😐 "Publicanos e Meretrizes terão prioridade para entrar no céu, está na Bíblia."
Um colega muito
religioso me disse isso, logo imaginei que ele tinha tirado do contexto.
Localizei a
passagem, vamos analisar.
Jesus estava ensinando no Templo quando se
aproximaram dele os principais sacerdotes e anciões do povo dizendo:
♚ Com que autoridade fazes isto?
E quem te deu tal
autoridade?
✞ Eu também tenho uma pergunta, se me
responderem eu direi com que autoridade ensino no Templo.
O batismo de João,
de onde era?
Do céu, ou dos
homens?
Pensaram entre eles
que se dissessem que o batismo de João veio de Deus, Jesus perguntaria porque
então não acreditavam em João Batista.
Se dissessem que o
batismo de João veio de homens temiam que o povo ali presente lhes fizesse
algum mal uma vez que consideravam João Batista um profeta.
♚ Não sabemos de onde vem o
Batismo de João.
✞
Se não me respondem também não direi com que autoridade ensino no Templo.
Mas, que vos
parece?
Um homem tinha dois
filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha
vinha.
Ele, porém,
respondendo, disse: Não quero.
Mas depois,
arrependendo-se, foi.
Dirigindo-se ao
segundo filho, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse:
Eu vou, senhor; e
não foi.
Qual dos dois fez a
vontade do pai?
♚ O primeiro.
✞ Em verdade vos digo que os
publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.
Porque João veio a
vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o
creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer.
[Mateus 21:23-32]
Publicano: Nome dado aos
coletores de impostos nas províncias do Império Romano.
Havia dois tipos,
publicanos gerais, que eram responsáveis pela renda do império perante o
imperador romano e publicanos delegados por estes em cada província.
Os publicanos
gerais “terceirizavam” o serviço para coletores de impostos da própria comunidade.
Meretriz: O mesmo que
prostituta.
Na minha análise
do texto não vejo nenhuma prioridade sendo dada a publicanos e meretrizes.
Ser coletor de
impostos ou transar por alguns trocados não oferece nenhuma vantagem para “entrar
no céu”.
As regras gerais
são as mesmas para todos.
Ao reconhecer o “pecado”
se arrependa e não continue no erro.
No caso dos
publicanos recolher impostos não era pecado, “Dai a Cesar o que é de Cesar”.
No caso das
meretrizes; “Vai e não peques mais.”
Como meu colega está
claramente equivocado vamos além da interpretação do texto, filosofemos um
pouco.
"EU" considero Jesus "injusto" em suas ponderações.
Não sei como queria
que todos tivessem certeza que ele era quem dizia ser ... filho unigênito do
criador de todo universo.
Tente se colocar
no lugar dos sacerdotes e anciões, limpe sua mente de tudo que veio a seguir.
Nós sempre
olhamos essas passagens bíblicas (e história da humanidade) daqui do futuro, onde temos conhecimento de como tudo se
desenrolou.
Assim fica fácil
fazer a “aposta vencedora”, condenar quem fez a opção “errada”.
Exemplo fácil.
Faz tempo que ficou provado que o planeta Terra é arredondado.
"Daqui do futuro" qualquer criança aprende isso na escola.
Mas há 2 mil anos esse era uma tem polemico, a grande maioria acreditava na Terra Plana e pelo conhecimento daquele tempo era um posicionamento bem racional, lógico...
Da mesma maneira, naquele
momento relatado na Bíblia, como ter certeza que João Batista era alguém
batizado por Deus!?
Como ter certeza
que Jesus era quem dizia ser!?
As escrituras desde de sempre
alertam sobre falsos profetas.
(Mesmo que façam
grandes prodígios)
Até onde lembro
João Batista não realizava milagres, era mais um bom pregador.
E os milagres de
Jesus?
Mais uma vez é necessário
que se transporte mentalmente para aquela época, aquele momento.
Naquele tempo não
havia jornal, rádio e televisão.
Peguemos o
milagre de Jesus andar sobre as águas.
Quantos
presenciaram isso!?
Alguns de seus
seguidores mais fiéis!?
Quero dizer que
por maior que tenha sido o milagre relatado na Bíblia ele sempre podia não
passar de um boato ou truque de mágica para quem não estava presente.
Até hoje é assim.
Quantos levam a
sério aqueles exorcismos mostrados na TV?
Mesmo quem já
teve algum familiar “possuído” não raro credita tudo a algum problema mental ou
coincidência.
Os sacerdotes tinham que reconhecer Jesus como
filho unigênito de Deus porque ele curava?
Mas outros
curandeiros realizavam esses prodígios, índios tinham seus pajés.
Jesus expulsava demônios?
Mas antes dele em
outras culturas há relatos de atividades “xamânicas”.
Concluindo com um
último exemplo:
Daqui do futuro é fácil criticar
Pilatos por ele ter lavado as mãos no julgamento de Jesus.
Mas que elementos
Pilatos tinha para arriscar sua posição no Império Romano!?
Se Jesus durante
o julgamento realizasse um simples milagre como levitar ou emitir uma forte luz
... Pilatos e todos os presentes ficariam impressionados e a história podia ser
diferente.
Mas naquele
momento Jesus parecia apenas mais um frágil aldeão, com muitos boatos a favor e
outros tantos contra.
Lembremos que a
gota d'água para prisão de Jesus foi ele atacar comerciantes que trabalhavam nos
arredores do Templo.
Até hoje isso da
cadeia.
Vai até a
Catedral de Campinas e agrida algum comerciante (formal ou informal)
do entorno.
Se eles mesmos não te detonarem, a policia te leva preso por vandalismo.
No caso de Jesus provavelmente conseguiram insinuar que estava conspirando contra o Império Romano, um "crime" mortal.
Não devemos “menosprezar” tanto os contemporâneos dos 12 apóstolos, as dúvidas que eles tinham sobre a “essência” de quem era Jesus são aceitáveis.
Até Pedro que
conviveu com Jesus teve dúvidas, só se converteu realmente depois da “ressurreição”.
(Quem não as aparições de Jesus é aceitável que pense em truque ou boato.)
Em meio a tantos
truques, boatos ... falsos profetas.
Como você
identificaria hoje um “filho unigênito de Deus?”
Imagine isso há mais de 2 mil anos...
.
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