Essa excelente matéria da BBC faz um resumo histórico interessantíssimo.
A principal lição para nós brasileiros (e argentinos) é que o Liberalismo Econômico não faz milagres.
Com Stálin, o Estado começou a controlar cada aspecto da vida política, econômica e social.
Aqueles que se opunham a suas medidas eram presos e enviados a campos de trabalhos forçados (os Gulags) ou executados.
Ainda que originalmente o plano era que a URSS tivesse uma sociedade democrática, em substituição à autocracia czarista, o bloco acabou tomando o caminho do autoritarismo, consolidado com a ascensão de Josef Stalin ao poder, em meados da década de 1920.
A Constituição soviética, adotada nos anos 1930 e modificada nos anos 1970, estabelecia que as regiões e nacionalidades estariam representadas em um parlamento conhecido como Soviete Supremo.
Na prática, porém, todas as decisões, incluindo a eleição do líder da URSS, ficavam nas mãos do Partido Comunista - mais precisamente um pequeno grupo de dirigentes poderoso, o Politburo.
Mikhail Gorbachev, o homem que ocupou a presidência da União Soviética entre 1985 e 1991, é um fator determinante para explicar o desmanche da superpotência - chegou ao poder como um reformista do sistema, mas terminou como seu "coveiro".
Quando se converteu em secretário-geral do Partido Comunista, em março de 1985, Gorbachev lançou um dramático programa de reformas para tentar equilibrar uma economia problemática e uma estrutura política ineficiente e insustentável.
Seu plano tinha dois elementos cruciais: a "Perestroika" e a "Glasnost" (respectivamente reestruturação e abertura, em russo).
A "perestroika" consistia em relaxar o controle do governo sobre a economia.
Gorbachev acreditava que a iniciativa privada impulsionaria a inovação, por isso permitiu que indivíduos e cooperativas fossem donos de negócios pela primeira vez desde os anos 1920.
E promoveu investimentos estrangeiros em empresas soviéticas.
Gorbachev concedeu aos trabalhadores direito de greve.
Já a "glasnost" consistia em eliminar os resquícios da repressão stalinista, como a proibição da publicação de livros de autores como George Orwell e Alexander Solzhenitsyn, e dar mais liberdade aos cidadãos soviéticos.
Gorbachev libertou presos políticos e permitiu que a imprensa publicasse críticas ao governo.
Ele também determinou a realização de eleições para o Legislativo e pela primeira vez permitiu que outros partidos políticos fizessem campanha.
BBC ☛ Reportagem Completa
Ele tinha sido apontado primeiro-ministro por Yeltsin, e, quando este renunciou, Putin assumiu a presidência interinamente, até a eleição geral, realizada em março de 2000.
O então semidesconhecido ex-agente da inteligência russa era o candidato presidencial perfeito por várias razões, apontam especialistas.
"Ele tinha a reputação de ser basicamente alguém que protegia seus chefes. Quando foi vice-prefeito de Moscou, ajudou o então prefeito (Anatoly Sobchak) e o colocou em um avião antes que fosse preso por corrupção", explica Mark Galeotti, acadêmico do Instituto de Relações Internacionais de Praga (República Tcheca) e especialista em criminalidade internacional e segurança russa.
"Putin era então um candidato relativamente jovem, dinâmico, mas, sobretudo, parecia leal."
Além disso, Putin era conhecido por cumprir suas promessas.
"Putin não perseguiria a Yeltsin nem tentaria prendê-lo, tampouco o culparia pelos fracassos da década de 1990", explica Ben Noble, professor de política russa da University College de Londres (UCL).
Putin foi, então, eleito. Mas sua popularidade só viria depois, segundo Noble, por seu pulso firme na segunda guerra da Chechênia, entre 1999 e 2009, quando começou a ser percebido por grande parte da população como um indivíduo forte que estava "retomando o controle" de Moscou sobre os rebeldes chechenos — e isso foi percebido como um ressurgimento do poderio do Estado russo.
Um segundo elemento que ajudou Putin a se consolidar no poder foi a melhora nos padrões de vida na Rússia.
"O crescimento econômico durante a década de 2000 foi o principal impulsor da popularidade dele. Entretanto, acho que, se por qualquer razão, Yeltsin e seus aliados tivessem alçado outra pessoa ao poder, ela também teria se beneficiado de uma alta popularidade graças à rápida recuperação econômica depois da recessão da década de 1980", sustenta Gel'man.
BBC
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