segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Tá Direito ou tá Errado?

  

 

 “Ter direito é uma coisa, ele ser justo é outra."

 

  Imagine que passou em um concurso público ou foi eleito para algum cargo politico.

  Entre outras coisas essas cláusulas estão no seu contrato de trabalho:


 Salário 10 mil.
 Direito a 20 assessores,
 Pode gastar com eles até 100 mil reais.

  A palavra chave para essa meditação é "direito".

  Pense bem, o cargo lhe dá acesso a uma verba de 100 mil, basta contratar quem você quiser.
  Essa verba já está contingenciada, se você não usar, ela será usada para qualquer outra coisa.

                                         

“Levantamento do portal Congresso em Foco mostra que um deputado federal dispõe de R$ 168,6 mil por mês entre salário e benefícios.
 
(Auxílio moradia, verba para contratação de funcionários e gastos com o gabinete).”
 ►O Povo

 

  O correto é contratar apenas o número de pessoas necessárias para o bom desempenho da sua função na empresa estatal.
  Porém ... tem essa possibilidade de ajudar 20 amigos/simpatizantes/correligionários.
  Não é ético, mas está dentro da lei.

  O “lado escuro” da sua personalidade fica matutando que 100 mil é uma soma considerável para simplesmente ajudar os simpatizantes, nem ao menos tem trabalho para todo mundo.
  Suponhamos que tem trabalho para 10.
  (Para facilitar os cálculos e visualização vamos aceitar que cada um dos 20 assessores receba 5 mil reais.)
  Os 10 que trabalham ficam integralmente com o salário.
  Os outros recebem os mesmos 5 mil, mas te devolvem metade do salário.
  Nessa estratégia “todos ganham”.
  (A grande perda é o mal uso do dinheiro dos impostos.)
  Você agrada 10 simpatizantes lhes dando emprego.
  Outros 10 vão ganhar 2500 sem nem precisar sair de casa.
  E você fora os 10 mil do seu salário ainda embolsa mais os 25 mil devolvidos pelos assessores.

  Esse esquema e tão tentador que até cidadãos de boa índole sucumbem.

  Só os de ótima índole resistem, esse tipo de pessoa não e muito comum, no Brasil e no mundo.

  Quanto menor a consciência ética do indivíduo mais ele utiliza a verba para encher o próprio bolso.

  Na Internet e no cotidiano todos os brasileiros se dizem de ótima índole, mas quantos abririam mão desse direito nem que se limitasse a ajudar amigos/familiares?
  
  Sou funcionário público e como em todo lugar políticos são muito criticados pelos companheiros de trabalho.
  Mas não vejo o funcionalismo abrindo mão de direitos por mais questionáveis que sejam.

  Vejam o caso do “ponto facultativo”.
  Funcionários públicos simplesmente emendam feriados sem desconto financeiro ou banco de horas.
  Minha esposa vai ficar essa última semana de 2018 em casa, todos os dias uteis não trabalhados serão descontados nas férias.
  Funcionários públicos que não trabalham em regime de turnos, também ficarão em casa, mas absolutamente nada será descontado.
  Fica como  “presente do contribuinte”.
 
  Outro exemplo:
  Tem pessoas que trabalharam um tempo como encarregadas, incorporaram o aumento ao salário, desistiram de continuar encarregadas (muito trabalho e responsabilidade), mas continuam recebendo o benefício a mais.
  Ganham como chefes, sem ter nenhum ônus do cargo.
  NÃO estão fazendo nada ilegal apenas utilizando da maneira mais vantajosa um direito presente no estatuto do funcionalismo.
  Onde eu trabalho é bem comum a pessoa que está chefiando ganhar menos, bem menos, que o chefiado.
  Tudo é uma questão de quando e como a pessoa entrou e que tipo de benefícios conseguiu.
  Houve um tempo que bastava concluir o segundo grau (supletivo) para ter substancial aumento.
  Ocorreu também da chefia poder dar “referências” (aumentos) para quem bem entendesse e as distorções foram aumentando.

  Depois que um benefício foi incorporado ao salário, criamos uma lei que não permite retira-lo mesmo que não tenha mais razão de ser.
  Como além de tudo o funcionário público tem estabilidade você encontra pessoas fazendo serviços bem simples com salários que nem pessoas bem formadas conseguem.

  O indivíduo “pode ser um mané” (não estou dizendo que é), mas caiu nas graças do diretor(a) certo ... conseguiu benefícios.
  Entenda que o dinheiro não sai do bolso do diretor ou eleito, sai da arrecadação de impostos.

                                             

 “Em abril de 2013, foram descobertos casos de nomeações secretas de garçons que passaram para o quadro funcional como assistentes parlamentares com remunerações similares àquelas de servidores concursados de nível superior.
  Na época, sete garçons ganhavam R$ 15 mil para servir os senadores em Plenário.”
 ►Notícias R7

 

   O governo Fernando Henrique acabou com muitas dessas “regalias” como concursos internos com cartas marcadas.
  Por isso é tão detestado.
  O PT não avançou nas reformas do setor público, mas também não retrocedeu o que em se tratando deles é algo a ser comemorado.
  O problema é que criaram mais cargos comissionados e estatais...
                                        
  “No rol de empresas estatais destaca-se uma que muitos brasileiros não a conhecem e quem sabe que ela existe não sabe para que serve.
  Trata-se da EPL – Empresa de Planejamento e Logística.
  Esta empresa estatal foi criada no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff para projetar, construir e administrar um Tem Bala que deveria percorrer um caminho de ferro de Campinas, em São Paulo até o Rio de Janeiro, em menos de duas horas.
  Um projeto fantástico.
  O Trem Bala foi um projeto para ajudar a reeleger Dilma e não passou de Sonho de Noite de Inverno.
  O Trem Bala não vingou, mas a empresa EPL sim.
  Está viva até hoje sem nada produzir.
  Com mais de 140 funcionários, técnicos e de planejamento de alto nível, custa milhões por ano aos cofres públicos.
  Produz nada!”
 
[Ivan Santos – Uberlândia Hoje]

 

  Uma das principais dificuldades para privatizar uma estatal é a estabilidade dos funcionários.
  A realocação não é fácil principalmente se o funcionário não quiser.
  Criar estatais é relativamente fácil nosso povo gosta e os políticos podem preitear cargos ... difícil é privatiza-las depois ou mesmo desativar.

  Concluindo essa meditação.

  Defendo que não devemos ficar esperando utopicamente que todos um dia sejamos santos com ótima ética.

  É mais eficiente repensarmos os direitos antes de legaliza-los.

  Sou a favor que políticos ganhem bem.
  No exemplo desse texto seria muito melhor pagar logo 50 mil.
  O que o cidadão fizesse com o dinheiro seria responsabilidade dele, aposto que o número de assessores seria mínimo.
  ►Repense

  Ter direito é uma coisa, ele ser justo é outra.

  Se deixarmos um direito disponível bastando apenas o indivíduo pedir, mesmo que não precise, ele vai pedir.
  Devemos evitar colocar qualquer um diante de muita tentação.
  Seja pelo "direito a regalias" ou "facilidade para se corromper".

  Essa lógica entra em sua mente?


   


  

  Manifestação grande causa errada.



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