Por enquanto, só o meu pai está lá.
É um cemitério particular.
O cemitério público fica bem mais próximo no centro, mas eu não faço a menor ideia de quanto aquilo custa para os moradores de Diadema.
Eu tenho o número de mortes do IBGE, mas não tenho a menor ideia de quanto isso custou para o bolso do contribuinte:
2022: 1.479.022
2021: 1.757.150
2020: 1.485.170
2019: 1.290.756
Pelo que eu sei, a Vale da Paz não vende mais jazigo.
Você pode alugar por dois anos, e depois o defunto é ensacado e ajuntado com outros sacos num depósito de ossários; não sei como funcionam os cemitérios públicos.
Já no sistema público, eu não tenho a menor ideia.
Eu não sei como funciona o dia 02 de novembro, onde um monte de gente leva flores.
Eu levo flores para o meu pai já faz 35 anos, já o brasileiro comum não sei por quanto tempo ele pode levar flores ao cemitério público.
(Frank Hosaka)
Se alguém pedisse para eu ir até o tumulo da minha mãe ou pai eu não saberia.
Teria que pedir ajuda a alguma de minhas irmãs.
Sei que minha mãe está no Cemitério da Saudade, não sei exatamente onde.
Meu pai ... nem sei o nome do cemitério.
Também duvido que depois de tanto tempo seus ossos ainda estejam lá.
De qualquer forma.
Biologicamente não tem mais nenhum “pai ou mãe” esperando minha visita.
“Espiritualmente” ... é extremamente ilógico (mesmo como hipótese) acreditar que depois que desencarnamos passamos a ficar presos aos nossos restos mortais por toda eternidade.
(Ou até o dia do "juízo final" dependendo da crença de cada um.)
Resumindo:
Eu, William Robson, não tenho absolutamente nada a fazer em um cemitério.
Nem ao menos quero velório pra mim, ou ser enterrado.
Assim que eu morrer, gostaria de ir direto para o crematório, o que sobrar pode ir para o lixo comum.
Tanta gente já me chamou de lixo, que seja cumprido o meu destino... que aliás é o de todos nós.
Voltar ao pó.
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