terça-feira, 25 de junho de 2013

Dr. Morte

 “Estou entediado com tudo isso”.
[Winston Churchill]

Últimas palavras antes de entrar em coma e morrer nove dias depois.

  “Não aguenta mais a rotina da escola, trabalho ou família?   
   Agarre esta oportunidade, sentir TÉDIO tem seu lado bom...





  Quando fui Presbiteriano ouvi alguns sermões interessantes, em um deles o orador perguntou a audiência:

  O que mais traz fiéis para igreja/religião?

  As pessoas disseram de tudo, do poder da oração, passando pela evangelização, mas a conclusão geral foi que a conversão é um chamado irresistível de Deus.
  A doutrina Presbiteriana é Calvinista e como sabem Calvino defendia o predestinação.

  Na onisciência de Deus ele já sabe quem será salvo ou se perderá, já está determinado.
  Meio que contrariando a doutrina, ou melhor dizendo, usando uma licença poética/discursiva.
  Para surpresa de todos o orador disse que o que mais faz as pessoas se aproximarem da igreja é o MEDO DA MORTE.
  Ele se explicou melhor e disse que não estava falando da salvação, mas das pessoas participarem de alguma religião.

  Ele fez até aquela piada recorrente onde ateu só é ateu enquanto está forte e saudável, basta algum problema mais grave para ele gritar glória a Deus!

  Nas minhas observações, nos povos mais civilizados, o grupo de humanos “sem religião” é o que tem tudo para crescer cada vez mais.

  As pessoas acreditam cada vez menos nessas histórias de inferno eterno e dependendo da situação A VIDA ASSUSTA MAIS QUE A MORTE.

  Há algum tempo atrás vi a interessante história de Jack Kevorkian, um médico americano que ajudava as pessoas a morrerem.
  Não tenho dúvidas que se esse procedimento fosse legalizado milhões adeririam a ele.

  “Kevorkian admitiu ter ajudado mais de 130 pessoas a se suicidar, mas insistiu em afirmar que não havia matado ninguém diretamente.”
  No julgamento, Kevorkian dispensou o advogado que o havia defendido nos casos anteriores e insistiu em se defender pessoalmente.
   Quando o juiz decidiu que a viúva e o irmão de Thomas Youk não podiam depor como testemunhas, Kevorkian ficou sem argumentos de defesa e foi condenado pelo júri por homicídio simples a 25 anos de prisão, mas com direito a liberdade condicional a partir de 2007, por causa de sua idade avançada.

  Vejo muitos religiosos dizendo que venceram o medo da morte tendo Fé em Jesus, no entanto se apegam hipocritamente a cada restinho de vida.
  O cidadão está ali em uma péssima qualidade de vida, mas não larga o osso.
  Admiro muito esses cidadãos que realmente venceram o medo da morte usando a LÓGICA, chega um momento que as dores da vida superam em muito o prazer.

  De tempos em tempos gosto de incentivar os Livres Pensadores a pensarem profundamente em sua própria morte.

  O medo da morte reflete em nossos medos da vida nos prendendo a DOGMAS.
  Pense em você definhando em uma cama dependendo de terceiros para tudo.
  Se é o caso de uma diabete as restrições alimentares são terríveis, o prazer de comer se perde.
  Depois de uma certa idade, mesmo que você tenha muito dinheiro para intervenções plásticas a beleza já ficou em algum lugar distante do passado.
  Seus pais morrem, seus filhos crescem, o corpo reclama de tudo e mais um pouco...



  Entendo a dificuldade das pessoas em aceitar esses conceitos.
  Aqui e agora estou forte, com saúde, tenho uma vida satisfatória então a morte me parece algo terrível que não quero nem pensar.
  Mas vejo pessoas sofrendo muito em uma qualidade de vida que só tende a piorar e sei que meu dia nessa situação chegará.

  Não tenho grandes problemas de saúde, de vez em quando pego aquelas gripes fortes.
  Vou falar para vocês, é suportável porque sei que é passageiro, em uma semana estarei com minha saúde de volta.
  Se a gripe fosse fazer parte da minha vida sem esperança de cura seria muito fácil para eu solicitar a ajuda de um Dr. Morte.

   Entretanto o irmão da Presbiteriana estava certo, nada nos aproxima mais das religiões que o medo da morte, ao perder o medo da morte fazer parte de uma igreja perde muito do sentido.

  Podemos frequentar uma religião para fazer parte de um grupo, mas o medo da morte não é mais o que nos move.

  



  “Quem se declara como sem religião é, sobretudo, jovem, com idade média de 26 anos.
  Eles NÃO rejeitam valores religiosos, mas sim a institucionalidade ou até mesmo a mediação de sacerdotes ou de uma igreja.”


Obs: “Sem religião” NÃO é sinônimo de ateu.






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