“Muitos usam a estatística como os bêbados usam postes, mais para apoio do que para iluminação.”
[Andrew Lang]
Gosto de ler
dados estatísticos, são mais confiáveis que a “psicologia”.
Estava lendo uma
matéria na Revista Veja sobre a morte de policiais no Rio de Janeiro.
Foram 97 mortos
em 2017 ...até Agosto!
Toda reportagem
gira em torno desse número, realmente é uma tragédia.
Aqui no Blog
gosto de ir nas entrelinhas que ninguém lê.
Lá no meio da
reportagem tem o número de pessoas mortas pela polícia do Rio, cerca de 500
pessoas!
Evidente que no
meio desses 500 civis mortos há gente inocente que estava no lugar errado na
hora errada.
Porém acredito
(quero acreditar) que 99% realmente sejam bandidos que entraram em confronto
com a polícia e "felizmente" levaram a pior.
Boa parte dos brasileiros
são contra a pena de morte sem perceber que ela
é aplicada de maneira selvagem no Brasil.
Se a pena de
morte fosse aplicada de maneira civilizada contribuiria para redução da criminalidade no Brasil?
Aposto que sim.
Com ela eliminaríamos
os generais, aqueles que (dentro das prisões) comandam as facções criminosas que se tornaram "exércitos".
Todo tipo de
organização tem uma cúpula ditando a direção (boa ou má).
Eliminar a cúpula
não elimina necessariamente a organização, mas a desarticula bastante.
Eliminar um
general da bandidagem evita que eliminemos 500 soldados do tráfico.
Se Hitler tivesse
sido morto em 1940, dificilmente teríamos uma guerra mundial que se estendesse
até 1945.
Comando Vermelho
ou PCC seriam tão articulados se sistematicamente, por meios legais, eliminássemos
seus líderes?
O exército de
bandidos que promove essa guerra civil estaria tão poderoso?
Minha aposta é
que não.
Paralelo a isso
precisamos construir presídios, pelo menos 2 milhões de vagas.
Para uma
população de mais de 200 milhões é uma projeção bastante otimista.
Prenderíamos
menos de 1% da população.
Perceberam?
Infelizmente o link para reportagem não esta disponível, mas ao destacar só um dado estatístico, a morte de policiais, a matéria apoia a ideia que esta havendo um massacre desses profissionais.
Analisando outros dados (buscando a "iluminação") vemos que a morte de policiais esta dentro de um contexto de muita violência urbana.
Se diminuirmos a impunidade através de um judiciário (leis) mais eficiente a violência urbana diminui e a diminuição da morte de policiais será uma das consequências positivas.
Na revista Veja li outra matéria exaltando o sucesso da adoção das cotas no Brasil.
Mostrou pessoas que graças a ter frequentado uma Universidade melhoram bastante de vida.
Sem sistema de cotas as boas oportunidades não teriam surgido para elas.
No final só falta a reportagem escrever em letras garrafais uma mensagem as pessoas que iguais a mim são contra as cotas.
CHUPEM SEUS REACIONÁRIOS!
“Passados quinze anos do empurrão
inicial e cinco da obrigatoriedade por lei, as previsões catastróficas não se
confirmaram, e o balanço é mais positivo do que se imaginava.”
[Revista Veja]
Antes de prosseguir
deixo claro que aceito cotas em Universidades públicas para pessoas que estudaram
em escolas públicas, até o máximo de 50% das vagas.
Fora disso não consigo
defender nenhum outro tipo de cota.
Seria mais ou menos assim, só para visualização.
50% das vagas
ficariam com os melhores classificados independente de qualquer coisa.
A outra metade
seria reservada para os melhores classificados da escola pública.
Vou tentar me fazer entender...
Cursos
universitários custam caro, por isso, com raras exceções no mundo, mensalidades são cobradas até em universidades publicas.
Nos países mais “civilizados”
o aluno esforçado, talentoso que através do mérito tem boa pontuação consegue bolsa de estudos na medida da sua
necessidade.
No Brasil não,
universidade pública é sinônimo de universidade “grátis” (paga pela
sociedade).
Com isso o número
de vagas fica ainda mais limitado uma vez que depende diretamente da arrecadação
de impostos.
Vamos trabalhar
com números bem reduzidos para facilitar a visualização.
Temos 100 vagas
anuais em nossas universidades públicas e 500 pessoas dispostas a cursa-las.
Não tem jeito,
400 terão que tentar no próximo ano.
É colocado uma
cota racial.
30% das vagas são
separadas para cor de pele.
No geral a vaga
por mérito é reduzida para 70.
O garoto branco,
esforçado, competente tinha em disputa 100 vagas agora tem 70.
As coisas ficaram
bem mais difíceis para ele.
O garoto
conseguiu a colocação de número 80 o que lhe daria direito a vaga, mas um índio
ou negro que foi menos bem no teste vai ficar com ela.
As variáveis são
muitas, mas para nossa meditação vamos dizer que 15 bons alunos brancos e pobres
perderam a vaga só por sua cor de pele.
Preste atenção na
minha pergunta:
Quem está entrevistando esses garotos brancos excluídos ou os familiares deles?
Depois de 2 anos
de tentativa sem sucesso e altos gastos essas pessoas podem desistir de cursar
uma faculdade.
A garota branca
que sonhava em cursar medicina vai continuar balconista.
O garoto branco
que sonhava em ser engenheiro, vai continuar repositor de supermercado.
O “loirinho”
diante de tanta dificuldade pode seguir pelo caminho “mais fácil” da
criminalidade.
Veja bem, 15
estudantes pobres brancos foram melhor no teste, mas tiveram seu “destino”
alterado em nome de uma “dívida histórica”.
Quem tem 18 anos
(2017) nasceu em 1999.
Lembremos que a
abolição dos escravos ocorreu em 1888.
O jovem branco está
sendo penalizado por uma situação ocorrida 1 século antes do seu nascimento!
Lembremos também que
a escravidão não foi uma “invenção” brasileira nem portuguesa.
Africanos tinham
essa cultura, árabes tinham essa cultura ... o hebreu Abraão tinha escravos com
a benção do Deus Bíblico.
O passado passou.
O que podia ser feio contra a escravidão foi feito.
Foi tornada crime.
Sempre que aparece uma "situação análoga" o combate depende da eficiência do nosso poder judiciário...
Mas apoiados em dados estatísticos "tendenciosos" achamos por bem criar um sistema de compensação por "dividas históricas".
A matéria da Veja alardeia estatisticamente que quem ganhou benefício das cotas está melhor.
Como poderia ser
diferente!?
Minha filha por
ter pai negro estuda de graça em uma boa faculdade.
O filho do vizinho
por ser branco perde a vaga na mesma Universidade.
Daqui 5 anos
minha filha se forma pela Unicamp e o filho do meu vizinho ... 😞
Quem se
importa com ele?
Quem vai ser o chato de colocá-lo em alguma "estatística reacionária"?
Essas são colegas de trabalho, Nitty e Alessandra.
A revista Veja colocou muitos rostos em suas “estatísticas” eu também quis colocar na minha.
Alessandra é pobre, tem filho adolescente, quando a mídia vai entrevistar ela e seu filho branco e pobre sobre o sucesso das cotas?
Textos complementares:
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