quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Defendendo Direitos

    A mulher vítima de estupro deve ter o direito de NÃO gerar uma criança fruto desse CRIME.
[William Robson]




   “Representantes de seis entidades religiosas reuniram-se (17/07/2013) com ministros para pedir veto presidencial ao trecho de projeto de lei que obriga os hospitais a prestarem serviço de "profilaxia da gravidez" em mulheres vítimas de violência sexual.
  As entidades entendem que o termo abre brecha para médicos realizarem o aborto nas pacientes.
   Representantes do Ministério da Saúde, que também participaram da reunião, defenderam a nova lei, dizendo que a "profilaxia da gravidez" refere-se ao uso da chamada "pílula do dia seguinte", que apenas evita a fecundação, sem poder para interromper uma gestação.”

  Mesmo que a droga Levonorgestrel (pílula do dia seguinte) fosse abortiva ainda assim eu defenderia seu uso.

  No mundo ideal sonhado por religiosos estupros não aconteceriam.
  “Deus” impediria todos provocando um ataque cardíaco fulminante no agressor ...
  Religiosos através de orações tem todo direito de pedir ao seu deus de preferência que ele impeça crimes.
  Mas quando deus não age dando o “livramento”, nós criaturas temos que lidar com essa situação.

  Vamos meditar sobre ela.

  Para cidadãos "responsáveis" a decisão de ter filho é algo bem complexo mesmo com a pessoa que amamos.

  Pensamos na nossa capacidade de dar uma boa estrutura emocional e financeira a essa nova vida e se nos sentimos preparados.

  Em caso de grande duvida preferimos adiar essa decisão, alguns adiam tanto que a paternidade/maternidade nunca chega a acontecer.

  Uma mulher é atacada por um criminoso e o Estado/Sociedade quer obriga-la a levar adiante a gestação!?

  Alguns dirão que ela pode dar a criança para adoção.
  Não é tão simples assim, lembre-se que estamos falando de uma mulher de bem, uma de “nós”.

  Durante o tempo que essa criança estiver se desenvolvendo no ventre da mulher nós podemos considerar que duas situações aconteçam...
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  Antes de prosseguir, pela enésima vez:

   NÃO ESCOLHEMOS O QUE SENTIR, PODEMOS ESCOLHER COMO AGIR.

  Não temos como nos obrigar a “amar ou odiar” uma situação ou pessoa.
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Situação 1:
  A mulher tem um sentimento muito negativo em relação ao feto, é como se tivesse gerando um "Alien" dentro de seu ventre, a cria de um monstro.

  Para mulher sem dúvida trará traumas terríveis, maior até do que foi o estupro em si.


  É uma situação de muito sofrimento o qual não tenho argumentos para defender ... “pimenta no olho do outro é refresco”.
  Quando medito me coloco no lugar da pessoa, sou dominado pela empatia.
 [Capacidade de se projetar em outra pessoa, sentir o que ela esta sentindo]

 Uma criança muda tudo na vida de uma moça que esteja estudando, uma grande carreira profissional e independência financeira podem ser sacrificadas.
 Seus relacionamentos amorosos ganharão um enorme complicador, o pretendente terá que carregar uma enorme bagagem extra que por vezes desencoraja um relacionamento mais sério.

  Sou empático com o feto também entretanto ... tudo é muito subjetivo.

  Não podemos descartar a hipótese de que esse sistema nervoso sendo bombardeado com sentimentos de tanta rejeição de alguma forma seja afetado negativamente.
  Essa criança nascerá em uma situação no mínimo muito constrangedora, sem pai e com uma mãe que sempre que olha-la lembrará de um crime.
  Não sejam hipócritas, ser adotado não é uma solução simples e fácil, os orfanatos estão lotados.
  Por um bom tempo os religiosos católicos acolheram crianças rejeitadas, até eles desistiram...

   “A história de paulistanos deixados na roda dos expostos da Santa Casa
  Dispositivo que operou de 1825 a 1950 recebeu 4 696 crianças abandonadas pelos pais.”
  [Veja]


Situação 2:
  Mesmo sendo fruto de um ato criminoso, durante a gestão alguma simpatia pelo feto pode acontecer, lembrem-se que estamos falando de uma mulher de bem e não do indivíduo criminoso com sua falta de respeito pela vida dos outros.
  Esse "bom sentimento" de certo não irá diminuir todo trabalho de criar um filho...vamos a uma ilustração mental:

  Eu não idolatro cães, não tenho e não desejo ter em casa, mas sou uma pessoa de bem e se por algum motivo eu fosse obrigado a ficar com um cãozinho ele seria bem tratado.
  Não lhe faltaria o que comer, o que beber, teria boas condições de abrigo, seriamos até "amigos".
  Minhas filhas pediram tanto um bichinho de "estimação" que minha esposa me enfiou goela abaixo uma calopsita.
 [Nessa hora eu queria ter argumentos para defender que a mulher fosse submissa ao homem ☻]

  EU DETESTEI A SITUAÇÃO (Não escolhemos o que sentir).
  A avezinha andava livre pelo apartamento e defecava em todo lugar, uma sujeira difícil de tirar do chão, manchava tapetes.
  Não sei o que era mais irritante a sujeira ou o barulho, ela ficava piando por horas a fio sem cansar.
  É bem chato você estar assistindo um filme ou lendo uma revista com um persistente e agudo piu, piu, piu ... ao fundo.

  Ela gostava de ficar encostada no meu pé algo muito desagradável, no início até me assustava por me pegar desprevenido, eu estava absorto escrevendo, assistindo ou lendo e de repente algo estranho roçava meu pé.
  Não gosto muito de contatos físicos (não escolhemos o que sentir) ainda mais com “animais”.
  Agredir a calopsita é impensável para mim.
  Tinha que mudar de cômodo e fechar a porta senão ela literalmente não largava do meu pé ☻.
  Eu sentia algo no meu pé já pensava.
  É você satanás?
  Falando assim parece engraçado, mas garanto que viver a situação era irritante/estressante.
  Não poder ficar em paz na sua própria casa por motivos totalmente alheios a nossa vontade.
   Por vezes eu “gritava” a filha mais próxima e ela já sabia que era para recolher a calopsita.
  A sujeira que a ave fazia em casa começou a incomodar minha esposa que decidiu comprar uma gaiola, coisa que eu detesto, ver animais presos me afeta negativamente.
  Para a ave não ficar muito tempo presa eu sacrifiquei a sacada.
  A gaiola ficava aberta, mas a porta da sacada ficava fechada dando mais espaço para calopsita, mas não liberdade para ficar andando por toda casa.

  Sejam empáticos comigo.
  Observem que é trabalho, trabalho e mais trabalho, uma simples ave mudou bastante a rotina da casa.

  Apesar de tudo minha esposa e filhas adoravam a calopsita e eu...a achava simpática.

  Esse tipo de ave [ficamos sabendo depois] nos primeiros meses tem uma taxa de mortalidade bem alta e minha filha ao acordar de manhã e ir falar bom dia para calopsita a encontrou inerte.
  Foi um triste dia para nossa família...
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  É senhoras e senhores, é preciso viver e viver não é brincadeira não.

   Trazer uma vida ao mundo NÃO É BRINCADEIRA NÃO.

  Se uma mulher acredita que toda vida [mesmo surgida de um crime ou descuido] é um "presente de Deus"...tem todo DIREITO de pensar assim e levar a gestação até o fim, assumir o B.O de criar um filho nessa situação.

  [Veja bem que eu disse "assumir o B.O de criar" e não deixar para outros criarem.]

  Não, não estou querendo tirar o direito de pessoas que pensam assim.
  Estou defendo o direito de pessoas que pensam como eu, não devo me obrigar a sofrer pelas consequências de um crime do qual eu fui vítima.
  Pensem bem, minha esposa ou filha é estuprada e eu tenho que ter os melhores sentimentos em relação a criança que irá nascer!

  O argumento que usam é que não estou pensando no direito da criança, acontece que ela até o terceiro mês não tem consciência de nada diferente de mim que tenho consciência de tudo.

  “Eu defendo o direito” de toda criança nascer de um casal que lhe dê boas condições de VIDA e que a desejem com muito AMOR.
  Não tem nada mais precioso nesse mundo que ser recebido por pais que te desejem.

  Se for para nascer em situações muito desfavoráveis... é melhor NÃO NASCER.

  É o que a Lógica me diz, é o que eu SINTO.






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