos deixar entrar notebook e Tabletes grandes, mas smartphones e Tabletes pequenos não vejo grande problema.

  Na "minha proposta" aparelhos particulares nem seriam permitidos, tê-los seria infração grave.

  Na prisão definitiva seria fornecido um aparelho padrão com configuração apropriada a ser definida.

 

 

  Privacidade na Internet é ilusão de muitos.

  Tudo pode ser rastreado e registrado.
  Assim como as cartas que os presos recebem e enviam podem ser abertas pelos agentes, toda comunicação nos presídios pode ser interceptada sem necessidade de autorização judicial.

  O uso indevido do celular acarretará um tempo na solitária (delito leve) ou transferência para presídio mais rígido onde não seja permitido celular (delito grave).

  É muito difícil apagar dados na Internet.
  O criminoso será muito trouxa se deixar esse tipo de rastro.

  Li essa noticia:

  “País precisa de R$ 10 bi para acabar com déficit prisional, diz CNJ”

[Estadão]

 


  Isso se construirmos presídios caríssimos; não vejo necessidade disso.
  A maioria dos presidiários não são de extrema periculosidade.
  Exemplo:
  A Suzane Richthofen cometeu um crime bárbaro, mas não faz parte de nenhuma facção criminosa.

  Muitos crimes são pequenos furtos, estelionato, agressão, não pagar pensão...

  São criminosos que não terão uma gang fora do presidio para tentar resgata-los.
  São criminosos que não faziam parte do crime organizado, logo, não comandarão nada de dentro da prisão.
  São criminosos que não tem como intimidar carcereiros ou se prestarão a cavar túneis.
 
 Vamos construir presídios baratos para os criminosos menos perigosos.
  Podemos delegar isso até a iniciativa privada.

  Acredito que prisões comuns podem abrigar pelo menos 90% dos presos.
  Os presos problemas, vamos dizer que sejam 9%, ficariam em presídios mais rígidos.

  E aqueles presos incorrigíveis que cometem crimes bárbaros?

  Vamos libertar sua mente, corpo e alma o devolvendo para Deus. (Pena de Morte)
 “Toma que o filho é seu.” 😊
  Se Deus não quiser que o mande para o capeta, eu não me importo.






    “O Estado de São Paulo, que concentra a maior população carcerária do País, com 233 mil pessoas, ainda não conseguiu chegar à metade da promessa feita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em novembro de 2013, de reduzir a comunicação entre presos com o bloqueio de sinal de celular nas unidades prisionais.

  Dos 166 presídios paulistas, 23, ou 14%, têm bloqueadores.

  Desde a instalação dos primeiros bloqueadores, em 2014, foram gastos R$ 22 milhões para implementar o sistema.”

 [Estadão]

 


 “Regulamentar o uso autorizado” de celulares nos presídios é algo bom.
  Estaria de acordo com o nosso tempo.

  Quando desenvolvemos a imprensa permitimos livros nas prisões.
  Quando desenvolvemos os correios permitimos cartas nas prisões.
  Quando desenvolvemos os televisores permitimos esses aparelhos nas prisões.
  Agora temos a Internet...

  Podemos testar isso em 10 presídios por 1 ano, acompanhar os resultados.
  Lógico que os presídios escolhidos não deve ter aqueles 10% de elementos mais perigosos.

  ➽Teoria do 8,3%






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